Não esperem peixes a rodos, não esperem caixas cheias de pargos, de robalos, de sargos, porque os profissionais andaram por aí.
Enquanto estivemos confinados, houve quem fosse lançar redes nos pesqueiros onde gostamos de ir pescar.
A pesca profissional, pese alguma acrescida dificuldade em vender o peixe capturado, e uma ligeira inflexão nos preços do peixe, fez o que costuma fazer: retirar peixe das pedras.
Quando se captura peixe à rede, numa base diária, não se podem esperar milagres.
Para nós, vai haver o pouco peixe do costume, difícil como de costume, e a exigir de cada um de nós uma técnica apurada, trabalho, e equipamento adequado.
Tudo o resto continua na mesma: o mar está lá, difícil e suado, exactamente como estamos habituados, como gostamos dele.
Mas ainda assim, …estamos livres, podemos finalmente ir pescar de novo! E isso já é uma boa noticia.
Já podemos bater as asas e sair para o largo, tal como as nossas gaivotas fizeram todos estes quatro meses. Porque para elas não há Covid, há sim uma luta diária pela sobrevivência.
Não é o nosso caso. Se lutamos por algo, é pela nossa sanidade mental, por termos finalmente a possibilidade de lançarmos as nossas linhas, de disfrutar de uma brisa de ar fresco na cara, uns pingos de água salgada nas mãos.
É tempo de pescar! Bem ou mal, com mais ou menos peixe.
Como dizer que esta gaivota é da Ericeira, se ela é livre e pode ser do porto de pesca que ela quiser?
É levantar voo, bater as asas e ir por aí, algures, à procura de um peixe. Não é mesmo isso que todos nós fazemos?
Vítor Ganchinho