DAR OU NÃO PORMENORES...

Recebo inúmeros contactos, uns mais esclarecidos e simpáticos que outros, a perguntar por este ou aquele detalhe sobre técnicas de pesca que costumo praticar regularmente, Jigging, Spinning ou Light Rock Fishing.
Também a pesca a exemplares de maior peso me interessa, embora seja algo perfeitamente sazonal. Pescar com iscos vivos é algo que faço quando sinto que estão reunidas as condições certas.
Mas a base é mesmo a pesca com artificiais, e indistintamente com jigs metálicos, ou vinis. E é sobre isso que as pessoas pretendem esclarecimentos.
Na maior parte dos casos, a resposta é rápida e simples. São dúvidas de quem nunca experimentou e precisa obviamente de saber o suficiente, antes de arriscar um fiasco ao sair para o mar.
Outras questões são mais complexas, porque chegam de pessoas que têm ideias muito vincadas. Há quem chegue e comece por afirmar: “Digo-lhe que é assim porque só pode ser assim...”, e isso torna as respostas mais difíceis.
Muitas vezes são pessoas que nem admitem que possa haver uma forma diferente de fazer, que não a sua. E nesses casos, pouco se pode ajudar.
O que resulta mais complicado é mesmo explicar que equipamento ligeiro, mesmo ligeiro, não admite linhas grossas, (completamente desnecessárias atendendo à fragilidade dos restantes componentes), ou que não faz sentido aplicar canas de spinning muito pesadas, com acções de 60 gr, quando se trata de lançar amostras de 10 a 20 gr.
Aparece-me um pouco de tudo. A todos procuro responder, agradecendo sempre que me passem todos os pormenores, excepto o local de pesca.
Por vezes levo horas até conseguir entender a finalidade das questões, porque tudo é envolto num secretismo absoluto, numa reserva de dados que no seu todo são úteis para saber indicar o que pode ser melhor para aquele caso concreto.
Dificilmente alguém poderá aconselhar a melhor solução quando a pergunta chega nestes moldes: “Pesco no rio. Só pesco peixes grandes. Que linha devo usar?"...




É corrente que as pessoas se expressem por monossílabos, quanto mais curto melhor, eventualmente resquícios de quem utiliza preferencialmente o Facebook para comunicar.
Quando a mensagem é curta, e na maioria das vezes é mesmo demasiado curta, aquilo que resta ao interlocutor destas pessoas é o inevitável recurso a uma tentativa de adivinhação.
Pressupõe-se que, ...hipoteticamente será isto ou aquilo, ...talvez aquilo que esta pessoa está a querer dizer-me seja...
Pois se não sabemos se pescam ao fundo, com isca orgânica, ou com amostras, se fazem lançamentos, ou pescam vertical, como pode alguém sugerir este ou aquele material? Nada é universal, nada ...“dá para tudo”.
E a resposta será sempre o espelho destas dúvidas, algo carregado de pontos de interrogação, e que na maior parte das vezes de pouco serve a quem faz o contacto. Porque não é possível ser mais exacto, mais preciso nas respostas a dar. Nestes casos, a boa vontade de ajudar não chega, é preciso muito mais que isso, eventualmente uma bola de cristal.




A adaptação do material ao tipo de pesca que se faz é muito importante. Quando não sabemos com exactidão aquilo que a pessoa pesca, em que condições, profundidade, correntes, necessidade ou não de lançar longe, etc, todas as soluções que possam ser apontadas passam sempre por ineficazes. O receptor da nossa ideia acha que, ou não sabemos mesmo nada de pesca, (a solução preconizada não encaixa naquilo que efectivamente faz), ou pior que isso, acha que estamos a dar conselhos errados de propósito, para prejudicar essa pessoa.
Também surgem situações em que os detalhes são deliberadamente omitidos, no sentido de esconder os sítios onde essas pessoas pescam. E caímos no curto: “...pesco no estuário. A linha PE 1,5 é boa?”...
Nestes casos, é quase impossível que se possa dar uma resposta minimamente aceitável. Porque pode ser sim, não, ou talvez. A linha em questão pode ser de menos, de mais, ou a linha certa. Depende.
Aquilo que é perfeitamente dispensável, é que alguém diga onde pesca. Isso nunca faz falta, porque quem pretende ajudar alguém a definir equipamentos de pesca, certamente terá conhecimentos muito exactos de onde e quando se pode pescar isto ou aquilo.
Saber onde é perfeitamente dispensável. O país não é assim tão grande que se possa esconder uma zona com peixe. As zonas boas estão referenciadas há centenas de anos. Quem estiver atento ao fenómeno da pesca, quem tem dezenas de anos disto, não precisa que lhe digam que o pesqueiro é este ou aquele. E pode até acontecer que a alguns quilómetros do local onde essa pessoa pesca, exista um outro lugar que é ainda melhor.
O que faz falta sim é saber em que condições se pesca. Se estamos a tratar de fundos de 2 metros, ou de fundos a 40 metros, com muita ou pouca corrente, se pescamos de terra ou de barco, se a pesca é dirigida a peixes correntes ou se visa exemplares grandes, robalos, corvinas, pargos, etc.
A pesca é feita com artificiais ou com isca viva? O fundo é de areia ou tem rocha alta? Porque cada um desses detalhes altera a solução final, aquela que de verdade pode ser útil a quem pesca.
Repito: saber qual o local nunca faz falta. Mas fazem falta pormenores que possam pesar na solução a apresentar.
Se a comunicação é feita por monossílabos, se isso para essa pessoa faz sentido, então a resposta, a ser dada ao mesmo nível será algo tão evasivo quanto um ...“sim” ou “não”.

Em resumo, se alguém pretende um conselho técnico sobre que equipamento deve utilizar, e se efectivamente necessita de uma resposta esclarecedora, útil, fundamentada, que o possa ajudar a conseguir melhores resultados, então deve colocar a pergunta de forma directa, clara, e com detalhes suficientes. O que não faz falta, repito, é saber onde. Mas algo mais que “...pesco ao robalo. Qual é a melhor amostra?...“ sempre ajuda.



Vítor Ganchinho



1 Comentários

  1. Boas ... bom se a pergunta vem com afirmação é complicado ... agora se diz que pesca no estuário robalos e corvinas pesca com x linha, pesca com vinis ou zagaia entre as 20 e as 50 grs e querer melhorar a performance ai é mais facil ... podemos ter a receita mas se der para melhorar é uma mais valia sobretudo se a resposta venha de quem pesca ligeiro... pois o que se procura é algo fiável e que nos dê mais força na mudança...mudar a mentalidade é coisa complicada ou talvez não...

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