Redescobrir o mar – Tempo para os mais novos

Recai sobre os ombros dos mais jovens a tentativa de salvar um planeta que se tornou pequeno demais para todos nós.
Os oceanos, enquanto depósito último de todos os lixos, orgânicos e inorgânicos que produzimos, irão ser aqueles que mais irão sofrer com a nossa insanidade.
As catastróficas atitudes praticadas por todos nós, todos os dias, terão um custo tremendo para as gerações vindouras. Aquilo que deixamos de herança são problemas que não serão resolvidos apenas em algumas dezenas de anos.

Deixando de parte que o maior produtor de oxigénio do mundo não são as árvores, mas sim as algas marinhas, e que sem oxigénio, a vida como a conhecemos deixa de existir, aquilo que estamos a fazer é tentar acabar com tudo, o mais rápido possível. A poluição dos mares chegou a um limite que é um perfeito absurdo. No Oceano Pacífico existem duas ilhas de lixo humano. Em conjunto, estas ilhas são maiores que os Estados Unidos. Isto não é alarmante?
O mar Mediterrâneo é o mais poluído mar da Terra. Falamos de 15 milhões de toneladas/ ano, que são vertidas sobre um espaço que já foi um mar azul e limpo. Os romanos chamavam-lhe pomposamente “Mare Nostrum”. Duvido que hoje o quisessem para si, com tanto empenho.


As poças de maré são os primeiros sítios a ser explorados. Mesmo aí, e sabendo procurar, há uma profusão de vida que poucos imaginam. 




A primeira vez que um jovem baixa da cota zero, assim que rompe a superfície, descobre um mundo novo, algo de mágico, que atrai, que cativa, que chama.
A cor azul preenche os seus olhos e invariavelmente quando chega de novo à superfície, é outra pessoa. 


Um mergulho no azul do mar, …enquanto é possível. Um jovem que baixa à procura de algo mais que lixo. O azul marinho ainda está lá, mas em cada vez menos lugares.


De onde vem a cor azul do mar? A luz do sol bate na superfície do oceano e os seus raios são reflectidos de volta para a atmosfera. Parte dessa luz que entra é absorvida e confere esta tonalidade. Em zonas mais carregadas de sedimentos, ou de fitoplancton, o azul pode tornar-se verde, ou castanho, dependendo daquilo que se junta à água no seu estado puro. À medida que descemos na coluna de água, vamos assistindo ao desaparecimento das cores. O vermelho, perto dos 10 mts, e o azul, no fim de tudo. Em zonas muito pouco poluídas, é possível que penetrem raios de luz até cerca dos 1000 metros de profundidade. A partir daí, é o escuro, o breu absoluto.


Os peixes e as suas cores. Aqui um peixe rainha, açoriano.


Uma castanheta olha meio desconfiada um estático ouriço negro.


As salemas, porque vegetarianas, são forçadas a comer todo o dia. A sua dieta é pobre em nutrientes e a isso obriga estes sempre numerosos cardumes de peixes.


As crianças olham extasiadas para as formas estranhas de uma estrela do mar. Trata-se de um carnívoro, e, embora lento,  muito eficaz na procura de comida.


Zonas baixas são bastante convenientes para quem começa a dar as primeiras braçadas na água. O mergulho é uma consequência da curiosidade nata da juventude.


Com um instrutor qualificado, e só dessa forma vale a pena fazê-lo, a paixão pelo mar é algo que nunca mais morre. É muito importante que o jovem entenda as regras de segurança, as compensações de ouvidos, os tempos de apneia, em suma, tudo aquilo que pode fazer a diferença entre uma boa e uma má primeira experiência de mar.
Na pesca à linha é idêntico: a primeira vez deve ser orientada por quem sabe, para que o jovem sinta que tudo aquilo que lhe parece difícil, pode afinal tornar-se muito fácil, caso se sigam as normas básicas.
A primeira experiência é decisiva….
Na GO Fishing Portugal fazemos todos os anos algumas dezenas de “batismos de mar”, saídas de pesca para jovens que saem pela primeira vez.
Umas vezes com os pais, (com menos de 10 anos), outras sem, mas a verdade é que da parte das crianças a reacção é perfeitamente idêntica, uniforme e inequívoca: voltam a casa com os olhos a brilhar!


Vítor Ganchinho



3 Comentários

  1. Olá Vítor, não sabia da existência desse "batismos de mar", tenho cá por casa uma curiosa de 8 anos que de certeza que gostava de ir. Há algum sítio onde são divulgadas as saídas? Isto quando a pandemia deixar claro, esperemos que para breve :)

    Abraço

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    1. Bom dia Ricardo Nós levamos muitos miúdos ao mar, especialmente na época de Verão, naqueles dias de mar muito calmo, sem vento. Eles adoram, porque são confrontados com a execução de uma série de tarefas, desde serem capazes de descobrir peixes na sonda, de lançarem para o fundo para os pescar, de os libertarem de novo, etc. Também falamos sobre as marés, correntes, vento, e as razões de os peixes estarem deste lado e não daquele.
      Claro que vão pescar uns peixes fáceis, tipo cavalas e carapaus com jigs, ou uns pampos com isca. No fim do dia, levam uns filetes para casa, e a mãe faz uma massinha de peixe com capturas feitas por eles. Ficam todos inchados de terem conseguido alguns peixes.....
      O processo é simples, basta fazer a inscrição, até mesmo utilizando o formulário dos cursos de LRF, e aguardar um contacto por parte dos nossos serviços, que, assim que houver condições contacta. Se não houver disponibilidade, tenta-se noutro fim de semana a seguir....
      até ser possível. Com 8 anos já implica a presença do pai ou da mãe, e por isso são feitas duas inscrições. O pai ajuda e claro que terá também a possibilidade de durante algum tempo tentar algo mais difícil, um pargo com jig, algo assim....

      Abraço
      Vitor

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    2. Obrigado Vitor, pela descrição parece o ideal para alimentar a natural curiosidade dos pequenos, com o bónus de trazerem o jantar e umas histórias para contar aos colegas na escola.

      Vou enviar então um e-mail, e espera-se um bom dia para a filha fazer batismo de mar, e bons dias para o pai ir ao pargos com jigs.

      Abraço

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