Passamos vezes sem conta por boias feitas de garrafões de plástico ou de esferovite quando vamos direitos aos nossos pesqueiros. A primeira ideia que nos vem à cabeça é que se trata de sinalização de redes.
Não necessariamente. A pesca do polvo é uma das maiores actividades dos nossos pescadores nacionais. Não esqueçam que movimenta, segundo os dados mais recentes do Ministério do Mar, divulgados no início de 2019, o valor de 35.5 milhões de euros/ ano.
Só no Algarve, existem cerca de 600 embarcações que se dedicam exclusivamente à pesca do polvo. Isto dá-vos uma ideia da dimensão do que é esta actividade em termos de número de efectivos.
As pessoas que trabalham diariamente nesta faina sofrem as agruras do tempo, das intempéries, do frio, do vento, do trabalho fora de horas, e são pouco valorizadas. Sofrem também em termos financeiros, dado o baixo custo do produto em lota.
É gente dura, resistente como o aço, porque só pessoas assim aguentam as tarefas desempenhadas a bordo de uma embarcação de pesca. Ali pede-se pouca retórica, pouca conversa, e muito trabalho, muita força de braços.
Por tudo aquilo que são e fazem, merecem todo o nosso respeito. Hoje o blog é para eles.
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Aqui temos os covos, na circunstância em plástico. É uma pena que não se continue a utilizar o barro para produzir alcatruzes, porque se trata de material biodegradável. |
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Embarcações de maior porte podem actuar de forma mais industrial, colocando cabos com centenas de caixas. |
Vítor Ganchinho