LOCAIS DE EXCELÊNCIA PARA PESCAR

Aqueles que, na qualidade de profissionais, trabalham na frota pesqueira e dependem dos resultados das suas pescas para ganhar a sua vida, para pagar as suas contas, aqueles que, sendo amadores, ainda assim gostam de pescar peixes grandes, e todos aqueles que trabalham com sondas e GPS no mar durante muitos anos, fazem sigilo dos seus pontos de pesca. Ninguém ganha nada com a divulgação livre das suas marcas de GPS. É algo que nem de faca apontada à garganta se revela.
O foco de grande parte das pessoas que saem comigo ao mar, infelizmente, está todo na obtenção desses pontos. Não é a técnica, não é o como, nem o quando, é o ONDE. Aquilo que mais lhes interessa é mesmo saber onde.
Não deixa de ser uma lástima. O que eu posso fazer é o resto: posso mostrar como, de que forma, e até o quando. E faço-o com gosto, com a alegria de quem assume a missão de informar, de mostrar a todos o caminho das pedras.
Mas não é isso que pretendem de mim. Muitos dos “pretendentes” a sair, têm barcos próprios com sonda e GPS. Esbarram no entanto contra a impossibilidade de fazerem os seus próprios roteiros sem ter de gastar um horror de dinheiro em gasolina.
Essa é a solução mais cara. Querem ter pontos, mas não os querem pagar, lutar por eles, ir à água e esvaziar um depósito sem trazer um peixe para casa. Sondar por sondar, percorrer milhas e milhas de oceano, é verdadeiramente caro e as pessoas não o querem fazer.
É dispendioso bater terreno, e mais agora com os combustíveis ao preço que estão. Foi sempre caro fazer este trabalho, mas agora é ainda pior. É ultra caro ir ao mar, ter de pagar o combustível aos preços actuais, e regressar a casa com marcas de uma ou duas pedras, que até podem não ser boas. Há pedras que foram de tal forma exploradas que mais não são que rochedos áridos, sem vida. Essas são as pedras que em tempos não eram conhecidas, e por isso mesmo tinham muito peixe.
Por excesso de pressão de pesca, ficaram vazias, exauridas de vida. Esta constatação serve para todos, para os profissionais (no Canhão de Setúbal, a zona do Poço da Morte é hoje um extra-explorado deserto que apenas tem redes velhas e cabos de aparelhos), e para os pescadores lúdicos.
Por isso, não contem comigo para denunciar pedras que conheço, perto da minha zona de trabalho, da minha casa, onde ainda há pargos, robalos, douradas, etc.
Prefiro guardá-las para os meus amigos, ou todos aqueles que posso levar a esses sítios sem correr o risco de algum deles pegar num telemóvel e marcar esses pontos.
As pessoas em quem eu confio nunca me fariam isso, porque sabem bem da responsabilidade que é gerir stocks de peixes de uma pedra. Vão comigo e isso basta-lhes.





Mas se não dou localizações das minhas pedras, porque não faz sentido, posso pelo menos ajudar de outra forma.
Não colide com os meus princípios mostrar-vos alguns locais mais distantes, onde se vai propositadamente, porque não ficam de passagem para nada, e são aquilo que podemos chamar de “zonas neutras”, isoladas.
Falamos de locais onde as condições de habitat são de tal forma boas que é impossível não haver peixe. Há sempre.
Não vos levo lá, mas ficam a saber onde pescam os que são verdadeiramente bons a pescar. Aqueles que voltam a terra com as caixas cheias. Isso acontece porque os locais frequentados são de tal forma excelentes que não deixam de dar todos os dias oportunidades para que se consigam peixes de excepção. Eu digo-vos onde é, sendo que devem ter em atenção eventuais alterações provocadas por legislação recente.
As novas reservas surgem de onde menos se espera e pode acontecer que nem se possa lá pescar por alguém ter decretado que não é “conveniente”. Não deixam de ser dos melhores pontos do país para acolher peixe nas suas imediações.
Verifiquem das limitações, e a seguir, sondem, encontrem o peixe, façam as vossas marcas e assumam as despesas de ter de ir lá. Pescar é uma actividade cara.
É tempo para investir em bons aparelhos de detecção de peixe, sondas com boa definição, módulos de qualidade para marcar pontos obtidos, os ditos pontos GPS.
Antes de mais, temos de saber o que é isso de Global Positioning System, GPS, e como podemos então marcar aquilo que nos interessa.


Corvina de 45 kgs arpoada pelo meu amigo Zé Vilarinho. Fiz esta foto há alguns anos, a bordo do seu barco Foca, depois de uma entrada no Porto da Arrifana.


As coordenadas GPS são formadas por dois componentes: uma latitude, dando a posição norte-sul, e uma longitude, dando a posição leste-oeste.
As coordenadas, neste contexto, são pontos de interseção de um sistema de grade e são expressas como a combinação da latitude e longitude.
Latitude é uma medida em graus de distância ao equador, que é valor de referência, 0 graus.
Já a longitude obedece ao mesmo principio, mas com a diferença de que não há uma referência natural como o equador o é para a latitude.
A referência de longitude foi definida arbitrariamente no Meridiano de Greenwich (passa pelo Observatório Real de Greenwich em Greenwich, nos subúrbios de Londres).
Podia ser qualquer outro local, mas se foi escolhido este, pois que seja.




A latitude e longitude são um número decimal, com as seguintes características:

- latitude entre 0° e 90°: Hemisfério Norte

- latitude entre 0° e -90°: Hemisfério sul

- longitude entre 0° e 180°: Leste do meridiano de Greenwich

- longitude entre 0° e -180°: Oeste do meridiano de Greenwich


Aquilo que marcamos nos nossos GPS em Portugal continental são coordenadas Norte e Oeste. Tenham em consideração que à nossa direita, a Este, temos Espanha, e a sul, o Estreito de Gibraltar e África.

Porque estamos num momento em que o país se movimenta para sul, para o Algarve, pois vamos ver então ver os sítios que eu “comprava” a sul, se estivessem à venda, e que são pontos bem demarcados, que não implicam trabalho de GPS, porque têm referências visíveis:


A Pedra da Agulha, na Arrifana. Ninguém pode sonhar as toneladas de sargos, douradas, robalos e corvinas que estas pedras alimentam. Isto meus amigos, é do melhor que temos no nosso país! Tem sempre peixe.


A Carrapateira. Incrível lugar! Junto à costa a espuma das Pedras dos Ingleses e ao largo, no canto inferior esquerdo, a mítica Pedra da Galé. Grandes memórias! Grandes peixes!


Meros, badejos, corvinas, pargos, douradas, sargos, …..tudo! Neste local vi as maiores concentrações de robalos, sargos e douradas da minha vida.
Na Galé, não é raro avistar meros, e curiosamente foi nos Ingleses, junto a terra, que fiz o meu mero menos profundo cá no país: apenas 6 metros.
Tinha 10 kgs e encontrei-o a perseguir uma santola que se escondia de mim, numa furna.
Se há lugares de culto em Portugal, este é um deles. Chega-se lá a partir da Arrifana, ou saindo de Sagres, onde existe uma rampa larga, com excelentes condições para dar entrada a barcos.


Quando não houver douradas, sargos e robalos nestas pedras ruivas, …não vale a pena procurar. Estão sempre tapadas de perceves, de mexilhões, lapas, cracas, e por isso são um frigorífico de porta aberta para quem quer comer.


A Pedra do Gigante. Aqui estamos na ponta sul do país, em Sagres. Entre o peão e a falésia, passam cardumes de corvinas nas alturas certas do ano.


Aqui sim, faz-se pesca a sério! Boas férias!



Vítor Ganchinho



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