É AGORA! OS PARGOS ESTÃO AÍ DE NOVO

1- Podemos optar por ir pescá-los com isca viva. Pescamo-los a 100/ 120 metros de fundo, sobre pedras onde saibamos que eles andam.
A montagem é simples, mas robusta. Cana, carreto, linha e anzóis sem fazer concessões a nada. Não pode perder-se um peixe destes por haver uma fragilidade no sistema, e se estamos a pescar a sério, se queremos um pargo grande, sabemos antecipadamente que nada pode vir a correr mal, porque esse peixe vai pôr-nos à prova. A nós e ao nosso equipamento.
Sobre o trançado do carreto, aplicamos alguns metros de um fluorocarbono de boa qualidade, um 0.60 a 0.70mm satisfaz, e no fim uma chumbada generosa, na ordem dos 200 a 250 gramas.
Um destorcedor fiável segura uma baixada em tandem, com dois anzóis de bom tamanho, sobre um estralho de cerca de 1 a 1,5 metros.
Uma cavala ou um carapau de tamanho médio resultam perfeitamente, e é isca que podemos conseguir em qualquer lugar da nossa costa. Caso consigamos uma lula viva, melhor. São perdidos por lulas.
Trata-se de uma pesca de espera, e que resulta tanto melhor quanto mais frias estiverem as águas à superfície. O frio empurra-os para baixo, e concentra-os sobre rochas onde podem montar emboscadas aos peixes forragem.
Idealmente o barco não deve estar fundeado, o que significa que devemos escolher momentos de estofo da maré, sem vento, e ainda melhor se dias com luas pequenas, e por isso mesmo com pouca corrente.
Queremo-los grandes, encorpados, com força, e por isso não vale a pena minguar demasiado as iscas: é cavala média/grande, e bem vivinha, para mexer pela vida. A picada é inconfundível, normalmente violenta, e devemos dar tempo ao peixe para abocar a isca, nada de repentismos, nada de tentar cravar o anzol. Tudo tem o seu tempo, e neste caso, a pressa é inimiga do bom. Depois de dar-mos ao peixe a possibilidade de engolfar a presa, e já com os anzóis cravados, espera-nos uma luta intensa, dura, porque o pargo grande defende-se bem, sem fazer cerimónias, procurando todos os escolhos que existam para quebrar a nossa linha.
Porque a profundidade é sempre significativa, o tempo de subida à superfície nunca é curto. Não vale a pena tentar reduzir este tempo, e por duas razões distintas: porque arriscamos a que o pargo consiga um ponto de apoio suficientemente forte para poder romper a linha, e porque pode acontecer que esteja cravado por fora da boca, ou por uma pele apenas, e nesse caso vamos perdê-lo. Afinal de contas, vamos à pesca para pescar, para dar luta aos peixes, não é para os ter o mais rápido possível no balde.
Quando chega acima o peixe está exausto, cansado de lutar e a sofrer os efeitos da diferença de pressão. Nessa altura já não é o peixe que era quando estava pujante e cheio de força, no fundo. Um peixe destes tem anos de vida, lutando contra todas as adversidades, e acreditem que não são assim tão poucas. É um verdadeiro milagre que consigam escapar anos e anos a tanta armadilha que lhes colocamos à frente.
Devemos tratar estes peixes com respeito, com dignidade, porque merecem tudo de bom da nossa parte.


A pesca com isco vivo é algo de ancestral, simples, básico e eficaz. No fundo, estamos a oferecer ao peixe aquilo que ele come todos os dias. Aqui, enquanto o pai pesca mais um peixe, a minha Mafalda come uma sandes de presunto...


2- Podemos optar por pescá-los com uma Tenya, uma montagem japonesa que consiste numa pequena peça de chumbo, ou mais recentemente tungsténio, em forma de sino, ou mesmo em formato esférico, da qual sai um anzol fixo, e um outro anzol articulado, de tamanho normalmente mais pequeno.




A isca será prioritariamente um camarão, inteiro, e caso não exista, um troço de lula, ou cavala. É iscado com casca, completo, para o poupar a ataques de peixe mais miúdo.
Funciona espetacularmente bem em determinados momentos do ano, sobretudo quando temos peixe em cima das pedras e água a temperaturas aceitáveis, digamos acima dos 17/18ºC.
Ao cair em cima de uma pedra com vida, o movimento oscilante da Tenya atrai imenso os predadores. Essa oscilação lenta é-lhe dada pela configuração da peça. Provavelmente não terão a ideia de que se trata de uma arte japonesa com séculos de existência.
A força de impulsão aplicada à base plana, e o escoamento de água no sentido ascendente que o formato de sino permite, dão-lhe um balanço tremendamente eficaz, e fazem com que os peixes encarem com muito interesse este estranho objecto.
O resto é feito pelo camarão, algo que existe na natureza e que os peixes estão habituados a comer. A Tenya vale muito pelo seu movimento e pode mesmo funcionar com camarões em vinil.


Prof. José Rodrigues a testar a sua Tenya, com um pargo Capatão das Canárias, um “Dentex canariensis”. Este peixe foi capturado no Algarve.


Em termos de equipamento, é habitual utilizar-se o equipamento convencional, cana de 2,10 a 2,60mts, sensível, leve, com um carreto de tamanho médio, um 2500 a 3000 está perfeito, e linhas finas, PE 0.6 a 0.8.
Um fluorocarbono de boa qualidade, em diâmetro 0.28mm e estamos equipados. O sistema de Tenya em si, não deve ser demasiado pesado. Bem sei que gostam de ver a peça a afundar rapidamente, que querem “despachar” o assunto, mas isso não vai de encontro ao que os peixes esperam. Um camarão é algo de ligeiro, com um nadar suave, não é exactamente um pedregulho que cai do céu. Deixem que sejam os peixes a escolher, não se incomodem demasiado por gastar mais alguns segundos a fazer a baixada chegar ao fundo, porque esse tempo de espera será compensado pela qualidade do peixe que vão ter na linha. Os pargos adoram ver cair a Tenya lentamente, da mesma forma que a perseguem quando chega ao fundo e ela arrasta um pouco na pedra.
Mesmo que tenhamos ligeiros toques, não devemos ferrar de imediato. Tenham paciência, não sejam bruscos demais, porque aquilo que estamos à procura não são os peixes miúdos que vão debicar o camarão. São os outros, que estão a ver o que se passa e, perante o frenesim provocado pela arraia miúda, acabam por se chegar e morder com força e vontade. São esses que queremos ferrar.
Vejam abaixo o autor a ferrar um pargo, com equipamento Daiwa concebido para esse fim. As canas com boa ressonância são fundamentais, na medida em que esta técnica vive muito da possibilidade que temos de sentir aquilo que se passa no fundo.
A GO Fishing Portugal, na sua loja de Almada, tem em stock uma grande variedade de canas para esta função. São leves, são sensíveis, e ajudam imenso o trabalho de “escuta” que fazemos da actividade do peixe no fundo.
As ponteiras em fibra e filamentos de titânio permitem-nos isso.


Conseguem-se com a Tenya resultados absolutamente surpreendentes, muito acima daquilo que é corrente obter na pesca vertical.


De pouco adianta tentar ferrar peixes de grande tamanho em zonas onde não existem. Para testar a sério este sistema, o pescador deve zelar por se dirigir a um local onde saiba de antemão que há peixe com alguma qualidade.
As profundidades ideais andarão pelos 20 a 70 metros, sendo o peso da Tenya calculado em função da distância da superfície ao fundo. Preferencialmente devemos tentar pescar o mais ligeiro possível.
Por outras palavras, não tentar fazer com o peso aquilo que devemos fazer com a linha. Queremos chegar abaixo rápido, mas é preferível demorar mais tempo a estar demasiado “ carregado”.
Efectivamente, a linha mais fina permite-nos baixar mais depressa, sem perda de segurança. Um bom multifilamento, marcado com cores, ajuda-nos a saber a que profundidade está a nossa Tenya.


Algumas Tenyas têm acoplados uns quantos fios, em linha, ou vinil. Faz parte. Se repararem na imagem da direita, podem ver que um camarão é tudo isso.


Por vezes conseguimos peixes muito bonitos, com este sistema de pesca. O autor com um pargo de riscas, um Pagrus auriga.


3- Podemos também pescar os nossos pargos utilizando jigs. Todos sabemos da facilidade e da eficácia deste sistema de pesca.
Quantos de nós não lemos, não ouvimos dizer, não vimos já capturar pargos com um jig? Seguramente que muitos dos leitores.
O Jigging pode ser subdividido em diversas categorias, as quais na sua génese têm um princípio comum: lançar uma peça metálica colorida, e com isso enganar um peixe predador.
Podemos praticar o Speed jigging, normalmente recorrendo a jigs com um peso acrescido, uma peça a que damos animação contínua, sem deixar que a amostra se afaste muito daquilo que é uma subida vertical contínua.
Ou optar pelo Slow jigging, em que damos à peça a possibilidade e o tempo necessário para que deslize lateralmente no plano de água. Tivemos aqui há semanas no blog um especial slow-jigging, podem ir atrás e ver o que foi escrito a esse respeito.
O ainda o Light jigging, ou Light Rock Fishing, LRF, em que se recorre a peças metálicas muito ligeiras, e falamos de jigs que podem oscilar, de forma arbitrária, digamos que pouco convencional, entre os 3 e os 20 gramas.
Devemos entender a prática de jigging como uma técnica que nos permite fundir diversos conceitos, sempre dentro do mesmo estilo: podemos pescar ligeiro com movimentos de speed jigging, fazer jig casting, adicionar vinis aos nosso anzóis, e com isso fazer um misto de jig/ inchiku, etc.
Sejamos criativos! Entendam a técnica em si como algo que tem muito poucas barreiras, pois depende da inspiração de cada pescador. É algo sem compartimentos estanques, sem limites muito definidos, o que dá aso a que cada pessoa tenha um estilo muito próprio.
Como sempre, contam os resultados finais, e os bons resultados são aqueles que nos enchem a caixa de peixes. Não temos de copiar ninguém, temos sim de entender o processo, a razão pela qual o peixe morde uma peça metálica, e a partir daí, criar, arriscar a fazer diferente, procurar ser nós próprios.


Normalmente praticamos jigging com equipamentos próprios para esse efeito, com carretos de tambor móvel, e canas específicas para esse fim.


O peso dos jigs depende em grande medida daquilo que estamos a enfrentar: águas paradas, pouco profundas e calmas são bem diferentes de águas revoltas, profundas e com fortes correntes.
Há um jig para cada uma dessas situações, e o seu peso pode variar imenso. Tanto quanto de 3 gramas a 1500 gramas!....
Em termos de preço, aquilo que há a considerar é desde logo a matéria prima, a quantidade de chumbo, trabalho de pintura, embalagem, e custos de transporte. Estes materiais são sobretudo feitos no Japão e as tarifas de transporte serão obviamente tanto mais caras quanto os gramas de jig que considerarmos. Grosso modo, um jig pode custar 4 euros, ou 40 euros…


A qualidade dos jigs da marca Deep Liner é incrivelmente alta. Cada detalhe foi exaustivamente pensado para ajudar nas capturas.


O tempo é de pargos, de pargos grandes, que nos esperam por essas pedras fora. É aproveitar a oportunidade, com qualquer dos sistemas aqui referenciados, porque o importante é…pescar.

Boas pescas para vocês!



Vítor Ganchinho



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