Levo muita gente à água.
E alguns deles, deixam-me sem fala, a pensar como superar os desafios que me lançam.
Na maior parte dos casos, falamos de pessoas que ou nunca pescaram, ou têm de pesca uma ideia muito difusa, rudimentar, pouco clara.
Acresce que, num dia normal, eu pesco com vários conjuntos, a vários tipos de peixes. Posso começar o dia a fazer spinning aos robalos, passar a jigging aos pargos, e terminar a pescar com isca viva, ou a tentar um peixe-galo na profundidade, com carretos eléctricos. Isso faz com que os meus convidados tenham de se adaptar a diferentes cenários de pesca, e diferentes equipamentos.
O mais normal é que não os saibam utilizar, utilizem mas aplicando uma técnica deficiente, ou que pura e simplesmente nunca os tenham visto. Acontece muito aos carretos desmultiplicadores, com tambor móvel, menos evidentes à luz do que se convencionou ser uma cana e um carreto. Um jovem alemão quis lançar com uma cana de jigging curta e um destes carretos. Fê-lo utilizando uma técnica própria para surf-casting, sem sequer abrir a patilha de libertação do jig.
Não matou ninguém, mas podia ter acontecido uma tragédia, o jig, a centenas de quilómetros hora, andou à procura de uma cabeça, que felizmente não encontrou.
Pode acontecer de tudo, e bom mesmo é fazer um briefing a explicar calmamente qual a técnica de pesca que se segue, o que se pretende fazer.
E por isso, e por inerência de anfitrião, cumpre-me ensinar a todos como utilizar os equipamentos.
Faço isso com a maior das paixões, com o desvelo de um pai que ensina a pescar a um filho. Porque sinto em cada pessoa que me confia um dia da sua vida para ir ao mar comigo, alguém que merece consideração e estima.
Sei que essa pessoa espera muito de mim, e isso é uma tremenda responsabilidade. Pela parte que me toca, assumo-a, e continuarei a fazer o possível para sair ao mar com quem acha que pode gostar de mar.
Procurar corrigir a técnica individual de cada um é uma tarefa difícil, dura, que exige paciência e determinação. Há pessoas que não nasceram para pescar, de todo. E esse é um bom desafio, algo de muito estimulante. Vejamos alguns casos:
Uma pessoa extraordinária, o Jean Luc. Este meu amigo, que pega na cana como veem, mal, faz jigging sentado!... Adoro sair com ele. |
Já vimos este estilo em qualquer lado. Mas esta gente não tem dores nas costas?!... |
Por sinal, esta amiga não hesita em puxar dois de cada vez. Mas vejam a posição em que pesca: sentada de costas. |
Se acham a pequena acima mal posicionada, então que dizer deste reformado irlandês, que pesca sentado e “entaladinho”, para não oscilar demasiado? |
Com mais ou menos técnica, esta gente vai e gosta. E isso é a única coisa que conta.
Importante mesmo é gostar de ir, conseguir desfrutar daquilo que acontece numa saída de pesca. Quando estamos bem, em paz connosco próprios, tudo o que aparece é bom, é positivo. Quando encontramos os golfinhos, imaginamos como deve ser difícil a sua vida. Quando olhamos as aves marinhas na sua procura diária de alimento, pensamos que é um milagre que consigam nunca ter problemas com as suas asas. Uma ave com uma asa ferida ou partida morre de fome. Perante tantas interrogações, sentimo-nos privilegiados por sabermos que não dependemos nem um pouco de conseguir ou não pescar um peixe. E isso já dá muito conforto.
Vítor Ganchinho
Mais um texto fantástico amigo Vítor e com um sentido de humor contagiante 😀👍
ResponderEliminarUm grande abraço e boas proas
Boa tarde Luis Ramos Venha daí de Angola material escrito para este blog. Essa terra é pródiga em acontecimentos, em recursos e o Luís está no sitio certo.
EliminarEu pesquei em Cabinda, em Luanda e francamente gostei, é muito divertido.
Venha informação.
Tenho a certeza de que as pessoas irão gostar imenso de ler.
Um grande abraço!
Vitor