Pescar nas praias
Pescar na areia reduz significativamente duas coisas: a possibilidade de as nossas linhas encontrarem uma superfície rugosa ou afiada onde possam romper-se, e infelizmente também a quantidade de peixes disponíveis.
Se quiserem, andamos melhor nesse terreno liso, temos muito espaço para andar livremente, mas temos menos peixe.
Mas mesmo aqui teremos as nossas possibilidades. Há duas variantes possíveis: mar muito agitado, com espuma, com turbulência, e mar calmo, parado. Vamos ver em detalhe cada uma destas variantes.
Mar muito bravo, com ondas a rebentar na costa.
A possibilidade de conseguirmos enganar algum peixe de valor, digamos um robalo de 8 kgs, é mais fácil em dias de mar formado, com ondulação até aos 2 metros, (cuidado com a proximidade do mar em dias de ondas altas a rebentar na praia...!), e idealmente com vento leste, de terra.
O início dos temporais, em que a água ainda está relativamente limpa, ou o fim destes, quando a água já está a começar a clarear, costumam ser mais produtivos.
Aquilo que os robalos procuram nestes casos é tudo aquilo que possa ser desenterrado da areia pela força das vagas, e eventualmente alguns cardumes de pequenos peixes que consigam empurrar para as zonas de rebentação, onde os peixes maiores e com mais experiência de nadar contra a força das águas acabam por ter vantagens sobre os indefesos e inexperientes peixes miúdos. Já todos vimos pequenas sardinhas, salemas, cavalinhas, a tentar desesperadamente equilibrar-se e escapar da força das ondas. Tentam voltar a águas mais calmas, mais estáveis, e cansam-se a lutar contra as correntes. Adivinhem quem está do outro lado à espera...
Sim, os robalos patrulham a costa nesses dias, e aproveitam todas as oportunidades para conseguir comida fácil. Algo que não conseguirão tão facilmente se não houver esta agitação marítima. Tudo aquilo que possa conceder uma vantagem, é explorado até ao limite!...
Em qualquer das circunstâncias, pescar nas praias exige um tipo de equipamento ligeiramente diferente. Porque muitas vezes é necessário pescar atrás da linha onde a rebentação começa, isso implica material de spinning mais pesado, com canas na ordem dos 2,70 a 3 metros.
Estas canas deverão ter uma acção que permita o lançamento de amostras com peso acrescido, perto dos 30 a 40 gramas, e por isso deveremos optar por material na ordem dos 20-60 gramas.
É apenas uma sugestão, mas acreditem que nada pior que ter a certeza de que há robalos por detrás da espuma e não conseguir lá chegar. Por vezes deixam-se ver, quando sobem um pouco mais à superfície. Nestes casos, uma amostra de 30 a 40 gramas pode ajudar-nos muito a chegar onde queremos.
Existem materiais da Shimano que são excelentes nestas situações, a voar contra o vento. Nestes casos, a amostra não tem necessariamente de estar armada com pala, a aposta deverá antes ser feita numa peça com cores muito brilhantes, e aí, os espelhados, a cor sardinha, resultam normalmente muito bem.
Algo como isto, com um preço de 16.45€:
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Caso nos sintamos desconfortáveis por estarmos a pescar sem a dita “bavette” à frente, então pois sim, que seja, a amostra é esta, a 17.20 €:
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A outra possibilidade é, mesmo com mar clamo, explorar as horas matutinas e vespertinas, os inícios e fins de dia, quando o sol começa a nascer ou quando se põe no horizonte.
Em zonas calmas, sem mar formado, pode ser interessante pescar com amostras discretas, que não fazem mais do que um suave “ploop” ao cair na água. Isso é aquilo que um pequeno peixe assustado faz quando salta ao sentir um predador por baixo. Quando utilizamos amostras demasiado pesadas nestas situações de águas limpas e paradas, estamos a fazer aquilo que fazem centenas de pescadores por esse país fora, e com tão maus resultados. Pensem pelo lado do peixe! Algo de muito pesado, que cai com estrondo, não é natural. Os peixes estão saturados de ruídos, de cargas pesadas que caem a seu lado.
Devemos ser bem mais discretos, e isso rende-nos peixes. Algo como isto seria o ideal:
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Chama-se Switch Hitter, é um producto da Daiwa e existe em stock na GO Fishing Portugal. Trabalha-se como um stickbait, com ligeiros toques de ponteira.
Se recolhido com um pouco mais de velocidade, afunda até aos 80 cm.
Uma amostra destas, em boas mãos, faz nascer peixe de onde nada se espera.
Outra amostra que resulta muito bem, em águas paradas e calmas, mas em que necessitamos de lançar muto longe, a 50/ 60 metros de distância, é esta:
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Mais uma vez a questão dos toques de ponteira é importante. Trata-se de uma amostra de superfície, um passeante, pensado para provocar ataques violentos. E isso acontece frequentemente.
É o trabalho de pulso e ponta da cana que irá fazer criar uma esteira de turbulências e vibrações à volta da amostra, que a irá tornar irresistível.
Os robalos entram a esta amostra por baixo, atacando repentinamente, saltando fora de água com ela bem dentro da goela.
Quando pescamos a partir da praia, podemos fazer concessões ao diâmetro da linha, quer do carreto, um PE1.2 de muito boa qualidade chega e sobra, (resistência de 20 libras!!) quer do chicote de fluorocarbono, em que o diâmetro de 0.28mm é mais que suficiente.
Algo como isto:
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Por fim, uma recomendação: é natural que, dada a voracidade do predador de que tratámos nestes três capítulos, aconteçam ataques de peixes mais jovens.
Se libertarmos todos aqueles que inevitavelmente podem ter abaixo da medida mínima, estaremos mais perto de conseguir estabilizar uma população de robalos que chegue para todos.
Está nas nossas mãos.
Vítor Ganchinho