SPINNING - A DISTÂNCIA A QUE LANÇAM AS AMOSTRAS

Quero dizer-vos que hesitei em abordar este tema. Este é um daqueles casos em que eu tenho mais dúvidas do que certezas, porque se presta a inúmeros mal-entendidos.
A razão é esta: as amostras lançam a X distância, em condições controladas, e partindo do princípio de que o pescador tem um equipamento “decente”.
Descascar este conceito de “decente” é o mais difícil, num país em que a maioria das pessoas nem equaciona gastar 100 euros numa cana, quanto mais 600 ou 700 euros.
E todavia, a qualidade das canas de spinning faz muitas vezes a diferença entre pescar e não pescar. Não serão o único elemento, mas são certamente um dos mais importantes elos de um conjunto que é composto também por carreto, linha multifilamento, baixada de fluorocarbono e amostra.
A questão que se coloca é de que irá aparecer gente a querer lançar estas amostras com canas de qualquer comprimento, de plástico, não reactivas, canas de 30 euros, porventura com linhas não especificas para spinning, e as amostras não irão tão longe.
E vão achar que é “aldrabice” do fabricante.
Quando se lançam amostras e se mede a distância, escolhem-se dias sem vento, porque se não faz sentido obter resultados lançando a favor do vento, com vento forte pelas costas, tão pouco fará sentido o contrário, registar distâncias obtidas a lançar contra vento forte …de frente.
Entendam os elementos que vos trago como algo obtido a partir de um fabricante que será seguramente um dos mais respeitados em todo o mundo, e por isso nos merece toda a credibilidade: a Daiwa.
É alguém que tem uma reputação de qualidade e seriedade acima de qualquer dúvida. Alguém que fabrica tudo. E tudo neste caso é mesmo tudo, desde as botas do pescador às calças, à camisola, ao casaco de protecção, ao boné.
E porque é isso que nos interessa, também fabricam as canas, carretos, linhas, e …amostras. Um catálogo Daiwa é um mundo de experiências de pesca em si. Uma entidade que fabrica para todo o mundo, que recebe informação de retorno sobre a qualidade dos seus productos de milhões de pescadores, e que teve 60 anos para trabalhar afincadamente no seu aperfeiçoamento, tem de saber fazer material de pesca.
Caso alguém o pretenda, poderá solicitar o catálogo electrónico Daiwa na loja GO Fishing Almada, contacto 212 742 292 . A Helena Neves trata de o enviar por e-mail.

A cana pode fazer a diferença entre sermos capazes de chegar onde está o peixe, e sobretudo onde ele aceita picar, ou não sermos, e por isso mesmo sermos cerceados de qualquer possibilidade de êxito.
Mas também as amostras podem ajudar-nos a chegar a essas zonas críticas. O seu design tem uma enorme influência sobre a sua capacidade de voo e distância alcançada, que, até ver, é aquilo que conta quando queremos chegar ao ponto onde estão os robalos. Por detrás da rebentação, por exemplo. Ou a uma distância em que estão de tal forma longe do barco que se sentem seguros e por isso mais predispostos a comer.
O trabalho que vos trago hoje tem a ver com a distância expectável a que alguém deveria ser capaz de lançar amostras de vários tamanhos e pesos. Tomei como ponto de partida uma amostra que aparentemente nada tem de extraordinário, a Daiwa Morethan Switch Hitter. Já aqui vos mostrei antes o que é possível fazer com ela.

Vamos analisar em detalhe a parte técnica, e as razões pelas quais devemos ter algumas destas unidades dentro da nossa caixa de amostras.
Não vos vou dizer que é esta ou aquela cor. Cada um de nós tem as suas preferências pessoais, as suas crenças, a sua fé, e quanto a isso, eu nem me atrevo a argumentar. Posso sim dizer-vos quais as que eu penso que podem ser mais eficazes nas nossas águas, na óptica da pesca aos nossos predadores mais comuns: robalos, lírios, anchovas, atuns sarrajões, etc. A meu ver, cores naturais, com brilho, sem pala frontal, quer na medida 65mm quer em 85mm, são uma escolha que rapidamente acaba por ser consensual.
Falaremos da animação a dar a esta amostra a seguir, de momento importa-nos caracterizar o producto em si.




Estão a chegar à GO Fishing em Almada algumas cores que estou certo irão dar alegrias a quem gosta de fazer spinning:




Tratamos de uma amostra fusiforme, sem pala, sem esferas ratling produtoras de ruído, e que é extremamente eficaz por isso mesmo, por ser simples e silenciosa.
Os peixes estão saturados de amostras barulhentas, na melhor das hipóteses não fogem, mas ficam indiferentes a elas.
A Switch Hitter trabalha um palmo abaixo da linha de água, afundando ligeiramente aquando de curtos impulsos que podemos dar com o pulso. Na minha opinião, trata-se de um producto que nos pode ajudar quando estamos numa zona muito massacrada por pescadores de spinning, procurando peixes que estão sauturados de ver passar-lhes ao lado amostras com pala.
Switch Hitter é um nome que já de si nos transporta para um “interruptor”, algo que faz o click, que desperta o peixe da sua postura estática.
Aquilo que noto é que no meio de muitas outras amostras, esta tem o dom particular de provocar reacções nos peixes. Não lhes é indiferente. Não raro, entre várias pessoas a pescar ao mesmo tempo, é a única a obter resultados.
São as suas linhas aerodinâmicas que lhe permitem voar tão longe. O fabricante teve o cuidado extremo de, depois de desenhar a estrutura, proceder a ensaios de campo supervisionados pelo eng Masaya Onuma, que confirmaram a excelência deste pequeno objecto. Vamos ver mais em detalhe como é feita esta amostra:




Em baixo, plano de construção da amostra:




Aquilo que vos parece ser uma simples cápsula de plástico equipada com duas fateixas, afinal tem dentro um peso oscilante de tungsténio, um íman magnético, uma linha de forma onde correm estes elementos, um bloqueador de peso secundário, e uma mola de recuo. Por outras palavras, há tecnologia aplicada no interior de cada amostra Switch Hitter.
Tudo isto é pensado por gente sentada em frente a um computador que trabalha por vezes anos até chegar ao ponto em que já não consegue aportar nada de melhor ao producto. E a seguir a peça passa para outra fase, a de testes. E aí, quer a resistência mecânica, quer a aplicação de cores, etc, tudo é visto e revisto à exaustão. E nós pescadores beneficiamos desse trabalho, aquando das nossas saídas de pesca.
Pescamos mais quando as amostras são melhores.

A longa distância de lançamento que a amostra possibilita também ajuda a chegar a peixes que estão mais descansados, menos receosos. E isso é meio caminho andado para provocar o “arranque” do peixe.
Assim, podemos esperar que a amostra mais pequena, de 65mm, faça lançamentos médios na ordem dos 65 metros, a de 85mm algo como 70 metros. É espantoso, porque falamos de amostras com 13 e 20 gramas. Existe ainda uma versão em 105mm, a qual pode ser encomendada por quem a desejar.

Vejam abaixo o diagrama Daiwa:



É uma amostra quase universal, pois permite pescar zonas baixas, ribeirinhas, estuarinas, e ao mesmo tempo a sua capacidade de atrair peixe do fundo, permite-lhe fazer subir peixes que estão alguns metros
abaixo, na expectativa de algo que surja.
Muitas vezes acabamos por utilizar jigs de baixo peso, que voam efectivamente bem, em módulo jig-casting, para chegar a zonas longínquas onde sentimos peixe a borbulhar. Esta amostra permite chegar lá, com a vantagem de produzir um trabalho de slalom, de deslize lateral que motiva o peixe a atacar. Tem efectivas vantagens sobre um jig, e explico porquê: a queda de uma peça metálica lançada a 70 metros, quando aterra, faz o ruído característico de metal que embate na água. É um som seco, que assusta o peixe que está mais próximo. Se não motivar a fuga, não o induz de forma alguma a morder. E isso para nós é igual a... não haver peixe.
Esta amostra, dado o seu baixo peso e forma bojuda, emite um “plop” que é muito próximo daquilo que fará um pequeno peixe que salta fora de água. Parece ser algo sem importância, mas não é. Os predadores saber ler todos estes sinais.
Nas minhas experiências de mar, procuro entender as diferenças de comportamento dos peixes, em função daquilo que lhes apresento.
Quando lanço longe um jig metálico, na ordem dos 10 a 20 gramas, na direcção de alguns peixes a comer à superfície, o efeito imediato é o afundamento e dispersão do cardume.
Poderei ferrar peixes a seguir, que estão entre a zona de impacto e o barco, mas aqueles que estavam junto à queda da peça estão perdidos. Quando utilizo uma amostra deste tipo, aquilo que verifico é que os peixes que estavam junto ao impacto acorrem ao “splash” da amostra e correm na sua direcção. A seguir, para garantir a picada, basta regular a velocidade de recuperação de acordo com o nível de actividade do peixe. Em dias de águas frias, recuperação mais lenta, em dias de águas quentes, recuperação mais rápida e irregular.
Em dias de água muito lisa, sem vento, com óculos polarizados, podemos conseguir fazer isto. Quando a superfície do mar está encrespada, nada disto é possível, e aí, lançamos e apostamos no facto de sabermos que estão lá e irão reagir de acordo com o seu padrão de comportamento habitual.
Para obtermos picadas, não necessitamos de muito mais que uma recuperação linear, mas se quisermos provocá-los, podemos dar ênfase a uma natação irregular, com bruscos arranques, entrecortados de ligeiras paragens. Este pára / arranca deixa-os fora de si, e temos muitas vezes um cardume inteiro a perseguir a amostra. Poucas coisas motivam mais um pescador de spinning que ver um robalo preso na fateixa e todos os outros à superfície, a tentar morder na mesma amostra!....


Sendo os robalos os peixes mais pescados, não deixa todavia de ser eficaz para outras espécies menos correntes.


No meu caso, optei por aplicar um triplo um pouco maior que os chegados de fábrica, na cauda, por termos peixes com bocas frágeis que obrigam a cuidados redobrados, o caso do robalo. Na verdade, não altera em demasia o regular funcionamento da amostra.


É lançar, é ter confiança que na outra ponta do arco-íris irá estar um pote cheio de ouro, que é como quem diz, o robalo da nossa vida, preparado para um combate duro.
Espero que tenham gostado do artigo.



Vítor Ganchinho



13 Comentários

  1. boas, pode indicar onde está o texto que explica como trabalha com esta amostra? obrigado

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    1. Boa tarde Paulo Silva

      Deixe-me adivinhar que é um indefectível apologista das amostras com pala...
      Esta amostra, e se ler com atenção o texto tem aí muitas indicações sobre ela, ( na verdade tem tudo o que necessita de saber), apenas necessita que saiba trabalhar com stickbaits.
      Quando as amostras têm pala, pode fazer uma recuperação linear, e isso basta. E quanto mais puxar por ela menos peixes consegue.
      Com estas, tem um manancial de possibilidades muito maior. Mas isso implica saber algo sobre o comportamento dos predadores, e tirar partido disso. Imagine que lança longe, e estas amostras lançam muito longe, e que faz uma recuperação intermitente, com algumas paragens e arranques bruscos. E que aproveita o "rolling" da amostra para a dar a ver aos peixes que estão a caçar no plano de água baixo. E ainda que tem um local de pesca não demasiado fundo, com obstáculos. Se tiver isso, tem tudo.
      O spinning é uma técnica onde podemos ser bastante criativos. Eu não filmo locais onde pesco porque no dia a seguir teria lá uma centena de pessoas e acabava o peixe.
      E os habitats levam meses a recuperar de excessos.

      Neste caso, utilize-a como uma amostra de sub superfície. Não baixa dos 30 cm, a não ser que lhe imprima mais velocidade. Que, no meu caso, acho desnecessário....


      Vitor

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    2. Paulo Silva28 junho, 2022

      sr vitor por acaso não. Tento experimentar tudo. Por isso queria experimentar essa amostra, infelizmente a go fishing tem amostras esgotadas, eu iria optar pela sardinha, apesar de ter algum receio pois a minha cana é 20 / 60gr de CW de 3metros (barros strout striker) e temo nao saber / conseguir trabalhar com amostra (por exemplo tenho a DR F da seika e nunca consegui tirar partido, e fui ate ao rio para treinar e mesmo assim não senti que consegui trabalhar com ela) perguntei pq algures no texto diz que ja explicou como trabalhar com ela e por isso queria ler.
      Caso tenha mais algumas dicas serão bem vindas.
      Abraço
      Paulo Silva

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    3. Bom dia Paulo Silva

      As amostras sem pala trabalham conforme nós quisermos que trabalhem. Eu tenho a certeza de que já comentei diversas vezes aquilo que faço com estas amostras. Em rigor, pode pedir-lhes tudo. São relativamente leves, mas o peso é suficiente para as colocar a cerca de 60 metros, desde que tenha uma boa cana. E é aí que normalmente as coisas falham, porque as pessoas querem que uma cana de 80/ 100 euros seja muito boa. Não pode ser. Se considerar que houve alguém que ganhou dinheiro a fabricá-la, que alguém ganhou dinheiro a transportá-la do local de fabrico até ao transitário, que o navio onde veio também ganhou, que a alfândega portuguesa ganhou direitos, que o despachante da mercadoria cobrou a sua parte, que a empresa de transporte que a levou para a loja também facturou e que o lojista que lha vendeu também teve de ganhar a sua parte, ....e que o Estado português ainda lhe cobrou 23% de IVA sobre o preço que pagou na loja,...imagine a "caliqueira" que comprou!
      Não há milagres.
      Tudo conta, a cana, o carreto, a linha ( e esta é mesmo muito importante...), esta última pode ajudar ou prejudicar imenso o trabalho da amostra. Se comprou linha para spinning está ok, se comprou a linha mais barata que havia, .... tem aquilo que é possível fazer com essa linha.
      As amostras trabalham bem ou mal, dependendo dos nossos equipamentos, e das nossas mãos. Daquilo que sabemos fazer com elas.
      Concretamente em relação às Daiwa Morethan Switch Hitter, eu tenho algumas centenas de peixes bons feitos com elas, e conheço-as bem. Pagam-se a si próprias na primeira saída de pesca.
      Vão chegar do Japão dentro de 4 semanas, a loja tinha até bastantes, mas de repente compraram todas. Aquilo que é corrente é que se consigam algumas, e alguém que as utiliza entende o potencial e a seguir vai lá e compra todas. E é preciso voltar a repor. E neste momento está difícil conseguir obter productos fabricados, na maior parte dos casos é preciso esperar algumas semanas.

      Mas vão chegar!

      Abraço
      Vitor

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    4. Paulo Silva29 junho, 2022

      Obrigado Sr vitor. Pode crer que vou aguardar. Gosto aprender e sobretudo apanhar peixe 😊. Uso multifilamento daiwa 8x, 0,16, fluocarbono da seagar 0,40.
      Carreto vanford 4000xg.
      Assim sendo a cana e o modo que uso são os pontos fracos 😁. Mas tento sempre melhorar. E garanto que vou pôr em prática todas as dicas que me deu. E dê certo que na altura e caso o permita o vou chatear a pedir mais dicas. Abraço e mais uma vez obrigado.

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    5. Bom dia Paulo Silva!
      É sempre um prazer ter alguém a comentar algo aqui no blog. Não hesite em colocar as suas dúvidas, pela parte que me toca tudo farei para ajudar. Mas já sabe que eu prefiro sempre "ensinar a pescar" em vez de "dar peixe". A minha missão aqui é despertar a curiosidade por alguns temas e pôr as pessoas a pensar. Porque cada um de nós é um caso diferente, especial, e pesca num contexto diferente.
      É muito importante que entenda o seu mar, que perceba o que se está a passar, e saiba como resolver as questões que ele lhe coloca.
      Pescar é isso, é utilizar a inteligência para obter bons resultados onde outros se limitam a lançar linhas. Se entender o que se está a passar debaixo da linha de água, já deu um passo em frente, rumo a um resultado que o satisfaça plenamente. Nada melhor que olhar para a água e saber o que o peixe está a fazer lá em baixo...
      Penso que uma linha 0.40 é excessiva, como chicote. Mas se pesca regularmente robalos de 9 kgs, não é.

      Abraço
      Vitor

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  2. Paulo Silva30 junho, 2022

    Quem me dera se vitor. O problema e que já tive mais fino e como pesco por vezes em rocha e sendo maçarico perdia amostras por a linha roçar na pedra. Mas sim eu não quero só apanhar peixe quero saber como fazer. Neste momento quero evoluir na cana ando a ver até posso evoluir dentro orçamento. Visto que aqui no norte o peixe não abunda como mais a sul tento aproveitar sempre que as condições o permitem para pescar e outras mesmo sem permitir tb vou para aprender o pq e testar.resumindo certamente vou pedir sua opinião e dicas mais vezes. Sinto que comecei a pescar "tarde" e neste momento tenho necessidade de aprender tudo de uma vez. Mais uma vez obrigado. Abraço

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    1. Bom dia Paulo Silva

      Para esse tipo de situações, a Varivas japonesa criou um tipo de linha que é imbatível. Eles chamam-lhe Ti, e trata-se de um fluorocarbono com cobertura de pelicula de titânio. O fio é transparente, e eu utilizo-o para fazer baixadas quando faço spinning, e mesmo jigging. Roça na pedra e não parte, aguenta a abrasão muito para lá daquilo que qualquer outra linha poderia suportar.
      Com 0.33 mm já faz coisas muito boas. Eu tenho peixes acima de 10 kgs feitos com esta linha.


      Abraço
      Vitor

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    2. Paulo Silva01 julho, 2022

      Mais uma vez obrigado sr Vitor pela dica, ja andei a ver no site da go Fishing.
      Sr Vitor afim evitar acrescentar comentários e muitas vezes nada tem haver com o tema iniciar existe outro meio que de vez em quando possa colocar uma dúvidas?
      Tenho uma questão na pesquisa no site da go da amostra tratada aqui encontrei outra a SALTIGA OVER THERE, esta amostra é identica, trabalha mesmo modo e aplica-se nas mesmas situações?
      Agora deixe-me propor aqui um tema, não sei se ja o fez no seu blog ( mas era outra sugestão, é que quando acedo ao blogue so consigo "visualizar 3 temas ", não existe modo de ver toda a lista de publicações?) e o tema que vinha sugerir era as cores amostras e quando utilizar principalmente na pesca ao robalo.
      Obrigado

      Abraço
      Paulo Silva

      Eliminar
    3. Boa tarde Paulo Silva
      Houve uma altura em que eu cedia o meu e-mail e o telemóvel para contactos. O resultado disso foi que deixei de conseguir pescar, era interrompido a cada 10 minutos, deixei de ser capaz de jantar com a família, e, espante-se com isto, cheguei a receber telefonemas às 2.00h da manhã de gente que queria falar comigo sobre carretos velhos que tinham em casa. Deixei de ser capaz de fazer uma refeição sem ter de atender 5 ou 6 pessoas ao mesmo tempo. A minha vida privada, pessoal, deixou de existir. Isso acabou.
      Por isso mesmo, eu escrevo para todos, não para uma pessoa. Tenho uma capacidade limitada de resposta, e quero crer que aquilo que existe escrito já resolve muitas questões.

      Sobre a questão da amostra Saltiga Over There, é um producto completamente diferente da Switch Hitter, com aplicação distinta. Esta amostra da Daiwa destina-se a pescas de espécies mais robustas, que estejam a comer peixe miúdo. Por exemplo para situações em que temos os atuns à nossa frente, e eles não pegam em amostras grandes. Porque são muito compactas e pesadas, é possível lançá-las a distâncias muito grandes. Os atuns são por vezes desconfiados, e se chegarmos o barco próximo, afundam e nunca mais os vemos. A solução é lançar de longe.
      Quando temos uma amostra leve, o mais natural é que se parta nos dentes deles. Estas Saltiga Over There são compactas, e aguentam esforços muito pesados.
      Entre nós, podem ser utilizadas para lançar em dias de mar muito mau, por detrás das ondas, mesmo com vento de frente. Fazem o trabalho de um jig, em versão casting.

      Há vários artigos publicados sobre as cores das amostras e jigs. Basta procurar.

      Sobre a visualização de temas: eu consigo ver pelo menos uma semana em cada ecrã, no meu computador. Se utilizar um telemóvel é natural que sinta limitações. Mas garanto que existem mais de 750 artigos publicados.
      Há uma seta vermelha na base de cada página, e que ao ser selecionada, passa para a semana anterior.

      Boas pescas para esse lado!

      Vitor

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  3. José Pombal01 julho, 2022

    Passei anos a acreditar que a vibração da amostra, os famosos "ratlling" e "wobling", eram importantes para despertar o ataque do predador. E que o que fazia despertar a desejada reacção era uma linha sensorial longitudinal que "equipa" quase todos eles. Idem que o "splash" da amostra na água serviria muitas vezes de ignição do processo de ataque e que não colocava o animal em fuga ou o inibia.
    Lendo as suas considerações, vejo tudo isso posto em crise. Agora o que dá é uma amostra pequena, suave e leve, silenciosa quando cai na água!! O Vítor chegou também à conclusão de que os peixes já estão massacrados pelo "ratlling" e, se não fogem, pelo menos já não reagem.
    Eu não sou nada no mundo da pesca e limito-me a tirar uns peixes de vez em quando aqui na linha de costa perto de minha casa. Uso amostras há muito tempo com uma taxa de sucesso que, em média, se mantém ao longo dos anos e já são, infelizmente, muitos. Nunca imaginei os peixes a ignorarem os enganos que lhes lançamos por estarem fartos de os ver. No meu curto entendimento, o peixe responde a estímulos por instinto e esse padrão de comportamento é muito estável. Afirmar que o peixe está "farto" de ver passar amostras é querer atribuir-lhe uma inteligência emocional que, de facto, não tem. É puro instinto e esse factor só se modifica em milhões de anos, inobservável no curtíssimo período de tempo em que há amostras. Acredito, sim, que os dias de pesca são todos diferentes uns dos outros e que o "antídoto" para isso é sempre o mesmo, variar a amostra até lhes dar o que eles "querem" nas condições específicas daquele dia, que pode ser semelhante a outras jornadas passadas mas, em rigor, é irrepetível. Posso até juntar a sua "switch hitter" às outras amostras que tenho no saco mas não as vou deitar ao lixo. E vamos ver o preço a que chega ao mercado! Com tanta tecnologia japonesa e publicidade vai ser cara concerteza. Abraço.

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    Respostas
    1. Bom dia sr José Pombal

      Obrigado pelo seu comentário.
      As linhas sensoriais que os peixes possuem não são em si um elemento de reacção a um estimulo de caça. São um sentido, conforme nós humanos temos o tacto, o olfacto, o paladar, a visão, o ouvido, sendo que cada sentido em si não é responsável pelo instinto de caça, pelo click que faz a diferença entre o sim ou o não, entre o atacar ou permanecer inactivo, mas sim um INSTRUMENTO a que o peixe recorre em determinadas circunstâncias. A activação de um ou outro meio de detecção de presas decorre da necessidade de recorrer a um meio especializado, quando outro não dá resposta, ou dá menos resposta. Faça-me um favor:
      Por boa que seja a sua audição, experimente a colocar as suas mãos em concha nas suas orelhas, e tente perceber ruídos longínquos. Vai ver que a sua capacidade auditiva aumenta exponencialmente na direcção frontal. Nós humanos damos por norma privilégio à visão, em detrimento da audição. Mas no caso de uma cegueira acidental, passamos a tirar partido de outros sentidos, nomeadamente a audição, ou seja, maximizamos os outros recursos que temos. O peixe faz o mesmo, num mundo em que tudo aquilo a que pode recorrer até pode não ser suficiente. As linhas laterais não os salvam das redes, e já se pesca com elas há muitos milhares de anos. O peixe desvaloriza-as, porque na natureza nada com aquele perfil tem aquela resistência mecânica.
      Se a água está completamente turva, a visão de pouco lhes serve. É aí que entram as linhas sensoriais, que fornecem os dados necessários ao peixe. E acredite que lhes dão muito mais informação do que aquilo que pode supor. Leia no blog artigos anteriores sobre o tema " linhas laterais", onde explico de que forma estão ligadas ao cérebro, e como funcionam as escamas perfuradas e essas ramificações nervosas. Essas linhas não são em si o elemento que irá despoletar o ataque, conforme se infere do seu texto. Podem até não interferir no processo de decisão, por exemplo se a água estiver bastante límpida. Aí, a visão só por si já é suficiente para fornecer toda a informação necessária. Como melhor, podemos pensar que será o conjunto de elementos sensoriais que no seu global irão interferir no acto de decisão de subir à amostra ou não. A linha lateral não é a responsável pelo "levantamento" dos níveis de agressividade do predador. É apenas um sentido.
      Veja a segunda parte da resposta a seguir.

      Eliminar
    2. Permita-me dizer-lhe que as presas naturais dos nossos predadores não exibem comportamentos tão pouco naturais como, por exemplo, o "ratlling". Não são conhecidos peixes forragem com esferas metálicas dentro deles. O meio marinho está cheio de ruídos, e está bem longe de ser um mundo de silêncio, mas não há memória de peixes que nadem a sacudir esferas em aço. Eu conheço o meio porque fiz e faço parte dele, enquanto mergulhador em apneia, há 40 anos.
      Um peixe que salta pode de facto virar sobre si as atenções, mas penso que estará a confundir um acto natural (tentativa de libertar parasitas, por exemplo), com uma persistente queda de um objecto pesado, que é feita sistematicamente, no mesmo local, de forma repetida, por dezenas de pescadores que procuram o mesmo. E que não resulta, por fadiga. Nesses casos, ser discreto é uma qualidade.
      Caso tenha possibilidade, vá a um local remoto, e num dia de águas limpas, observe o comportamento dos peixes ao sucessivo lançamento de vários tipos de amostras. Chegará à conclusão de que aquelas que melhor funcionam são as mais discretas. Utilize as amostras mais pesadas e com palas em dias de mar revolto, sem visibilidade, e com demasiado ruído ambiente. Aí sim, pode tirar partido delas. Eu não sou apologista da utilização de amostras discretas em todas as circunstâncias, terá lido mal aquilo que escrevi. Defendo sim que devemos utilizar a amostra certa no momento certo. E isso implica saber o porquê dessa escolha. Eu, que não dependo da venda de amostras ou de qualquer outro tipo de equipamento para viver, tenho independência financeira para poder dedicar a minha vida a fazer aquilo que gosto, à pesca, passo dias no mar a tentar perceber a diferença de fazer de uma ou outra forma. Também o facto de dar cursos de pesca sucessivos (tenho as inscrições completamente esgotadas até final deste ano) me ajuda a manter o contacto com o meio marinho e consequentemente a estar próximo dos peixes. Tenho milhares de horas a ver como fazem outras pessoas, com outras opiniões, outros métodos. E tenho algumas centenas de horas a pescar com especialistas japoneses que são bons na sua profissão: desenvolver productos de pesca.
      Mas se quiser continuar a utilizar o seu método de lançar todas as amostras para ver qual funciona, porque não? Eu não o faço, porque tenho normalmente uma ideia concreta daquilo que em determinado dia, hora e local, posso utilizar. Há padrões que podemos seguir. Deixamos que as inúmeras variações nos inspirem: marés, vento, vagas, ondas, suspensão, profundidade, tipo de fundo, areia ou pedra, época do ano, temperatura da água, pressão atmosférica, pressão de pesca no local, quantidade de estímulos/ pescadores presentes, etc. Há pessoas que seguem os outros, há pessoas que não têm ideia nenhuma sobre os critérios a utilizar, há quem lance à sorte, há quem experimente tudo e mais um par de botas, e há quem saiba muito bem o que está a fazer, e deixe o "ruído exterior" ocupar apenas uma pequena e ínfima fatia do bolo de uma tomada de decisão sobre esta ou aquela amostra. Normalmente essas pessoas têm experiência de pesca suficiente para poderem optar pela melhor solução para esse dia.

      Sobre a questão do preço das amostras, infelizmente não estamos num período em que possamos anunciar abaixamentos drásticos de preços. Em nada. Porventura já o notou no preço a que paga a gasolina do seu barco. Difícil é neste momento encontrar algo que custe metade daquilo que custava há dois anos.
      Não creio sequer que o preço de uma amostra tenha algo a ver com a sua eficácia. Ficaria
      espantado se visse o que alguém com um instinto superior de pesca, como o meu amigo António Pradillo, consegue fazer aos robalos, com um bocado de um chinelo de enfiar no dedo. Ele produz amostras para a marca Savage.
      O preço não tem nada a ver, mas a inteligência de fazer a melhor escolha sim. Isso faz muita diferença. E para se chegar a esse ponto, são necessárias milhares de horas a olhar para o mar.

      Um bom dia para si.

      Vitor Ganchinho

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