OS MESMOS PEIXES... OS MESMOS JIGS

Em equipa que ganha não se mexe.
Nas pedras do costume, com o equipamento e técnica do costume, e com os minúsculos jigs do costume.
E o resultado são os pargos do costume, fortes, bonitos e destemidos como habitualmente, a acreditarem que o melhor para a saúde deles é uma dentada nas peças metálicas lançadas a partir do barco. Por acaso nem é.
Pescar com jigs há muito deixou de ser raro, temos cada vez mais pessoas a praticar este tipo de pesca.
Não deixa de ser estranho ver convertidas ao jigging pessoas que há um ano seriam capazes de jurar a pés juntos …”eu, com jigs? …nunca!”...
Os resultados impõem-se por si, pela diferença, pela qualidade do pescado, pelos troféus que possibilitam. E por tudo aquilo que nos divertimos.


Raúl Gil com um pargo a rondar os 3,5 kgs. Este jig em cor rosa é uma versão em tungsténio, mais pesado que chumbo, equipado com um triplo à cauda e um assiste simples na cabeça.


A pesca com artificiais é algo que está longe de ser um tabu, um segredo guardado a sete chaves. Pese embora a quantidade assustadora de pessoas que nunca experimentou a pescar com jigs ou vinis + cabeçotes de chumbo, acredito que a maior parte já ouviu falar e de alguma forma, nem que seja à conta das toneiras dos chocos, já tiveram alguma experiência próxima de pesca com... artificiais.
Continuaremos a ter no nosso país os indefectíveis da pesca com isca orgânica, isso não irá terminar tão depressa. Vai acabar a geração anterior, mais velha, e terá de passar ainda uma outra de meia idade, até o conceito “artificial” fazer sentido. Entretanto, aqueles que se converteram, aqueles que conseguiram fazer a mudança, irão conseguindo os peixes de excepção do costume, nos locais do costume.
Pescar com amostras, com a qualidade daquilo que é feito hoje em dia, com um realismo cada vez maior, nada tem de estranho. A quantidade e qualidade de peixes capturados com amostras ou jigs todos os dias prova claramente que é uma opção válida, e a considerar.
Arrisco dizer que, entre uma isca orgânica depositada no fundo, inerte, e um jig que se move e vibra como um peixe moribundo, o predador acaba por preferir o ataque a uma presa pressupostamente viva, cumprindo a função natural de exterminador de elementos mais fracos. São os resultados práticos que o dizem.
Se o corrente é ver barcos cheios de gente a lutar desesperadamente contra minúsculas choupas, sarguinhos de dez centímetros, e toda a horda de miudezas que se prende aos anzóis iscados com navalha, ganso coreano, tiras de lula, sardinha, etc, basta olhar para o lado, onde embarcações com duas a três pessoas metem para dentro pargos, atuns-sarrajões, bicas, peixe-galo, robalos, corvinas, etc, com os seus jigs e vinis.
Do contacto diário que tenho com pessoas que pescam com isca orgânica, versus pescadores de artificiais, não sobram dúvidas de que o tamanho e quantidade das capturas pende para o lado destes últimos.
Será sempre uma questão de escola, algo definido ao momento em que alguém começa a pescar. Tenho duas filhas que pescam desde tenra idade. Para elas, não há sequer dúvidas: ir à pesca é pegar na cana e na caixa dos jigs.
E fazem-no com a convicção de quem passou a vida a conseguir peixes bonitos dessa forma.


Os que escaparem vivos, irão aprender, com as desgraças dos outros, a desconfiar das boas intenções de quem chega... com dentes.


Para muitos pescadores da velha guarda, só a ideia de se verem de repente com uma cana armada com um jig já lhes dá voltas ao estômago.
Depois de passar horas a conversar com gente que sempre pescou com isco orgânico, dezenas de anos a fio, o resultado invariavelmente é este:
_ “Vitor, eu se me vejo no barco com uma cana e um jig sinto-me... despido!”...
E eu entendo, e compreendo perfeitamente o que me dizem. E se argumento que um dia de pesca para essas pessoas é um desfilar de peixinhos miúdos, a resposta não varia muito:
_ “Mas eu sei que no meio daquilo tudo sempre aparece alguma coisa que valha a pena levar para casa. E eu gosto de peixe frito, …levo tudo”….




Penso que não haverá dúvidas quanto a um dogma universal: peixe grande come peixe pequeno.
Sem dúvida o contrário será bem mais difícil. Os predadores procuram avidamente as concentrações de peixes juvenis, uma fonte de alimentação segura, nutritiva, tão fácil quanto aquilo que pode ser um peixe jovem, inocente, que não teve ainda demasiado tempo para perceber o que aquele peixe grande que se aproxima lentamente pretende fazer-lhe.
Aquilo que procuramos reproduzir quando pescamos jigging é uma situação corrente nos habitats marinhos: um elemento do cardume que se encontra fragilizado, ferido, doente ou fraco de forças, e cuja captura se apresenta por isso mais fácil. Não espanta que os resultados sejam bons: os predadores gastam menos da sua energia vital a capturar aqueles que não têm forças para lhes fugirem. A partir do momento em que uma oportunidade surge, o predador cumpre aquilo para que está geneticamente programado: ataca.


Ao pescarmos com jigs, selecionamos bastante a qualidade do peixe que entra na nossa caixa.


Esse é o grande segredo do sucesso da pesca com artificiais: somos facilmente capazes de reproduzir situações reais, momentos de debilidade de pressupostos iscos vivos, que interessam
aos peixes do escalão alimentar acima, precisamente aqueles que procuramos. E a partir daí, tudo acontece.
Quando estamos com o equipamento certo nas mãos, quando sabemos fazer, o resto é acção de pesca.



Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. Boa Tarde,

    Estou a iniciar-me no light jigging (embarcado) e tenho uma duvida: quando é que opta por usar vinis ou zagaias? Depende da espécie alvo? Condições do Mar?

    Sempre usei isca viva, com algumas excepções, e tenho vindo a explorar o usos de zagaias e vinis com mais frequência, e tenho gostado bastante.

    Obrigado pela atenção,
    António

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    Respostas
    1. Bom dia António

      Por uma questão de comodidade, eu utilizo os vinis em águas mais superficiais, digamos até aos 10/ 15 metros, e a partir daí, os jigs. Não significa que não possamos utilizar vinis muito mais abaixo, mas já temos de fazer concessões, como por exemplo aumentar o peso do cabeçote, ou optar por uma cauda bifurcada, em vez da cauda shad, de pala. Por outro lado, se há pampos ou anchovas, resulta melhor pescar com jigs, porque os dentes daqueles meninos vão estragar muito vinil. Sempre na perspectiva de saber que os vinis são mais eficazes. Eu pesco mais peixe com o vinil, porque engana o peixe muito mais facilmente.
      Na Go Fishing em Almada existe uma coleção de vinis e cabeçotes que permite fazer pesca ao robalo, ao lírio, ao atum sarrajão, etc. Não deixa de ser curioso que haja gente que pesca sem qualquer tipo de problema às corvinas grandes utilizando vinis, e depois não lhes reconhecem valor para pescar ...robalos. O vinil é muito eficaz porque, entre outras coisas, emite as vibrações certas, aquilo que os predadores se habituaram a considerar como uma presa...viva.
      Experimente e vai gostar, de certeza.

      Abraço
      Vitor

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