CUIDADO COM OS NEVOEIROS

Já aqui tratámos este tema sob uma perspectiva diferente, a da componente legal.
Volto a ele por haver algumas dúvidas práticas sobre a questão das luzes de bombordo, estibordo e luz de barco/navio fundeado.
Bem sei que há um hábito enraizado de ligar todas as luzes ao mesmo tempo. Em Setúbal alguém que navegue sem a luz de fundeado ligada é tido como um distraído perigoso.
As aiolas que saem de noite para os chocos e polvos, por sua vez, não utilizam qualquer tipo de luz de identificação. São vultos pretos na escuridão, e admito que quem passa por elas deva rezar para que a seguir a uma não esteja outra.
Seria bom pensar bem naquilo que estamos a fazer.
Se nos deslocamos de um ponto para outro, é obrigatório ter as luzes de bombordo e estibordo ligadas. Serão estas luzes a dar a informação do sentido da nossa marcha a quem venha eventualmente a cruzar-se no mar connosco.
E à popa uma luz branca com radiação visível a 130º. Esta, para quem eventualmente venha na nossa esteira e obviamente precise de ver-nos, para evitar uma colisão de proa /popa, na nossa óptica numa razão de navio alcançado.
A luz de fundeado e as luzes de bombordo e estibordo, juntas, não fazem sentido. Se estamos a deslocar-nos, …fará sentido ter também a luz de fundeado ligada?
Deveremos ter a luz branca de popa ligada, mas não a de 360º, branca, pois essa irá induzir em erro quem estiver a passar por nós.

Em nevoeiros cerrados, manda a prudência que se espere pelo levantamento de nevoeiro até conseguirmos um mínimo de visibilidade.
É muito perigoso navegar sem termos pelo menos algumas dezenas de metros de espaço visível à nossa frente, idealmente mais de 100 metros, e a velocidade deve sempre ser ajustada a essa circunstância. Menos visibilidade menor velocidade.
Mandam as leis e sobretudo manda o bom senso.




Para quem se cruza com frequência com os petroleiros/ cargueiros que chegam ao porto de Sines, Setúbal, Lisboa, e se veem forçados a esperar fora, em águas abertas, por melhores condições de tempo para acostar, há algo que ajuda sobremaneira: a questão destes acionarem repetidamente uma buzina. O som forte é muito facilmente audível e dá-nos a informação de que temos algo à nossa frente.
Fiz algumas fotos com navios de carga que encontrei na minha última saída, mas as que foram feitas de noite, …não resultaram, porque não havia nada nelas a não ser nevoeiro e breu absoluto.
Ficam com estas, já com alguma visibilidade, com o nevoeiro a abrir, mas que servem bem para exemplificar que devemos ter todo o cuidado.
Um choque inadvertido contra um obstáculo é sempre penalizador, porque implica danos materiais e eventualmente pessoais. Quando aquilo que está á nossa frente é um cargueiro, ….pode ser a última vez que esbarramos contra algo.




Desejo-vos a todos boas proas, sem nada à frente a não ser mar e muitos peixes!
Um bom 2022 para todos.


Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. Artigo bastante interessante.
    Algo que posso comprovar em setúbal nas minhas saidas.
    Vitor para quando um artigo de varias partes sobre amostras e material para spinning?

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    1. Bom dia Zé Carlos As manhãs têm estado difíceis para fazer spinning em Setúbal. A noite arrefece muito e os bichos são forçados a afundar para cotas mais baixas, para procurar as termoclinas. A meio do dia aquece um pouco mais, e é a essas horas que é possível conseguir um pouco mais de actividade.
      Este vento leste, sudeste, nordeste, está a manter-se persistente há semanas, o que é normal para esta altura do ano. As águas estão limpas porque a camada de água superficial foi toda para o largo, dando lugar a águas que sobem dos fundões. Para o peixe não é particularmente bom, mas ainda assim têm aparecido os peixes que tradicionalmente temos quando a água chega aos 15ºC: bicas, pargos das Canárias, sardas, etc.

      Um destes dias volto ao spinning. Estou agora a preparar algo sobre a pesca do choco.
      Com alguns detalhes técnicos interessantes.

      Abraço!
      Vitor

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