Não é todos os dias, mas de quando em quando enchemo-nos de brios, aplicamos toda a nossa técnica e sabedoria … e conseguimos pescar uns peixes interessantes.
Se disfrutamos imenso das capturas, se vibramos com as pequenas vitórias e amaldiçoamos as grandes derrotas, se sofremos profundamente com as lutas que travadas com os nossos bichinhos, também enchemos o peito de ar e mostramos orgulho em os trazer para casa e com isso proporcionar um bom jantar para a família.
Parece-nos evidente que a parte difícil está feita, o peixe chegou a casa em boas condições, dentro de uma geleira, fresquinho, bem acondicionado.
O que se segue é algo que passa a depender da nossa consorte, a nossa querida esposa, a qual, com as suas mãos prendadas, lhe irá dar o seu toque de artista.
À partida não deveria ser difícil. O pescado capturado à linha tem qualidade máxima. Os pratos de peixe são relativamente simples de preparar, e se utilizamos um forno eléctrico, é temperar, juntar azeite, batatas, cebolas, e vai ao lume.
O problema começa quando elas não têm prática, ou muito pior, quando não têm dom, quando qualquer tipo de cozinhado passa a ser uma incógnita.
Bem que as esposas tentam corresponder ao nosso entusiasmo, bem que tentam brilhar, mas quando a habilidade não é muita, ….quando o signo está enviesado, tudo pode acontecer.
O que vamos ver hoje é uma sequência de “invenções” que em comum apenas têm a grande qualidade do peixe nacional. Começamos por uma sequência de uma pessoa entendida, e com alguma prática, a minha Leninha, que o único azar que teve na vida foi conhecer-me:
Um pargo no forno. Não pode falhar, isto é mesmo só misturar umas batatas, umas batatas doces e alguma cebola. Com uma pitada de sal e umas raspinhas de alho por cima, o bicho fica composto. |
O robalo é um peixe que não se queixa muito, aceita qualquer tipo de culinária, sem protestar. Fica sempre bom, dê por onde der. A receita é a mesma do pargo. |
Outro peixe que brilha nas mãos de uma cozinheira: a dourada. A mesma táctica de tempero, o mesmo tempo de forno. A dourada de mar não oferece muitas dúvidas. |
Ora aí vão uns carapaus com alhinho e coentros, no forno. Uma versão diferente, mas que permite ver que pelo menos o peixe está assado. |
E a velha e imbatível receita de carapaus: sal e grelha. Há quantos anos se comem carapaus assados?! Não nos podem fazer mal. |
Seguramente um pescador nacional, e provavelmente do Benfica, ….pargo em tons de vermelho. |
Cozinhar peixe não e uma ciência oculta, é mesmo algo de muito corrente, normal, e que não deveria sair mal.
Para vos provar que há muitas outras formas de cozinhar o nosso peixe, vamos lançar o desafio a um chefe de cozinha conceituado, e deixá-lo trabalhar desde o início, ou seja, vamos levar à pesca um famoso chefe de cozinha, e deixá-lo…pescar. Vamos ver o que acontece antes, durante e a seguir à pescaria, quando se têm mãos prendadas, quando se é artista.
Vamos trazer aqui ao blog o chefe Bertílio Gomes, um nome que dispensa apresentações para quem sabe de culinária. Mas para quem não sabe, ….vejam isto:
Vamos ter esta pessoa a pescar connosco, e a dar utilidade aos peixes que mordem os nossos anzóis. Mais que isso, vamos fazer com que o peixe a ser trabalhado por este chefe de cozinha seja pescado por…ele próprio. Em breve, aqui no blog.
Vítor Ganchinho