Ir ver os bichinhos...

Falem-me das Maldivas, das Seycheles, das Caraíbas, e eu falo-vos no Banco D. João de Castro, do Gorringe, das Selvagens, de Porto Santo e tantos outros lugares mágicos que nos enchem os olhos de felicidade.
Portugal é um país absolutamente privilegiado pelas condições naturais que oferece a quem teve a sorte de nascer deste lado.
Podemos orgulhar-nos de contar com lugares absolutamente fabulosos, e não os valorizamos o suficiente. Porventura nem sequer os conhecemos. Não sabemos que existem, ou se sabemos, parece-nos que estão demasiado longe, que nos são inacessíveis. Não é o caso.

Trago-vos hoje uma proposta diferente, de turismo de família, de ir ao mar dos Açores com uma empresa que tem muita experiência, que sabe fazer, e com a qual é muito provável que uma viagem de poucas horas seja motivo de conversa para meses.
A Picos de Aventura, uma super-organizada empresa de turismo marítimo sediada em S. Miguel, a operar desde 2003, torna possível o milagre de encontrar estes colossos do mar. Quando o barco sai para o largo, sai com a ansiedade e esperanças de algumas dezenas de pessoas que anseiam por ver algo que nunca viram na vida. E não é fácil concretizar esses sonhos, os animais marinhos não estão propriamente “estacionados” a aguardar a visita de alguém.
Na imensidão do mar, seria quase impossível encontrá-los, não fora o tremendo trabalho de equipa dos vigias, que monitorizam os vários quadrantes de mar a partir de terra, utilizando antigos postos de observação dos caçadores de baleias.
Passam a informação a quem conduz a embarcação, auxiliando o skipper e a bióloga na procura dos cetáceos numa determinada área.
Uma saída de mar de um barco nas mãos do meu amigo Pedro Miguel, é diversão garantida. Ele sabe o que faz.
A bióloga Natalia Pérez, uma simpática representante das ilhas Canárias, já há dez anos a trabalhar nas águas dos Açores, explica em detalhe a todos os ocupantes do catamaran quais as espécies avistadas, e fotografa com a qualidade que podem ver neste texto.
Acreditem que é francamente difícil fazer fotos de animais que quase nunca nos dão mais do que uma cabeça, uma barbatana ou uma cauda. Eu já o tentei muitas vezes, temos cetáceos na nossa costa aqui, no continente, e é francamente difícil conseguir boas fotos, tirando os nossos queridos golfinhos, que nos dão todo o tempo do mundo e proximidade suficiente para conseguirmos uma boa imagem.
Sabemos que o mar nem sempre é complacente com os nossos desejos. Caso as condições de vento e ondas não sejam as melhores, pode sempre fazer em terra um passeio pelas levadas, em cenários de cortar a respiração.
Os Açores são muito bonitos e a ilha de S. Miguel em particular, do melhor que se pode ver por esse mundo fora.
E comer bem, é ali, sem dúvida!....experimentem um bife de novilho na Associação de Produtores, em Rabo de Peixe, uma posta de atum grelhado com sementes de sésamo, um ananás colhido por vós numa estufa, e vão entender o que vos digo.


Magnífico momento de descida aos abismos de um cachalote, à procura das suas lulas. Este cetáceo pode atingir os 18 metros, e saibam que um dente seu, com 8 a 20 cm de comprimento, pode pesar…1 kg.

Comparado com a baleia azul, é um animal pequeno, que “só” pesa 52.000 kgs, e nasce “apenas” com 4 metros e cerca de 1 tonelada. Um bebé de colo. Trata-se de uma espécie que se julga ter feito a sua evolução em condições ambientais muito estáveis, dado que apresenta uma taxa de natalidade muito baixa, crescimento lento, e que aposta na sua longevidade para a manutenção da espécie. As fêmeas dão à luz a cada 4 a 6 anos, após uma gestação de 12 a 18 meses. Também é sabido que amamentam durante dois a três anos. Os machos, de maior tamanho, atingem o seu comprimento máximo aos 50 anos, vivendo cerca de 80. É indiscutivelmente um dos grandes emblemas das nossas ilhas açorianas.


O catamaram, um investimento pesado, mas que corresponde às necessidades de segurança e conforto de quem sai para o mar.


Esta é a cabeça de uma baleia de Bryde, “Balaenoptera brydei”. Ocasionalmente passa aos Açores, mas sem regularidade. Podem chegar a 15,5 metros de comprimento, sendo, em geral, as fêmeas maiores do que os machos.



Duas fotos de baleia azul, “Balaenoptera musculus”, um colosso dos oceanos. Este é o maior animal que já habitou o nosso planeta. Sim, mesmo maior que um dinossauro.

São 200 toneladas de animal, distribuídas por cerca de 30 metros de comprimento. Quando nasce, tem um tamanho maior que o maior tubarão branco, em média 7,5 mts, para cerca de três toneladas.
Nos primeiros dias de vida, alimenta-se exclusivamente do leite materno, e ganha cerca de 4 kgs por hora. Um bébé rechonchudo!....
A baleia azul faz milhares de quilómetros todos os anos, passa pelos Açores e deixa-se ver. Já não são os caçadores açorianos a vê-las, são os turistas, que lhes querem bem e não são de todo um perigo.
Este cetáceo visita aquelas águas para se reaprovisionar de krill, o pequeno e abundante camarão, antes de continuar a sua perpétua viagem de um a outro lado do nosso mundo.


Falsa orca. Um animal muito raro nestas paragens, difícil de ver, mas por vezes possível nas nossas águas. Não são visíveis todos os anos.


Tubarão baleia, Rhincodon typus, um pacífico comedor de que pode atingir 12.65 mts, para um peso de 21,5 toneladas. Raramente é visto em águas abaixo dos 21 ºC, pelo que é mais comum em águas oceânicas tropicais. Ao longo da sua vida de cerca de 70 anos, alimenta-se de toneladas de plancton, por filtração. Completamente inofensivo para o homem.


Uma mãe atenta ao entorno, para proteger a sua cria. As falsas orcas, “Pseudorca crassidens”, não são comuns nos Açores, mas aparecem.


Um golfinho roaz corvineiro, que também temos como residente no Sado, espécie extremamente inteligente, com muitos “acessórios” de navegação, que não param de surpreender os humanos. Este animal traz, de “série”, sistema de detecção de objectos e presas por sonar, enorme capacidade cardíaca, deslizamento na água, inteligência acima do comum, entre outras capacidades que o tornam uma perfeição da natureza.


Uma falsa orca. Têm um detalhe curioso: possuem estranhas barbatanas conforme podem ver na imagem. Num plano secundário, é possível avistar dois cagarros, ave muito típica dos Açores, onde nidifica.


Forte, muito forte este cachalote….certo?!! Tremenda imagem esta.




Se acham que a actividade da Picos de Aventura se esgota neste tipo de trabalho, pois digo-vos que não, nem perto disso. Eles estão mesmo muito mais à frente, e posso dar-vos algumas pistas:

- Picoslogia - É um projecto da empresa criado em 2013, que pretende levar o mar às salas de aula. Do jardim de infância a alunos do secundário, todos recebem informação e assistem a apresentações viradas para a componente marinha, dando a conhecer as espécies que passam pela ilha de S. Miguel. Há uma preocupação constante de sensibilização dos jovens para a importância da conservação do meio marinho, e da necessidade de combater a poluição.

- Monicet - Monitorização de cetáceos que ocorrem nos Açores. Trata-se de uma plataforma de dados, em que as empresas de observação descarregam elementos. Estes dados serão analisados pelos cientistas e investigadores, com informação relativa a posição GPS do encontro, espécie, actividade do animal, (repouso, alimentação, reprodução..), número de animais presentes, quantidade de barcos no local. Estes dados serão analisados por todos aqueles que têm interesse em estudar o fenómeno das migrações de cetáceos.

- Brigadas SOS Cagarro - Existe na ilha uma equipa de voluntários que monitoriza estas aves, e a Picos de Aventura tem participado activamente. Trata-se de um trabalho com início em Outubro/ Novembro, no momento em que as aves jovens aprendem a voar.
Quando falham o ninho, é comum que vão parar a estradas com trânsito, por exemplo. É aí que os voluntários entram em acção, reconduzindo a lugares seguros estes pássaros.

- Projecto Costa - Trata-se de um projecto de conservação de tartarugas marinhas. É uma unidade de estudos onde os biólogos recolhem dados, aprendem, e onde recebem as suas licenças para o manuseamento das tartarugas.

Realizam-se acções de marcação de animais, e procede-se à sua posterior libertação em ambiente selvagem. Muitas tartarugas são vítimas de encontros com redes, cabos, largados pelo homem.

- A Picos de Aventura também colabora no Projecto MoniCeph, para o estudo dos moluscos de profundidade, para o Azores Dolphin Project, que estuda golfinhos comuns, …uuff! Esta gente trabalha…

Caso tenham a possibilidade de visitar os Açores, não hesitem, ofereçam-se a si próprios e respectiva família, uma saída de barco.
Vão ver que naquelas águas azuis e limpas acontece algo parecido com …um pico de aventura. Deixo os contactos deles:

Picos de Aventura
Marina Pêro De Teive Avenida João Bosco Mota Amaral
9500-771 Ponta Delgada
Pedro Miguel
Telefone: 296 283 288



Vítor Ganchinho



Artigo Anterior Próximo Artigo

PUB

PUB

نموذج الاتصال