ÀS LULAS... COM JIGS, POIS CLARO!

Nesta altura do ano, é fatal como o destino!

Estamos na altura delas e a verdade é que mais dia menos dia, elas aparecem. Este ano, com a chegada das águas mais frias, apareceu uma quantidade de lulas apreciável, e de tamanhos bonitos.
Não se trata de uma captura de relevo para nenhum pescador, ninguém exibe uma lula como um bom troféu, mas são um petisco de excelência e por isso mesmo vale a pena tentá-las. E as nossas esposas agradecem o nosso emprenhamento.
Grelhadas, em caldeirada, tudo vale, e por isso todos os motivos são válidos para dedicarmos uma hora a encontrar umas lulas na sonda. A sua pesca nada tem de extraordinário, basta encontrar uma zona que as tenha, e a resposta é imediata.
A lula é um cefalópode muito agressivo, que se lança às toneiras com vontade e entusiasmo.
Tenho no meu GPS uma série de pontos em que normalmente as encontro, e por isso, quando chega o Fevereiro, passo por lá para ver se está no ponto. Claro que a mim não me verão a lançar toneiras….eu posso pescar as lulas mas os olhos vão para algo que persegue as lulas com a mesma vontade, ou mais, que eu próprio: os pargos.
Por isso mesmo, pesco-as não com toneira mas sim com… jigs. E se acham que fico numa posição comprometida pelo facto de preferir utilizar um sistema diferente, pois enganam-se redondamente: o jig dá-lhes conta dos nervos, e pesca muito bem.


Prefiro utilizar nesta altura uma fateixa tripla porque a quantidade de lulas que se conseguem é bem superior ao assite de anzol simples.


A vantagem deste sistema é a seguinte: com a mesma velocidade e desembaraço com que pescamos os pargos, predadores naturais de lulas, também podemos ferrar este cefalópode. Aquilo que se sente é uma pancada forte, e a seguir um peso que resiste à tracção até à superfície. Não é o mesmo que pescar chocos, porque esses desgraçados apenas fazem peso. As lulas lutam, fazem valer a sua velocidade acrescida e por vezes pensamos que é outra coisa estranha que aí vem.
Não é raro conseguir lulas nos mesmos terrenos dos pargos, aparecem-nos normalmente alguns metros acima, em água livre. Por isso mesmo, marcam perfeitamente na sonda.
A diferença da picada é simples de definir: ou puxarmos um peso sem escamas que sacode alegremente a linha, por impulsos, ou puxamos um lutador duro, contrariado, que nos recorda o hercúlio Mike Tyson em combate.
Não há espaço para dúvidas….


Aqui eu estava a utilizar um jig formato agulha, um Cultiva de 30 gr, porque estava vento, e eu precisava de fazer chegar o jig ao fundo muito mais depressa que o habitual. Quando o barco se desloca rápido, assegurar o tempo ideal de descida é fundamental.


Já aqui vos passei informação sobre os para-quedas que aplico no barco, no sentido de me permitirem uma deslocação mais lenta.
Isso pode ser decisivo neste tipo de pesca. Tentar pescar lulas a correr é uma perfeita perda de tempo. O barco tem de passar pelos pontos da sonda de forma lenta, para que tenhamos tempo de fazer descer o jig e, após o toque no fundo, produzir a animação que irá fazer interessar a lula. Ou se tivermos sorte, aquilo que come a lula...
Depois de vermos fazer, não tem muito de extraordinário. Os meus colegas de pesca, mesmo os mais renitentes em utilizar jigs, fazem lulas com regularidade. Vejam abaixo algumas fotos.


Aqui o meu amigo Ricardo Antunes com mais uma. Utilizou um jig de 30 gr, da AllBlue, cor sardinha.


Os princípios de escolha da cor dos jigs têm a ver com o mesmo critério que utilizamos para outros peixes: cores naturais com águas abertas, lusas, e cores mais flash quando temos algum poalho em suspensão. As lulas reagem muito bem à deslocação sincopada do jig, e não é raro conseguirmos várias no mesmo local.
O essencial é mesmo a aplicação de um triplo muito afiado. Os triplos da Varivas, Nogales, afiados e leves, são perfeitos para elas. Ao menos toque estão enganchadas e a seguir, quanto mais se debatem mais acabam por se prender nos outros anzóis da fateixa.



O Marcel, um alemão que adora Portugal, com uma bonita lula, capturada em Janeiro de 2022.


Um detalhe importante que não posso esquecer de referir: não tentem levantar em peso as lulas, para colocar no barco.
Mais de 80% acabam por rasgar e cair à água. Quando as tiverem à superfície, a utilização de um enchavalar é imperiosa.
E a seguir, disfrutem porque é sempre um petisco valente! E não temos sequer o trabalho de as escamar….
Não esqueçam: com os jigs, pescam lulas e …pargos. Os tais que as comem.

Boas pescas para vocês.



Vítor Ganchinho



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