Nunca será demais realçar a vantagem de fazer jigging com o barco em deslocação suave, ao sabor da corrente.
Precisamos de águas novas a cada lance, porque de nada adianta massacrar um ponto específico da pedra, leia-se fazer cair o jig sempre no mesmo metro quadrado.
A pesca com isca orgânica beneficia com isso, aquilo a que se chama em linguagem de pescador “ fazer o pesqueiro”, e que mais não é do que concentrar peixe numa zona por acumulação de restos de isca, mas o jigging, que apela a outras formas de predação não encontra vantagens nessa prática. Pelo contrário, é interesse nosso que a embarcação se desloque ligeiramente a cada lance. Procuramos peixes em acto de caça, disponíveis para produzir ataques.
Ainda assim, por vezes a conjugação da força da corrente e do vento é demasiada para aquilo que pretendemos. Para além de nos retirar muito rapidamente do sítio onde queremos pescar, ainda nos obriga a executar a técnica em posição pouco vantajosa para nós: nunca queremos ter a linha oblíqua.
Há formas de resolver, pelo menos em parte.
Pescar em dias de vento exige, na maior parte dos casos, um acréscimo de peso no nosso jig. Isso tem como consequência directa uma menor capacidade de animação.
Há uma relação proporcional inversa entre peso e animação, o que nos conduz a uma menor eficácia. Por outras palavras, temos menos toques e por isso pescamos menos.
Em barcos mais altos, e sobretudo cabinados, a força do vento é um handicap tremendo, podendo mesmo inviabilizar a pesca. Salvo se estivermos equipados a rigor, com aquilo que está na nossa mão que possa prever uma situação que afinal de contas, é recorrente: ter vento e corrente forte.
O para-quedas é um acessório indispensável para quem quer fazer slow-jigging.
Disponho de dois, um mais pequeno, com cerca de 1 metros de diâmetro, que utilizo em dias com mais vento ou mais corrente, ou ambos, que aquilo que me é conveniente.
E tenho um maior, com cerca de 3 metros de diâmetro, da marca Yamaha, que é uma verdadeira bomba: para-me o barco em dias de ventania forte, permitindo-me pescar com jigs pequenos, leves, como se estivesse a pescar num dia de enorme calmaria.
E o jeito que isso me dá!
Se num dia com más condições de mar aquilo que é usual fazer é optar por um tipo de jig mais longo e estreito, deste tipo:
Modelo Gekito Cultiva em 30 gr, de uma série mais vasta, que existe em 20, 30, 40, 60 e 65 gr, para casos extremos. |
Mostro-vos a série:
Os robalos engolem biqueirão até lhes sair da boca para fora. |
Pescar com jigs leves em dias de ventania é um luxo! Poder fazer slow-jigging nesses dias, é ainda mais positivo. Quando todos recolhem ao porto de abrigo por não serem capazes de pescar, ainda assim há algo a fazer.
São dias em que abençoamos cada euro gasto em bom equipamento. Lutar contra as condições atmosféricas e contra a falta de qualidade de uma cana, de uma linha, é demasiado.
E logo num momento em que o peixe parece “espevitar”…
Com efeito, sempre que há uma movimentação de águas anormal, isso é encarado pelos nossos peixes como um tiro de partida para mais uma corrida à alimentação desenfreada. Há que garantir reservas.
Seguramente já todos roemos as unhas por estarmos no sítio certo, à hora certa, com os peixes por baixo, a morderem como loucos, e …temos de vir embora porque não conseguimos aguentar o barco em cima da pedra.
Pois um bom para-quedas pode permitir-nos pescar com peças como as que vos mostro abaixo.
Uma amostra da Zeake, o Metal S Bit, uma terrível máquina de pescar. Existe em diversas cores, todas próximas de peixes reais, e por isso ideais para pescar em dias de águas limpas, ou pelo menos com alguma visibilidade. Normalmente utilizo este tipo de jig para águas calmas, em dias sem vento. A não ser que tenha o para-quedas à mão e aí, pode ser utilizado quase todos os dias. |
Outros modelos podem ser utilizados em dias de vento, desde que tenhamos garantida a deslocação lenta, ao longo da pedra. Mostro-vos alguns modelos que permitem fazer pesca slow jigging, desde que tenhamos equipamento para isso.
Refiro-me a cana, carreto e sobretudo linhas finas, que deixem trabalhar as peças da forma que o fabricante projectou. É o caso dos Jigpara, da japonesa Major Craft, que me servem cada vez mais para procurar peixe em dias difíceis, pelo seu incrível realismo:
Nesta revisão de matéria que fazemos pelos jigs que podem ser utilizados em condições extremas, desde que tenhamos um travão, o para-quedas, não queria deixar de fazer referência a uma peça que me deu umas dezenas de pargos de bom tamanho em 2021, o Coltsniper da Shimano:
Na verdade é uma peça de slow-jigging extremamente bem concebida, com as cores certas, a forma certa, muito “pescadora”, que inventa peixe em dias muito difíceis, em horas em que estão pouco ou nada activos.
Mas para mim, fica melhor com um triplo em baixo ….e por isso mesmo, faço-lhe uma “kitagem” e consigo convencer peixes bons com isso:
Boas pescas para todos!
Vítor Ganchinho