TEMOS PEIXE NA COSTA

O ano tem vindo favorável, em termos de meteorologia. A cada período de instabilidade sucedem-se alguns dias de calmaria, com temperaturas amenas, com pouco vento, a deixar pescar.
E o peixe tem correspondido. Por todo o lado, aparecem notícias de pescas interessantes, feitas, como de costume, por quem as sabe fazer.
Há quem não consiga, quem ande “penando” por esses mares de Cristo, mas sempre foi assim, sempre houve quem tivesse mais jeito para a arte, para a função. E outros que nem tanto, outros que esperam momentos em que o peixe está de tal forma “fragilizado” e indefeso que acaba mesmo por ter de morder o anzol que se oferece. Refiro-me concretamente aos períodos de desova, que a meu ver, deveriam ser tornados defesos legais.
As espécies têm uma alternância de posturas entre si suficientemente largas para que seja possível interditar esta ou aquela neste trimestre, abrindo a outras no mesmo período.
Provavelmente apenas chegaremos a pensar nisso quando já não existirem reprodutores. Vejam o caso das douradas, um bom exemplo de má gestão de efectivos. Cada vez temos menos, cada vez são mais pequenas, cada vez os resultados de pesca são mais minguados.
E alegremente concentramos os nossos esforços em pescar a última. Quando o conseguirmos, poderemos então finalmente hastear uma bandeira. Uma triste bandeira negra…


Os sargos estão agora em pleno período de forte actividade, estão gordos e cheios de força.


Outras espécies, com outras características de habitat, reprodução ou pura e simplesmente com outra estratégia comportamental, conseguem sobreviver a um número inusitado de redes, gaiolas, palangres, etc. E continua a haver.
Os sargos, mercê de uma taxa de reprodução assinalável, e de uma capacidade enorme em se adaptarem a qualquer tipo de habitat, conseguem manter o número de efectivos. É um peixe que pescamos sobretudo com isca orgânica, na rebentação, onde o mar faz espuma e eles têm de ser mais rápidos a comer e por consequência menos cuidadosos a analisar o que comem.
Também com os jigs de baixo peso mordem com muita facilidade e ainda melhor, com os vinis. São estes últimos aqueles que prefiro, por serem absolutamente letais para uma espécie que está bem longe de ser um mero mariscador.
Os sargos comem muito peixe miúdo.


Outro, que sucumbiu a um jig de baixo peso.


Para este tipo de pesca ligeira, em termos de jigs a utilizar o ideal vai de 5 a 12 gramas, como máximo. Isso implica ter material de Light Rock Fishing, suficientemente ligeiro para nos permitir trabalhar pesos tão baixos. Com canas mais duras, mais pesadas, linhas grossas, nem vale a pena tentar. É trabalho para as “ligeirezas”...
Uma cana com 1,90 a 2,10 mts, leve, com 80 a 100 gramas, um carreto tamanho 1000 a 2000, linha PE 0.6 e um baixo de linha em 0.25 a 0.28 mm. Sobra equipamento.
Não terá a maior parte das pessoas a noção da eficácia de pesca que se consegue com equipamentos destes tão …frágeis. Na verdade, a sua aparente fragilidade é apenas um pressuposto que temos quando as comparamos com aquilo que é o equipamento tradicional, chamemos standard. Nas mãos certas, estas canas ligeiras fazem peixes que deixariam a um pescador nacional típico, tradicional, de linhas zero grosso, um leve travo de inveja nos olhos...


Uma bica, um peixe muito típico do jigging ligeiro. Esta é a altura do ano em que este peixe encosta aos baixios, e se torna mais acessível.


Mesmo os peixes que damos por impossíveis com alguma coisa que não seja isca orgânica, e se os sargos o são, as douradas não o são menos, acabam por ser perfeitamente possíveis com jigs. É sempre uma questão de sabermos fazer.
Balanço entre o abrir de novo inscrições para os meus cursos de Light Rock Fishing, e a impossibilidade de garantir que as pessoas que levo ao mar acabem por utilizar essa saída de pesca para
fazer “asneiras”. Na verdade há quem saia para conseguir fazer um aproveitamento único e exclusivo de marcação de pontos GPS dos sítios. O ano de 2021 foi nesse aspecto desastroso, com inúmeros casos de pessoas com esse objectivo em mente. Por via das dúvidas, …não faço cursos. E acreditem, há imenso a dizer, a explicar, a mostrar. Nós ainda temos muito peixe na costa, e esse peixe permite-nos passar uma manhã muito divertida a pescar ligeiro.
As douradas estão agora a recuperar de tempos difíceis para elas, estão a querer ganhar peso e só o conseguem…comendo.


Os jigs são argumentos muito fortes, quando bem trabalhados, para a captura de douradas.


Também os pargos estão animados, com vontade de mostrar serviço, e, pese embora os grandes a sério ainda necessitem de mais algumas semanas, andam por aí peixes que permitem compor as caixas. Assim saibamos trabalhar com os jigs certos, e dar com as pedras onde se juntam.
A temperatura das águas não está para eles impossível, e por isso mesmo, peixes que já deveriam, estar mais fundos, acabam por aparecer em grandes concentrações em pesqueiros mais a terra. Ou seja, nos locais onde melhor trabalhamos com jigs ligeiros, a profundidades que por vezes não excedem os 20 metros.
O momento é para aproveitar, pescando com jigs muito ligeiros.


A técnica de pesca jigging é terrível para estes peixes, porque os engana naquilo que eles são melhores: na percepção da existência de pequenas presas …vivas.


Caso a corrente não seja excessiva, 15 gr são melhores que 20 gr. Os jigs leves com formato para slow-jigging são de momento os mais indicados.
Quando temos um pouco mais de água, em fundos até aos 50 metros, podemos subir a gramagem para os 30/ 35 gramas, mantendo no entanto o formato slow.
Com águas a 15/16º C, os tempos não estão para grandes correrias, o peixe procura presas lentas, debilitadas e por isso …fáceis.


Este é para mim um típico jig de Inverno. Sinto-me confortável com este modelo, um Jigpara, da marca japonesa Major Craft, na circunstância de 30 gr.


Mostro-vos as especificações técnicas desta família de jigs, na on-line store da GO Fishing Portugal:


Na presença de raios Ultravioleta, estes modelos brilham.


Os peixes, por sinal, apreciam este tipo de jig, que é muito realista, e existe em diversas cores naturais.


Aparecem em bom número, ainda que não sejam os pargos de 5/6 kgs que iremos ter dentro de semanas.


Aqui um exemplar que teve problemas quando era mais novo, vê-se perfeitamente que o lábio superior tem falta de algo. Os dentes deste peixe ficaram visíveis, por algum acidente de percurso. Isso não o impediu de singrar, e acabou por cair por efeito de um jig ligeiro.



Vítor Ganchinho



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