SAIR ÀS DOURADAS

Todos lemos, em novos, algo escrito sobre a famosa “febre do ouro”, em que milhões de pessoas de todo o mundo saíram de suas casas, pegaram na família, e foram para o continente americano em busca de fortuna.
Os garimpeiros buscavam ouro, esse ambicionado metal. Não será o caso que vos trago, não só porque ninguém carrega com as famílias para ir pescar, como ninguém ficará rico a pescar douradas, pelo menos hoje em dia.
Já houve, há 25/ 30 anos, quem se despedisse do seu emprego para pegar numa cana e com o resultado da venda do peixe comprasse barcos, casas, etc.
Mas esses eram tempos em que algumas pessoas, mais dotadas de mãos, faziam 70/ 80 kgs de douradas por dia. A quantidade e o peso médio dos peixes, com alguns exemplares acima dos 6 kgs, permitiam-no.
A falta de fiscalização das autoridades e da documentação de compra e transporte do peixe presente nos restaurantes, ...também.
Esqueçam os peixes de 6 a 7 kgs, não vão pescar nada disso. São tempos passados, não voltam, porque hoje em dia pescamos com 400 gramas os peixes que poderiam futuramente chegar a raiar esses respeitáveis pesos.
Na costa da Galiza, por vezes fazem-se capturas de animais com 9 kgs, mas não tenho informação de peixes acima de 7 kgs no nosso país.
Este é o peso máximo a que podem aspirar as douradas da nossa costa, com as condições de alimentação disponíveis, e atendendo ao número de anos de vida que conseguem.
Estamos a matar a galinha dos ovos de ouro, estamos a querer fazer em quantidade, em número de peças, aquilo que já não conseguimos pela qualidade de cada exemplar.
Os grandes reprodutores há muito que desapareceram. Acredito que hoje o stock de douradas acima dos 5 kgs será diminuto, quando comparado com o que existia há 30 anos …quase residual, e são essas que põem os milhões de ovos que as mais jovens não conseguem pôr.
Bem sei que quem gosta de pescar precisa desesperadamente de acreditar que há monstros debaixo de água à espera do seu anzol, que as douradas gigantescas são aos molhos, aos milhares, e que um dia irão conseguir que o barco fique mesmo em cima delas.
Mas a realidade é outra e infelizmente é muito mais cruel que isso.
Um bom barómetro da qualidade do peixe que existe é o Mercado de Setúbal. Se forem às bancas ver aquilo que os profissionais pescam e apresentam, verão muitas douradas a avizinhar os 600 gr/ 1 kg de peso, mas muito poucas acima dos 3 kgs.
E isso é significativo, porquanto há uns anos atrás, havia regularmente douradas acima dos 5/6 kgs à venda. Hoje, …não há.


Há que fazer uma opção concreta: queremos pescar grandes ou pequenas? Está nas nossas mãos decidir, aquilo que fizermos irá ser decisivo para o futuro destes peixes. Foto João Nuno N. Correia.


A realidade é que a pesca à dourada movimenta meios e pessoas como nenhuma outra consegue, na zona de Setúbal e Sesimbra. São pessoas que vêm de todos os lados do país, acometidas pela febre do ouro, a febre da dourada.
Estas pessoas procuram repetir os êxitos obtidos por meia dúzia de pescadores, desde logo com mais qualidade técnica, com equipamentos adequados, e sobretudo com disponibilidade de tempo para saírem durante os dias de semana.
A quantidade de barcos que demandam a uma pedra influencia de alguma forma o nível de resultados obtidos nesse dia. Não é igual um barco estar em cima de um cardume de douradas, sozinho, e poder fazer a gestão do pesqueiro, ou ter mais 30 barcos a seu lado.
Pensem pela perspectiva do peixe: são 30 âncoras, são 30 correntes, são 30 barcos a chegar, a mudar de posição, a lançar a âncora novamente, a sair. O sossego que qualquer animal necessita para poder alimentar-se esvai-se a cada ruído estranho.
Nesses dias, e que por norma coincidem com os fins de semana, é muito pouco natural que se façam boas pescarias. O contraste é de tal forma grande que há quem reserve as suas férias para este período, por forma a poder pescar em dias de trabalho regular.
A cada êxito corresponde uma chuva de posts no Facebook, Instagram, etc, (alguns relativos a pescarias feitas há meia dúzia de anos...e que servem para “atiçar” os incautos, para garantir reservas de lugares nas embarcações MT), o que quer dizer que no fim de semana seguinte os pescadores de fim de semana vão estar novamente presentes, às centenas, sonhando com a repetição desses sucessos.
Que, obviamente, nunca acontecem.


Quando nasce o sol já temos douradas a comer nas paredes do Cabo Espichel. Toda a zona é reserva biológica, Parque Marinho Luiz Saldanha, pelo que apenas se pesca o largo, em fundos dos 40 aos 90 metros. 


E que peixes são estes que estamos a tentar pescar como se a nossa vida dependesse disso? Que peixe é esse, a dourada?
Vamos hoje aqui no blog dar uma vista de olhos pela face oculta da lua, pelo lado que não brilha, que não é assim tão dourado.
É minha convicção de que ao conhecermos bem o peixe que pescamos, aumentamos significativamente as nossas possibilidades de o entender melhor nas suas necessidades, nas suas reacções, e consequentemente de o pescar.
A dourada, “Sparus aurata”, para os ingleses Gilthead seabream, é um espárido, um teleósteo carnívoro, peixe de reprodução fácil, de crescimento relativamente rápido, e que, com uma gestão cuidada, seria possível ter em muito grandes quantidades e qualidade.
Repito: com uma gestão cuidada. Em Portugal não se faz qualquer tipo de gestão, na melhor das hipóteses lançamos-lhes redes e anzóis para cima sempre que isso for possível. Na zona da Carrasqueira, dentro do Sado, há quem pesque douradas de 12 cm aos baldes, para fritar.
Conseguem imaginar o que eu sinto quando me dizem que há pessoas que fazem isso…


Os barcos saem bem cedo, de noite, para garantir um lugar na melhor zona da pedra.


Vamos definir a espécie em si:

A dourada apresenta uma estrutura corporal oval, o perfil da cabeça é regularmente curvado, apresentando uns olhos pequenos e uma boca ligeiramente baixa e oblíqua com a mandibula superior ligeiramente mais larga do que a inferior. Esta posição da boca advém da sua alimentação de base, os alimentos depositados no fundo. Apresenta uma coloração cinza prateada com uma mancha negra na procidência da linha lateral e com uma característica banda dourada entre os olhos. É uma espécie marinha muito comum em zonas costeiras, onde pode ser vista ao lado de um concorrente alimentar, o sargo. Os juvenis podem ser encontrados desde águas superficiais até cerca de 30 metros, contudo, os adultos são mais frequentes a profundidades de 100-150 metros de profundidade. Será aí que residem as douradas que não pescamos durante os meses de desova. Será esse o último refúgio das grandes fêmeas.
É uma espécie que em adulta é quase considerada solitária, mas nos meses de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro junta-se em migrações para os locais de desova, e são frequentemente encontrados cardumes de centenas de exemplares.
As marcas da Vereda dos Pargos, que derivou para a pesca da dourada e é hoje um ex-libris de Setúbal, uma pedra com dimensão, com recorte, com rasgos que oferecem protecção contra redes, serão hoje das marcas mais conhecidas do país. Na verdade nem são necessários pontos GPS; basta seguir a romaria de barcos que para lá se desloca todos os dias. Um dia não passará de uma pedra vazia e abandonada, como tantas outras. Porque será pescada até à exaustão, e a natureza não consegue responder a isso. Acabamos com as douradas por falta de gestão.

Vejamos como tudo começa, o que é um bé-bé dourada:

Clique na imagem para aumentar.


O grande criador de douradas da região centro-sul é sem dúvida o rio Sado.
Milhares (ou milhões…) de minúsculas douradas nascem anualmente na baía de Setúbal/ Sines, sendo que dessas, todavía, poucas chegarão a adultas.
Mais que tudo, são as características da região que criam estes peixes, com extensos areais e rochas cobertas de vegetação e muito mexilhão, perceve, ouriços, algas, vermes arenícolas, os campos de ostras, etc, são propícias ao desenvolvimento desta espécie mariscadora.
Aqui encontram as melhores condições possíveis. Desde logo a água doce do rio, (a dourada é uma espécie heurialina, ou seja, que suporta uma mistura de águas com baixa salinidade, entre os 4o /oo e os 70 o /oo), o que lhe permite perfeitamente viver em zonas estuarinas, ou lagoas costeiras.
Também a existência de fundos significativos, bem perto da costa, onde se podem abrigar dos rigores do Inverno frio quando é caso disso, complementam as excelentes condições sadinas para a criação de douradas.

Vamos ver mais em detalhe o peixe em si:

É uma espécie hermafrodita protândrica, nasce como macho (a gónada masculina aparece primeiro) e posteriormente matura como fêmea. Durante o primeiro ano de vida não se regista actividade reprodutora. A maioria dos exemplares matura como machos no 2º ano de vida. No 3º ano de vida, esta espécie dá início a um processo de inversão sexual, sendo 80% da população existente transforma-se em fêmeas e os restantes 20% interrompem o processo de inversão, permanecendo como machos. A época de desova natural estende-se desde Novembro até Abril sendo que em maternidades, em centros de reprodução de aquacultura, com a manipulação da temperatura da água e do fotoperíodo, tempo de luz diário, é possível a sua postura em todas as estações do ano. Mas aqui, no âmbito de uma situação manipulada pelo homem.
A alimentação natural deste peixe é variável ao longo da sua vida, em juvenil baseia-se principalmente em poliquetas, crustáceos, e até por vezes algas. Os adultos preferem moluscos bivalves, pequenos peixes (por isso as pescamos com jigs ligeiros….!), lamelibrânquios e gastrópodes, crustáceos, equinodermas e ascidiáceos. Em termos de pesca desportiva, a utilização de caranguejo do rio está generalizada, mas são possíveis com lingueirão, e “bombocas”, um bivalve muito típico desta região.
Indiscutivelmente é uma espécie com uma taxa de sobrevivência bastante elevada, o que nos pode valer, caso resolvamos intervir de forma a proteger a espécie. A sua tolerância térmica é também bastante alargada, entre os 5ºC e os 33ºC, o que lhe permite facilmente viver em qualquer tipo de habitat no nosso país. Diz-se destes peixes que suportam um largo espectro de temperaturas que são …eritrémicos.
De qualquer forma, há uma franja de temperatura em que o peixe se desenvolve de forma mais célere: dos 20 aos 26ºC, o crescimento é muito mais rápido.
Por outro lado, quando as temperaturas baixam a 12-13ºC, deixam de se alimentar. Isso pode explicar a razão pela qual não as pescamos com temperaturas muito baixas….
Para as larvas, o valor óptimo de oxigénio dissolvido ronda os 5mgO2 /litro de água. Com valores inferiores a 4mgO2 /litro de água foram observadas mortalidades significativas. Os adultos conseguem suportar níveis de O2 dissolvido inferiores ao das larvas. No entanto, valores de 2mgO2 /litro de água são apontados como os níveis mínimos para evitar a hipoxia nos animais, que persistindo por períodos alargados poderá conduzir à sua morte. A dourada com massa de 20g pode consumir cerca de 1225mgO2 /kg/h e um adulto com 300g pode ter um consumo de 500mgO2 /kg/h.
Se formos aos dados disponíveis, facultados por uma empresa produtora de douradas em regime de aquacultura, temos a considerar que, sendo animais basicamente carnívoros, as douradas apresentam requisitos dietéticos bem definidos. A composição química aproximada de uma dieta boa qualidade é: proteína de origem de peixe no mínimo (50%), gordura de óleo de peixe (14%), fibra no máximo (2%), cinzas no máximo (11%), humidade (9%), vitamina A 1,8x107UI e vitamina D 2,5x106UI. Na fase de engorda comem uma vez a três vezes por dia e a quantidade de alimento varia em função da temperatura. bastante superior em temperaturas mais baixas, o que faz sentido.
Vamos admitir que em liberdade, o regime alimentar será mais variado, bem menos regular, mas no seu todo, não irá fugir muito a isto que lemos acima. A nível mundial, a dourada será a segunda espécie mais produzida, com 158.389 toneladas de peixes.
A sua produção por intervenção humana ocorre maioritariamente no Mediterrâneo, com a Grécia (49 %) como maior produtor para o ano de 2012. Seguem-se, países como a Turquia (15%), Espanha (14%) e Itália (6 %) como principais produtores mediterrânicos.
Adicionalmente, produções consideráveis de dourada são ainda encontradas em países com o a Croácia, Egipto, França, Marrocos, Portugal e Tunísia. Em Portugal, no ano de 2012, a produção cifrava-se nas 895 toneladas (Espaço Aquicultura, https://eaquicultura.pt/principaisespecies-cultivadas-em-portugal/).


Portugal tem provavelmente a melhor zona de pesca à dourada da Europa.


A dourada foi uma das primeiras espécies marinhas a ser produzida em aquacultura, continuando a ser uma das principais espécies produzidas hoje em dia.
Para que tenham números, é algo como isto: Dependendo das condições (sobretudo temperatura) o período de cultivo varia entre 18 e 24 meses para alcançar 400g. O tamanho comercial acontece cerca das 400 g podendo ser comercializada até 1.5kg.
Enquanto população em geral, estamos habituados a consumir este peixe com um tamanho de dose, mas pode acontecer que alguns exemplares de aquacultura, por uma ou outra razão, surjam no mercado com tamanhos superiores.
Uma forma de obviar a este “logro” é reparar se a dourada apresenta as escamas todas perfeitas, sinal de que foi morta por choque térmico. As nossas douradas, as douradas selvagens, vendem cara a sua vida e raramente não perdem algumas escamas.


A atração que a espécie humana tem pelos tons dourados pode vir a perder uma espécie que já foi abundante, e que teria condições de o voltar a ser, caso lhe dessemos um mínimo de condições. Há que encontrar um novo rumo, há que pensar para além da cor dourada e saber ver que aquilo que aí vem é mais em tons de …negro.


Está nas nossas mãos decidir o que fazer com este recurso marinho tão importante. Uma dourada de 19 cm, logo um peixe de captura legal à luz da legislação portuguesa, na minha modesta opinião vale muito mais vivo, a percorrer as pedras, a esmagar ouriços, a colher mexilhões, que um peixe morto. Porque quando decidimos matar um peixe destes, um juvenil que se debate na ponta da nossa linha, estamos a fazer uma opção.
Quando o colocamos dentro da nossa geleira com 200 gr, estamos a cortar qualquer possibilidade de o virmos a pescar uns anos mais tarde, com 6 kgs.



Vítor Ganchinho



8 Comentários

  1. TOP,que venha um defeso com fiscalização apertada!!!

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    1. Boa tarde Nelson Basta efectuar um defeso durante três anos e teremos milhares e milhares de douradas disponíveis, com tamanho, com capacidade de luta, para podermos pescar.
      Soube de pessoas que as pescam dentro do Sado, com 11/12cm...para fritar. Abstraindo-nos da ilegalidade e parvoíce do acto, que mais não é do que uma chacina de peixes juvenis, o que é que pode ficar nas mãos dessas pessoas? Meia dúzia de escamas e espinhas.

      Nós queremos pescá-las quando elas são capazes de nos partir linhas, quando são fortes, quando nos fazem sofrer para as termos dentro do barco.
      Isso nada tem a ver com meia dúzia de "artistas" que vão dentro do rio procurar miudezas, de forma deliberada, sabendo ao que vão.



      Abraço
      Vitor

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  2. Caro Vitor a pesca da dourada é realmente desafiante , este ano algo atípico para a altura delas difíceis como tudo ... Um dia bom outros tantos maus ... O que verifico é que o lote do cabo é muito diferente do que vai aparecendo la para a vereda e zonas Circundantes,sabendo que estamos no mês delas é sobretudo das semanas que ai vem como as melhores para a dita ,como se explica tal diferença de lote ? Há alguma razão especial ?
    Houve muitas centenas capturadas nas artes da fonte da telha e muitas de boa bitola dos 2,3 aos 5 kg

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    1. Boa tarde A população de douradas na nossa zona tem diversos pontos de origem. Por definição, estes peixes deveriam reproduzir dentro dos rios, no Tejo e no Sado. E muitas fazem-no. Por razões que têm a ver com acção humana, por aplicação de redes ( um crime...) ou por efeitos da poluição, muitas delas acabam por ser forçadas a sair sem completar a desova. No Sado, a principal razão tem a ver com as colheitas do arroz na várzea de Alcácer/ Grândola. Para poderem meter as máquinas a colher o cereal, os agricultores têm de vazar os campos. Os pesticidas e herbicidas que deitaram no arroz saem para a vala real que vem da barragem de Sta Susana, e entram no Sado. E esse é o primeiro grande óbice à criação de douradas. Saem quando detectam esses produtos químicos, e espalham-se pelas pedras mais baixas, à saída do rio, a 20/ 30 metros. A seguir, quando as noites arrefecem, são obrigadas a procurar zonas mais fundas, com termoclinas. E é aí que chegam à Vereda. Penso que já escrevi sobre isto antes.
      Diferenças de habitat, de recursos alimentares, de potencial de criação, explicam diferenças de tamanho, mas o assunto não se esgota aí. Também tem a ver com a pressão de pesca. Indiscutivelmente teremos cada vez mais douradas imaturas, e menos douradas grandes. Até as acabarmos, ou até procedermos à sua gestão, através de limitações de captura diária, ou da criação de um defeso durante o período de desova. Sabendo da criatividade dos pescadores para esconderem peixes, mais vale o defeso. Bem fiscalizado, com multas duras, apreensão de material de pesca, de barco, multas elevadas, etc, poderíamos conseguir.
      A alternativa é seguir com aquilo que temos, matando os reprodutores e continuando a acreditar que uma dourada pescada e trazida para terra ainda assim tem capacidade para continuar no mar, alegremente, a reproduzir.

      Nós somos um povo dado a acreditar em milagres. Enquanto houver uma dourada que seja, continuaremos a acreditar que não pescámos nesse dia porque não demos com elas. E que amanhã vai ser o tal dia em que vamos encher a caixa. É sempre no dia seguinte....


      Abraço
      Vitor

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    2. Vitor,

      É por muitos considera a espécie rainha das nossas aguas, porém não é tratada como tal.
      Nunca é demais alertar para a questão da sua sustentabilidade, como refere e muito bem é uma espécie muito cobiçada e pescada até à exaustão, ano após ano escasseiam em quantidade e qualidade.
      A este ritmo e se nada for feito, se não tivermos medidas rigorosas, vamos acabar por ter o que merecemos.
      Este problema estende-se a outras espécies, como por exemplo o nosso robalo.

      Abarço,
      A. Duarte

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    3. Bom dia António Este ano que está a acabar foi para mim, e para as pessoas que saíram comigo no meu barco, um ano bom de robalos. A última coisa que espero é que não cheguemos ao limite dos franceses, que dividiram o país em dois, sendo que uns não pescam nada, e os outros pescam apenas dois peixes como limite máximo por dia.
      Gostava que não nos acontecesse isso.
      Mas eu liberto todos os robalos pequenos....


      Abraço
      Vitor

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    4. Gostava era de perceber porque por exemplo no cabo ou em sines ser mais "fácil" encontrar um peixe já de respeito que por exemplo na vereda ,tendo em conta que pressão de barcos profissionais e lúdicos ser idêntico ...

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    5. Vamos ver: aparentemente a pressão de pesca pode parecer igual. Mas não é, há diferenças significativas de local para local.
      Na verdade a Vereda apenas é pescada a sério durante 3 meses pela pesca lúdica. É a dourada que o motiva, embora existam pargos bons no local. O resto do tempo, enquanto o Cabo Espichel é trabalhado todos os dias do ano, por aparelhos para o robalo, por redes, a Vereda descansa. As redes, como a pedra é muito alta e irregular, ficam encalhadas. Por isso, o arrasto é feito nas laterais, ao longo da pedra, de Norte a Sul, no limpo.

      Não há sítios não pescados, a pressão é permanente, mas dependendo dos locais, os profissionais passam a pedra de forma diferente.

      O Cabo de Sines é outro caso: tem meros enormes que ninguém toca, tem cardumes de robalos com centenas de peixes de tamanho médio, e de algumas dezenas de peixes grandes, dentro dos molhes. Tem safios acima de 40 kgs de peso, etc. O porto de Sines é um criadouro de peixe porque ninguém lá consegue entrar nos pés-de-galo. E, porque o peixe está protegido, mantém-se por ali. Acaba por sair e ser pescado a anzol.

      Nas não e só isso que conta.

      A diferença é enorme se considerarmos as possibilidades que o peixe tem de se alimentar. A quantidade de comida nem é de perto igual. O Cabo Espichel é um frigorífico cheio de comida, porque as paredes do Cabo produzem alimento em série. É uma zona muito oxigenada, com grande capacidade de criação de organismos. Ouriços, cracas, mexilhão, perceves, etc. A Vereda não tem isso. Sines tem.

      Para além de tudo, falta ainda ver que tipo de técnicas são utilizadas, a que profundidades, etc. É que nem toda a gente está equipada e sabe trabalhar a todas as profundidades.

      São muitos factores encadeados que fazem com que os resultados não sejam iguais. Mas não tenha dúvida de que na Vereda há peixe muito bom....


      Abraço
      Vitor

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