Somos muitos! Somos mesmo muito mais do que pensamos, e temos muito mais força do que julgamos, se nos unirmos.
Cerca de 9 milhões de europeus praticam a pesca à linha no mar. O impacto económico desta massa de gente é de 10.5 mil milhões de euros anuais, e sustenta a existência de perto de 100.000 empregos.
Na verdade, estes números são assustadores, se pensarmos que representam mais do que a pesca marítima comercial na Europa!
Ao que parece, a União Europeia apenas faz uma referência ténue à existência deste inusitado número de pescadores, dizendo algo como:
“A pesca recreativa pode ter um impacto significativo nos recursos haliêuticos e os Estados-Membros devem, por conseguinte, assegurar que são realizadas de forma compatível com os objetivos da PPC (Politica de Pescas Comum).”
Isto está longe de representar um benefício, é antes um aviso de que podemos ser …daninhos ao ambiente.
Enquanto os pescadores profissionais continuam a delapidar os recursos piscícolas ainda existentes, quantas vezes subsidiados pelos governos a título de representarem uma classe menos favorecida, (o caso dos combustíveis, ou dos subsídios de permanência em terra) os pescadores desportivos pagam do seu bolso a despesa.
Na melhor das hipóteses serão os pescadores lúdicos banidos dos seus locais favoritos de pesca, escorraçados dos grandes centros de decisão politica, por representarem uma maioria silenciosa.
Por mais valor acrescentado que os pescadores desportivos aportem ao negócio do mar, e vimos acima números impressionantes, não será expectável que um dia tenhamos representatividade significativa a uma mesa de negociações que permita melhorar algo.
De facto, em termos de importância socioeconómica, seremos pelo menos tão relevantes quanto outros quadrantes da actividade marítima, como a pesca profissional ou a aquacultura. Valemos muito dinheiro para o Estado!
Entidades como a EFFTA - European Fishing Tackle & Trade Association (info@eftta.com), têm vindo a pressionar, no sentido de sermos equiparados a um player em igualdade de circunstâncias, sendo que finalmente, e ao que parece, foi conseguido que um relatório do parlamento Europeu datado de Abril de 2022, emitisse recomendações claras no sentido de incluir a Pesca recreativa na Política Comum das Pescas.
Vamos ver se é desta que passaremos a ser considerados gente...
Vítor Ganchinho
Acho que muita gente não faz mesmo noção da quantidade de dinheiro que a pesca ludica movimenta ... Desde o simples pescador que vive ao lado mar e só gasta dinheiro em material de pesca e eventualmente combustivel e manetimentos para o dia no mar/terra, ao fanático por pesca que faz viagens turisticas propositadamente para pescar em outras partes do mundo. Este último, mais comum lá fora, onde a qualidade de vida é diferente e permite sonhar com estas aventuras. À semelhaça dos americanos e britanicos que gastam milhares em viagens de pesca. O mais engrçado disto tudo é que os tais senhores que tomam as decisões só se lembram de nós para pagar taxas e licenças... É complicado porque é uma atividade onde reina muita ganancia e individualismo. Se a comunidade de pescadores fosse unida e caminhasse em direção comum, certamente tinhamos outra representatividade... Principalmente, falando ao nivel Portugues, onde daqui a uns anos estamos condenados a pescar em lagos privados, sejam eles de água doce ou salgada. Falo mais na ótica apeada porque é a que conheço melhor, e as coisas estão a ficar complicadas...muita proibição mesmo , onde depois vemos os barcos a meter redes nesses locais proibidos ( parques naturais , canais de rias, etc) Relativamente à pesca embarcada, não sei se está neste caminho da apeada...
ResponderEliminarBom dia André Matos
EliminarMuito em breve irá sair aqui um artigo a referir esta situação de que fala.
O dinheiro que é recolhido dos pescadores lúdicos irá ser distribuído pelos pescadores profissionais, quando estes ficam em terra por algum motivo. Se há um defeso, ...aí vai um subsídio.
É evidente que os pescadores lúdicos aportam muito mais dinheiro ao Estado que os profissionais, sem dúvida. E no entanto, não somos considerados em termos de grandes decisões.
Espero que não cheguemos ao extremo de que fala, de termos de pescar em lagos artificiais, ou explorações de pesca com...pesca a pagar ao exemplar.
Eu já fui a uma coisa dessas no Japão, com trutas, e foi deprimente. De resto até escrevi na altura um artigo sobre o assunto... era pesca num antigo complexo de piscinas. Um horror...
Abraço
VItor
E se chegarmos ao ponto de romper com os stocks de peixe. Que os governos utilizem estes dinheiros das licenças para fazer cultivo e libertação de peixes jovens... Em mar será mais dificil de fazer comparativamente ao sistemas fluviais como fazem na américa com os salmoes, mas penso que já temos tecnologia suficiente para essa ser uma opção a considerar.
ResponderEliminarVai ver fotos daqui a uns dias de uma embarcação profissional, e o que eles são capazes de fazer. Ajudar o meio ambiente, .."ajudam pouco"....
EliminarAbraço
Vitor
"Na verdade, estes números são assustadores, se pensarmos que representam mais do que a pesca marítima comercial na Europa!". Sem querer pôr em crise esta e outras afirmações valia a pena indicar aqui quais as fontes que as suportam. Foi surpreendente para mim saber que temos mais peso económico e de emprego que a pesca profissional a nível europeu. E em Portugal, também é assim? Este é um assunto sensível e por isso tem de ser tratado com objectividade. E se temos esse peso económico exorto aqui os companheiros pescadores desportivos a ganharem também superioridade ética e moral, praticando uma pesca selectiva e libertando com vida os exemplares sem as medidas mínimas, porque já ninguém pode alegar que não sabe que o Mar não é infinito (foram os portugueses que o demonstraram) nem os seus recursos inesgotáveis.
ResponderEliminarBoa tarde José Pombal
EliminarToda a informação publicada neste blog tem sustentação documental, a qual pode ser sempre consultada, excepto aquela que decorre da minha própria opinião de pescador e escritor. Grande parte, a maior parte, daquilo que pode ler aqui não é mais que a minha visão daquilo que observo no mar. E, por ser apenas aquilo que observo na minha qualidade de pescador que sai 4/5 dias por semana ao mar, e também do meu trabalho de guia de pesca, pode concordar ou não, sendo que a sua contestação é super bem vinda! Acredite que lhe agradeço imenso a sua observação, e espero por outras. Há páginas em branco à espera que escreva para todos os que nos leem.
Concretamente em relação à dúvida que coloca sobre a afirmação que fiz, e a qual repito, agradeço imenso, ela decorre do comunicado da EFFTA, European Fishing Tackle & Trade Association, datado de 02.06.2022, o qual lhe passarei na integra, assim que informar sobre o seu e-mail pessoal.
Vamos colocar de imediato um excerto desta informação no próprio artigo, para que possa consultar o inicio, onde são precisamente referidos os números que indico.
A questão ética da pesca tem sido sobejamente referida aqui nestas páginas, e nunca é demais referi-la. Até por isso o seu comentário é importante.
É isso que nos distingue de quem faz da pesca uma mera actividade extractiva. Eu, porque liberto grande parte do peixe capturado, sinto-me particularmente à vontade a tratar este tema.
Posso ainda informá-lo que dentro de alguns dias iremos ter um artigo que versa a actividade profissional.
Não perca.
Abraço
Vitor