SLOW JIGGING - OS JIGS, SUAS FORMAS E PESOS - CAPÍTULO 10

No último artigo lemos algo sobre formatos e cores de jigs. Penso que podemos ir um pouco mais longe, porque há obviamente mais a saber.
Este tema da escolha do jig parece-me interessante pela importância decisiva que pode ter no acto de pesca. Afinal de contas, é o jig a peça que irá fazer interessar o peixe, concentrar as suas atenções, despertar os seus instintos de predador e levar este a produzir o ataque.
Para quem tem dúvidas sobre a efectividade da técnica em si, pois sim, posso afirmar que funciona bem. A pesca com jig é produtiva, por vezes mais ainda do que pescar com isca orgânica, e isso é um bom cartão de visita para quem pretende iniciar-se nestas lides.

Ao longo destes 10 capítulos vimos aqui diversos aspectos de cada um dos componentes que utilizamos. A acumulação de conhecimento dá-nos sempre algum conforto no momento de decidir.
Poderíamos avançar com a aquisição de equipamento de jigging: cana, carreto, linha, jigs, uma ou outra caixa para colocação de acessórios. Mas todavia, na minha opinião, nada deve ser adquirido antes de estarmos seguros daquilo que queremos e podemos fazer.
Antes de comprar o que seja, é bom ensaiarmos no nosso local habitual de pesca, utilizando o equipamento de alguém.
A GO Fishing disponibiliza séries de equipamentos completos de jigging de marcas conhecidas, como a Shimano, a Daiwa. É muito divertido entender as diferenças subtis entre uma cana com 1.90 mt, ou 2.10 mts.
Ou a diferença de uma cana MH, medium heavy, ou uma cana H, heavy. Entender as razões da utilização de linhas mais grossas ou finas, verificar no local a diferença do tempo de descida do mesmo jig quando dispomos de um carreto desmultiplicador ou um carreto standard. E por aí fora. Podemos e devemos testar várias versões de canas e carretos, linhas de diversas marcas e diâmetros, jigs de diversos pesos. Ao fim de um dia de experiências, estaremos prontos para poder tomar as nossas decisões, antes de comprar.
Mas há mais: também devemos verificar se temos ou não condições para sair ao mar com pessoas que a praticam. De que serve ter o material se não existem condições de pescar com ele? Temos barco próprio?
Muitas vezes as pessoas estão divididas entre aquilo que sabem que outros estão a fazer, pescas interessantes de peixes grandes capturados com jigs, e aquilo que os amigos querem fazer, que, inevitavelmente, é a pesca vertical com isca. O mesmo de sempre, às miudezas de sempre.
Os nossos amigos de pesca interessam-se por esta técnica jigging ao ponto de nos fazerem companhia? Ou não?

Caso a resposta seja afirmativa a todas estas questões, então sim, é ir em frente, sendo que devemos ter em atenção alguns aspectos importantes aquando da compra.
A zona onde pescamos é baixa ou é funda? As águas costumam estar mais ou menos carregadas de sedimentos? Estamos numa zona com predominância de correntes, ou pelo contrário a área onde pescamos é uma baía calma?
Tudo isso irá fazer a diferença aquando da compra do nosso equipamento. A começar na cana, no carreto, as linhas e a terminar nos jigs. Volto a repetir a importância que tem, para quem não domina o tema, o pedir conselhos a quem pesca há alguns anos.
Isso evita dispêndio de dinheiro desnecessário, e que pode ser precioso para conseguir adquirir acessórios de melhor qualidade. O percurso normal é este: a pessoa não pede ajuda e vai por intuição. Compra material barato, e chega rapidamente à conclusão que cometeu erros.
Não consegue pescar com aquilo. A seguir, irá tentar corrigir esses erros, olha para a carteira e com o que resta compra material quase bom. Sendo que na soma das duas compras gastou aquilo que seria necessário para comprar material bom, material a sério. Este é o figurino standard.

Vamos dar uma vista de olhos por peças que podem fazer a diferença quando nos encontramos em cima da pedra, em cima dos peixes.
Iremos analisar as diversas possibilidades de forma decrescente em termos de dificuldade de pesca, de mar difícil, mar revolto, até uma situação óptima para slow-jigging, com mar calmo.

Começamos por três modelos de Jigs Zeake G-Slasher, os quais podem ajudar-nos a pescar em zonas de forte turbulência, correntes cruzadas, ou fundos significativos.
As gramagens de 30 e 40 gramas são um bom compromisso para pescar em mar algo fundo, 50/ 60 metros, em dias de vento, quando necessitamos de um jig que desça muito rápido, que chegue lá abaixo num espaço de tempo curto, antes de o barco ser arrastado pela corrente. Aqui não falamos de slow-jigging, falamos de jig casting, para uma situação de dificuldade extrema.




Os Zeake Metal Jig F Sardine, conhecidos por “Sardinha Gorda”, são um excelente meio de chegarmos a peixes difíceis, em águas fundas e rápidas.
Quando tudo está contra nós, vento a empurrar o barco, a tirar-nos a nossa ambicionada verticalidade, com corrente a arrastar o barco para longe da pedra onde está o peixe, então é tempo para ir à caixa dos jigs e aplicar este. Trata-se de um concentrado de chumbo, um jig curto, de silhueta pequena e por isso de tamanho acessível a peixes médios e grandes, que nos irá deixar pescar onde muitos outros falham.
Utilizo em situações de ondulação forte, quando quero chegar rápido lá abaixo e tentar os peixes que caçam nos bordos da pedra. Jigs mais lentos tomam-nos demasiado tempo, deixam-nos numa situação desconfortável e não controlada que pode terminar num jig preso na pedra. Com estes, sabemos que estamos a prescindir de toques na queda, mas pescamos bem melhor na subida.
Existem versões desde os 10 gr aos 60 gr, sendo os de 20 a 60 os mais utilizados, e dentro desses, os de 30 a 40gr.




Quando temos um dia com menos vento, mas alguma corrente, (dias de luas grandes), podemos utilizar um jig criado para pesca em locais com alguma profundidade, em que necessitamos de uma peça que desça bem, mas já com alguma tendência para trabalhar lateralmente na coluna de água. Os Zeake Metal R Sardine fazem isso na perfeição. Emitem vibrações laterais que imitam muito bem um peixe no estertor da morte.
São particularmente mortíferos numa situação em que, depois de os deixarmos tocar o fundo, levantamos uns 2 metros e deixamos cair de novo em folha seca, com uma descida lenta, controlada.
Se houver peixe a caçar na zona, morde nessa altura. Ser parecido com uma sardinha, ou um pequeno carapau, num mundo de predadores impiedosos, não será o mais aconselhável. E este jig faz esse papel o de “sardinha pequena e descuidada”…
Preferencialmente para serem utilizados em águas limpas, com alguns metros de visibilidade.




Nem só de dias difíceis vive o pescador. Por vezes temos momentos de pesca em que as condições ideais acontecem. E nesses dias, nada bate os Zeake Metal S Bit, jigs assimétricos que caem em folha seca, induzindo a inúmeras picadas na descida. Basta estar atento à linha e detectamos as mordidas com muita facilidade.
Mais uma vez as cores naturais são indicadas para águas limpas, deixando as versões mais brilhantes para momentos de águas mais tapadas.




Por fim, e já com alguns requintes de malvadez, os jigs mais indicados para slow jigging, os “planadores”, os Zeake Z- Bit.
Este é um jig criado para águas mais paradas, a fazer um deslize lateral perfeito, que engana facilmente o peixe mais desconfiado.
Damos um pequeno toque de ponteira e esse impulso basta para esticar a linha e obrigar o jig a reagir.
É muito fácil pescar com estas máquinas de enganar peixe. Dei há dias por mim a contar quantas vezes o jig baixava ao fundo sem ferrar um peixe….
Na verdade, em zonas com peixe a sério, …é raro.
A razão de planar tanto tem a ver com a sua densidade. Em vez de ser feito em chumbo, A Zeake produziu estes jigs em liga de zinco, metal com uma densidade especifica baixa, 8.6, o que lhes dá um peso inferior, e permite inclusive a sua utilização em jig costeiro.
É muito fácil de animar com a ponteira da cana. Basta enrolar a linha no carreto e ele já reage a deslizar lateralmente.



Falta-nos apenas ver a questão do armamento.
Porque cada pessoa tem a sua própria convicção, muitos fabricantes retiram da embalagem os anzóis, baixando o preço total e deixando ao pescador a possibilidade de escolha. A Zeake inclui os anzóis.
Se em pescas mais rápidas, a sugestão vai no sentido de utilizar um assiste simples à cabeça e um triplo na cauda. Cada vez mais os fabricantes aplicam o assiste duplo à cabeça e um simples na cauda, ver imagens abaixo. Mas também pode ser um assiste duplo na cauda.
Em pescas lentas a vantagem aponta no sentido da utilização de assistes e não de triplos. Quando falamos de assistes, de notar que podem sempre ser simples ou duplos. É uma questão de opção pessoal.
Não devemos esquecer que aquilo que se pretende é o deslize lateral da peça e por isso mesmo, nada pior que carregar o jig com acessórios que o travam nesse movimento. Os anzóis são necessários, ou não estaríamos a pescar, mas devem ser aplicados parcimoniosamente, de acordo com as necessidades. Eu utilizo montagens diferentes de acordo com a estação do ano, e consoante o tipo de peixe que sei estar na pedra.
Porque adoro lulas grelhadas, não me inibo de pescar com um triplo na altura delas mas passo a assiste simples quando se vão embora.
Aquilo que temos a considerar é algo como isto: o anzol da fateixa tripla, por definição, é mais pequeno, enquanto anzol individual, que um anzol simples. Para um peixe grande, sentimo-nos mais seguros se tivermos um pouco mais de carne, ou osso, cravados no anzol.
Não resulta tão seguro ter apenas uma pele….e por isso, o assiste simples ganha em detrimento do triplo. Mas para peixe pequeno, digamos até 2 kgs, sem dúvida o triplo à cauda resulta muito bem.






A fateixa é um utensílio terrível, de grande eficácia, mas tem o inconveniente de ser ao mesmo tempo uma forma de ficarmos arrochados na pedra.
Uma boa solução intermédia é a utilização de assistes com linhas mais curtas, que têm muito menos tendência para ficar presos nas pedras. E são substancialmente mais fortes que os triplos.




Devemos utilizar em função dos fundos serem mais ou menos agressivos. É, como sempre, uma mera aplicação de bom senso.
Estarei sempre disponível para ajudar naquilo que me for possível, contem comigo.



Vítor Ganchinho



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