DE KAYAK, TUDO É MAIS DIFÍCIL...

Costumo sair à pesca num barco semirrígido a partir de Setúbal. Grande parte das minhas saídas são feitas com o meu grupo restrito de amigos, com quem saio habitualmente, e com destino a sul, a pedras algo longínquas, mas com peixe. Como limite operacional, aceito ir até Vila Nova de Mil Fontes, o que já é uma deslocação longa. O barco que utilizo possibilita-me isso por ser muito rápido, desde que o mar o permita. Em dias de menos boas condições, saio até ao Cabo Espichel, um eterno ponto de encontro com peixes de interesse desportivo.
Como opção, posso fazê-lo também a partir de Sesimbra, mas aí num barco cabinado, e normalmente com grupos de oito elementos, mais dois de tripulação.
Bem sei que a maior parte das pessoas não hesitaria em pensar que o barco de maior tamanho, 9 metros, equipado com 2 motores de 200 HP, com um poço amplo, deveria ser a minha primeira opção.
É um engano. Eu que posso fazer saídas de pesca em ambos, penso o contrário.
Se queremos passear com a família, num programa de fazer sol e pescar, ou sair com um grupo de amigos e pescar enquanto se espreita a mesa e os petiscos que colocamos sobre ela, então sim, o barco Rodman tem vantagens. Mas só nisso.


Este barco está desenhado para proporcionar conforto. Tem camas no seu interior, tem uma mesa de refeições, micro-ondas, frigorífico, radar, sonda, GPS, WC, etc, e isso é útil, num determinado tipo de contexto. Está à venda, por falta de uso, novo, com pouco mais de 400 horas.


Ao nascer do sol, o Sprint vai à água, em Setúbal.


Para pescar, aceitando o natural desconforto de um barco que não tem WC, tudo o resto é mais positivo. Para pesca pura e dura, o semirrígido, sem dúvida.
Se o intuito é fazer pesca vertical, sem dúvida um barco maior, que tem espaço para oito pessoas, pode ser preferível, mas para grupos pequenos, de duas a três pessoas, e sobretudo para fazer spinning ou jigging, o semirrígido, é a minha opção.
Nas condições em que pesco, aquilo que me ocorre como evolução será um barco, também ele semirrígido, mas de maior tamanho, equipado com dois motores de 150 HP Honda.
Na verdade, a quantidade de pessoas que me pressionam para sair comigo é superior ao que admito ser conveniente ter a bordo. Preciso de espaço.
E não consigo conceber uma pesca em que os presentes a bordo disputam cada centímetro para poderem mover os braços, lançar uma cana, recolher um peixe.
O espaço é algo que se torna vital, quando temos um bom peixe a subir.
Por isso mesmo admiro as pessoas que conseguem aceitar as limitações que um kayak implica, e a gestão de espaço que são obrigadas a fazer, a ginástica de corpo necessária para poder ter sucesso. E por isso mesmo vos trago hoje ao blog um curioso filme de alguém que resolveu ir pescar de kayak para... o Panamá, apenas um dos melhores sítios do mundo para a pesca à linha.


Este é o barco que pesca.


Por falta de enquadramento legal, os kayaks não são considerados embarcações. E isso, aliado a um custo baixo, acessibilidade, facilidade de transporte até qualquer ponto da nossa costa, abre portas a uma utilização que tem vindo a subir a cada ano.
Não será isento de riscos, mas encerra em si uma promessa de pesca que tem vindo a ser explorada, e, por algumas pessoas, com assinalável êxito.
Pela parte que me toca, e porque necessito de levar muito equipamento de cada vez que saio ao mar, e porque me desloco dezenas de quilómetros afastado dos portos de abrigo, dispenso o dito.
Também me ajuda saber que em termos de segurança, estarei melhor no meu barco Sprint, companheiro de aventuras que me dá aquilo que necessito: conforto, velocidade, capacidade de carga, e espaço suficiente para mim e meus amigos.
Para que tenham uma ideia de como pode ser complicado trabalhar um peixe em kayak, trago hoje ao blog um filme que achei muito divertido, e que tem a facilidade de ser falado em brasileiro, língua irmã, que dispensa tradução.

Divirtam-se com as peripécias de um entusiasmado pescador de linha brasileiro, a bordo do seu kayak:


Clique na imagem para visualizar


Outra alternativa...



Vítor Ganchinho



5 Comentários

  1. ... de kayak, tudo é mais gostoso!

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    1. Experimente um dia a levar o " Mudar de vida".....pode pôr-lhe um motor in-board....de 600 HP.

      Sobre a divulgação do blog, nós deste lado não podemos fazer muito mais, tem de ser quem lê que, se puder, eventualmente passar aos colegas que conhece. Agradeço todo o tipo de divulgação, obviamente.


      Abraço
      Vitor

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  2. Também tenho um kayak, tem as suas vantagens como poder passar em zonas em que o barco não pode, logística, transporte e custos e desvantagens como não poder ir para muito longe, perder mais tempo na deslocação e também o tal espaço que falou. Mas quanto a isso até é uma coisa que se vai habituando tendo os processos simplificados. Nunca me tenho que esticar para nada e com uma cadeira confortável aguentam-se bem varias horas de pesca.

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  3. Também tenho um kayak, tem as suas vantagens como poder passar em zonas em que o barco não pode, logística, transporte e custos e desvantagens como não poder ir para muito longe, perder mais tempo na deslocação, dificuldade em pescar no rio com aguas grandes sem estar fundeado e também o tal espaço que falou. Mas quanto a isso até é uma coisa que se vai habituando tendo os processos simplificados. Nunca me tenho que esticar para nada e com uma cadeira confortável aguentam-se bem varias horas de pesca.

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    1. Boa tarde Rodrigo Cruz

      Como em tudo na vida, as vantagens e desvantagens dependem sempre dos nossos olhos. Há pessoas que veem um lençol todo branco, pese embora um pequeno ponto preto num dos cantos, e há pessoas que apenas veem um ponto preto grande e por isso o lençol não é nada branco....
      Acredito que há coisas que só podem ser feitas de kayak, e outras que dificilmente o poderão ser. Tenho amigos que pescam muito bem de kayak, e fazem pescarias soberbas. Veja no Youtube algo sobre António Pradillo, ou Raul GIl, e vai ficar encantado com duas pessoas que nasceram para pescar. E pescam muito, mesmo muito, em kayak.
      Eu desloco-me tantos quilómetros que seria inviável fazê-lo sem um barco rápido. Mas o meu estilo de pesca, que é o meu, criado por mim, exige esse tipo de deslocação. Hoje já fiz uns 150 km de barco, ...e estou vivo. Cheguei agora do mar.
      Mais um dia de pesca giro. Deu umas fotos e seguramente mais material para alimentar o blog. O mais difícil é ter fotos com qualidade....

      Um grande abraço!
      Vitor

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