SUCESSO OU FRACASSO NA PONTA DE UM ANZOL

Cabe na palma da nossa mão a diferença entre ser bem ou mal sucedido na pesca.
Na verdade, a diferença é muitas vezes algo ainda mais ínfimo, uma ponta de anzol.
Quantas vezes já tivemos ataques de peixes que batem forte, mas não ficam? Na maior parte dos casos, isso deve-se a tentativas de poupança de alguns cêntimos, o custo de um anzol novo.
Perder um robalo de 5 kgs por não ter ficado bem ferrado... vale?
Quando equacionamos as despesas totais de uma saída de pesca, nunca consideramos os anzóis, por acharmos o seu custo irrisório. Estranhamente, é a peça que mais poupamos, de todo o conjunto.
Se considerarmos que um depósito de gasolina vale muitas centenas de carteiras de anzóis, porque não mudar esta pequena peça ao fim de uma dúzia de peixes de bom porte?


Este pesquei-o com um jig de 12 gramas da marca japonesa Xesta, …em jig casting, a baixa profundidade (8 metros…), numa zona inundada de peixe miúdo. Havia muitos robalos activos a caçar, a isca estava em reboliço, a saltar fora de água. 


A glória ou o fracasso de uma captura medem-se muitas vezes por uma ponta afiada, e resulta, o peixe fica, ou ponta romba, e vai embora. Tudo se joga naquela fracção de segundo em que temos contacto.
O peixe bate, fica, e nós enchemos o peito de ar e inchamos de orgulho, ou o peixe morde, mas não crava, e nós sentimo-nos miseráveis e em queda desesperada para o abismo.
E tudo porque não fomos suficientemente previdentes.
Substituir os anzóis deveria ser algo instintivo, e ser feito com alguma regularidade, pelo menos a cada pescaria mais intensiva. Pois se tivemos um dia de arromba, de muitos robalos bonitos, no dia a seguir vamos pescar com a mesma amostra (certo!) mas com as mesmas fateixas?...
Da mesma forma que a seguir a uma captura mais importante, que exigiu muito da nossa baixada, é de bom tom fazer a mudança. Porque este é um daqueles casos em que o topo da glória e o abismo profundo estão perigosamente perto.

Nunca sabemos quando chegará o momento do “grande”, aquele que nos faz levantar da cama bem cedo e motiva a enormes sacrifícios. Mas sabemos que quando esse momento chegar, tudo tem de estar preparado, porque um peixe com peso dá-nos apenas escassos segundos antes de ir embora. E se isso acontece, os nossos olhos abrem-se como pratos redondos e amaldiçoam o minuto que não tivemos para mudar uma fateixa, um assiste, uma linha de baixada.


Utilizo há anos estes assistes nos meus jigs de 30 a 60 gramas, para pargos e robalos. Para mim, este tamanho é o mais polivalente, por ser eficaz em peixes mais modestos, mas também em grandes exemplares. A GO Fishing tem sempre em stock.
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Mas há mais: para além do desapontamento evidente de quem sabe que perdeu uma oportunidade única de fazer um dos grandes monstros do mar, eventualmente um robalo de 8/ 9 kgs, ainda há o desgaste emocional de saber que a partir dali o dia está estragado. É muito duro conseguir sobreviver a uma rotura de linha, a um peixe desferrado quando isso aconteceu porque fomos negligentes. Custa-nos muito ter de engolir em seco, e ter de admitir que a nossa preguiça em fazer algo que leva menos de 30 segundos a fazer, conduziu a um resultado penoso e duro de viver. Podíamos ter feito mas... não foi feito.

A maior parte das pessoas peca neste sentido: uma amostra que vai à pedra, um jig que fica arrochado no fundo. Com algumas manobras de barco, com umas “fintas” a puxar para o lado contrário ao encalhe, por vezes "safam” a peça. Ficamos felizes de não ter perdido o jig.
Mas poucos são aqueles que perdem um segundo a observar as pontas dos anzóis, ou dos triplos...
É nesses casos que mais previdentes temos de ser. Se aconteceu uma prisão, OBRIGATORIAMENTE teremos de inspecionar as pontas dos anzóis.
Sob pena de estarmos a jogar uma roleta russa, com um revólver de seis balas, que tem dentro…três. Se estivermos num dia de sorte, não rebentamos os miolos, que é como quem diz, não nos vai fugir o robalo da nossa vida. E tudo por um mísero anzol... rombo.
Continuo a achar o robalo um peixe impressionante! Sem dúvida, é um peixe que podemos considerar uma dádiva dos céus para um pescador. Vale a pena perdê-lo por um anzol?!



Vítor Ganchinho



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