Pescar para comer

Não vejo que venha mal ao mundo por alguém pescar uns peixes para comer. Ou não fosse essa uma actividade que o homem pratica desde sempre. A obtenção de proteína de boa qualidade é uma boa razão para nos deslocarmos ao mar e para lançarmos as nossas linhas. Tenho amigos que o fazem de forma muito específica, indo procurar este ou aquele peixe, em exclusivo. 

É o caso do meu amigo Fumi, um simpático japonês que adora pescar e mais que isso, trazer para casa peixe para fazer os seus sashimis e sushis. Desta vez, ligou-me a dizer que tinha saído ao mar e conseguido uma fantástica pescaria de peixe muito saboroso, uma delicia para a família.

Quando recebi as fotos, percebi que o peixe em questão era um peixe de pequeno porte, e que não estará muito longe da nossa garoupinha, “Serranus Cabrilla”. 

Por coincidência, é um peixe que eu procuro, não pelo interesse do troféu, que obviamente não existe, mas pela sua agressividade. As garoupinhas são de facto agressivas, muito territoriais, e defendem a exclusividade da sua zona de caça como ninguém. Tudo o que aterre naqueles três metros quadrados é delas e é mordido. 

Pescar as garoupinhas com vinis e uma bala de tungsténio é algo que se pode tornar muito divertido. Utilizo preferencialmente o camarão da SavageGear, tamanho 5cm. Uma baixada de linha nylon 0.20mm faz o conjunto ficar leve, e discreto. E é uma luta para as conseguir ferrar, porque elas mordem fortemente o vinil, mas largam-no logo a seguir, e temos de ter reflexos de atleta olímpico para as conseguirmos. No fim de tanta luta, vamos ter 10 ou 12 peixes, e com isso, e com as mãos prendadas das mães portuguesas, fica um peixinho frito com arroz de tomate …de estalar.

Este peixe serve-me de porta de entrada para um mundo muito mais complexo, muito mais interessante, que é o da pesca Light Rock Fishing, com vinis. O LRF tem como princípio básico a ligeireza e aparente fragilidade de todos os componentes. Digo aparente porque na verdade tenho robalos de 2 kgs feitos com linhas muito finas, ou seja, peixes que aparentemente exigiriam equipamento mais pesado. Mas saem, e com algum jeito de mãos, sem dificuldade de maior. 

A maior parte das pessoas tenta fazer LRF improvisando a técnica com equipamentos muito pesados. Demasiado pesados. E os resultados não podem nunca ser idênticos, sequer parecidos. Tudo tem de estar em harmonia, não adianta ter o camarão de vinil certo, mas com um anzol grosso, pesado, porque irá ficar descompensado. Ou ter tudo bem, mas ter linha PE 3 no carreto. Não desce. Ou, para fazer o conjunto descer, colocar um chumbo de 30 gramas.

Aí, temos que considerar que já nada do que estamos a fazer é Light… da mesma forma que a cana também tem de ser extremamente leve, e macia. Desde logo porque o peixe assim que sente resistência, larga de imediato o vinil. Por isso, se não tem o equipamento certo, mais vale nem tentar, porque vai ficar decepcionado, e de certeza irá abandonar a ideia de imediato. Não é caso para isso, basta sair ao mar um dia com uma empresa que faça este tipo de pesca, e aos poucos irá entender o tremendo potencial do sistema. 

Levo com frequência gente que nunca experimentou, e costumo começar precisamente por aí, por deixar que as pessoas exercitem a sua capacidade técnica, os seus reflexos, com peixes fáceis, as garoupinhas, para que sintam que a técnica é algo de muito sério, pese embora a sua fragilidade. Ao colocar-lhes nas mãos uma cana Sram de 1.85 mts com um peso de… 55gr, carreto tamanho 1000 e linha PE 0.4, estranham…

Mas depois entendem que tudo aquilo é apenas aparentemente frágil, e que afinal, é possível pescar peixes grandes, desde que tenham boas mãos. No fim, recebo sempre um sorriso maroto, de alguém que percebeu que lhe abri uma porta para um outro mundo. A pesca pode ser tão diversificada que dificilmente alguém será bom em tudo. Mas esta é uma modalidade de futuro, já que a quantidade de peixe grande tende a rarear, e precisamente por isso, os fabricantes meteram as mãos na massa e produziram conjuntos Light Rock Fishing que nos permitem sentir, mesmo com peixes pequenos, as emoções que sentiríamos com peixes muito grandes, presos a equipamentos pesados. 

Um peixe de 1 kg faz uma pressão de tal ordem que nos parece ter na ponta da linha um monstro. E é isso que procuramos…

A GO Fishing Portugal terá sido a primeira empresa do país a proporcionar este tipo de serviço, que de resto é feito em regime de exclusividade, em número bastante restrito de pessoas, duas a três, o que permite uma correcção técnica imediata, no momento. É muito importante aprender bem. 

Grandes sargos, douradas, robalos, já morreram a morder no pequeno camarão de vinil. E muitos mais irão finar, à conta do sistema que assenta sobretudo num conjunto muito elástico, que os ferra e traz ao barco em três tempos. Vejam os peixes do meu amigo japonês, que considera esta pescaria como boa, a este tipo concreto de peixe. 






Em boas mãos, estes peixes ficarão deliciosos, em finos filetes, cortados por pessoas hábeis, com técnica e com facas de muito boa qualidade. 

Para quem achar que não, que não é possível fazer peixes dos nossos com o sistema, aí vão algumas fotos:


Carlos Campos com um bom sargo, que se lançou a um camarão de vinil, tamanho maior, com 7cm.

  

Aqui foi o meu momento, um sargo com o mesmo tipo de camarão.


E vai outro…


Por vezes, somos surpreendidos com outros tipos de peixe. Mordem douradas, choupas e também robalos. Vejam abaixo: 


Este robalo morreu de amores pelo camarão de vinil.


Aí está a prova de que eles mordem, e bem, no vinil.


Os cursos de Light Rock Fishing estão abertos, felizmente os números reduzidos de Covid vieram permitir o seu reinício.

Experimentem e vão ver a diversão que não é...


Vitor Ganchinho

6 Comentários

  1. Sempre achei a pesca interessante.
    Já fui "à pesca" algumas poucas vezes.
    Mas pescar, nunca pesquei nada.... ignorância minha..... com pena minha.

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    Respostas
    1. Boa tarde Rui Venha connosco. Vai ver que pesca mesmo. Se quiser tirar dúvidas, veja uma reportagem na RTP 1, de hoje, às 12.10h. A GO Fishing está lá e a pescar.

      Abraço
      Vitor

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    2. Boa tarde, foi por ter visto a reportagem que cheguei aqui. Penso que faria sentido existirem sessões práticas de formação para novos "pescadores" tipo mini curso, simples e que permita às pessoas que não conhecem outros pescadores, iniciarem-se. Eu não tive ninguém que me ensinasse fosse o que fosse, comprei algum equipamento muito simples, completamente às cegas e acabei por desistir.
      Cumprimentos.

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    3. Bom dia Rui! Nós fazemos na nossa loja de Almada acções de formação. Acontece que, por força das limitações de espaço e presenças provocadas pela pandemia, tivemos de interromper. Os nossos workshops na GO Fishing voltarão assim que for possível.
      Mas se tiver algum detalhe que pretenda esclarecer, coloque essa informação aqui no blog, e iremos procurar ajudar. Caso as suas dúvidas tenham a ver com a elaboração de nós de linhas, escolha de amostras, etc, podemos encontrar-nos em Almada, ( caso viva perto....) e ver isso em conjunto.
      Faremos tudo o que for necessário para que não desista de pescar. Isso nunca!

      Há muito peixe lá fora no mar, e se quer que lhe diga, os peixes grandes andam a comer os peixinhos pequeninos. Alguém tem de proteger os inocentes, ....pescando os robalos de 5 kgs....

      Abraço
      Vitor

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    4. Fica combinado. Um dia destes próximo, irei visitar-vos em Almada. hahahahaha... eu pescar um peixe com 5kg?! acho que nunca mais deixava de pescar...
      Até breve.

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    5. Rui, um peixe de 5 kgs não é uma raridade. Vá ao blog e veja o dia 21.06.21, e vai ver que se consegue fazer bem melhor que isso. Eu normalmente não estou na loja, mas se marcar previamente um dia e hora, tenho essa possibilidade. Porque faço muitos dias de mar, convém marcar com alguns dias.
      Não desista de pescar! Provavelmente só necessita de encontrar o enquadramento certo.



      Abraço
      Vitor



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