OS ATRIBUTOS DE UMA BOA CANA DE JIGGING - CAP. III

Passámos em revista nos últimos dois dias alguns dados gerais relativos à construção de canas de pesca. Focámos a atenção num modelo especifico de cana, a que nos permite fazer spinning.
Mas os princípios são aplicáveis a todas as outras técnicas. Os fabricantes japoneses competem entre si no sentido de serem os primeiros em matéria de qualidade. E esse é um sentido que os motiva, que os anima a fazer bem feito.
Construir canas é toda uma ciência, e não é qualquer fábrica que tem a capacidade de produzir algo de verdadeiramente bom.
Trata-se de um trabalho moroso, a exigir precisão, a obrigar a uma atenção redobrada a cada uma das fases, sob pena de, em qualquer dos momentos finais, poder ser estragado tudo aquilo que se fez até aí.
A simples colocação de uma fila de passadores, por exemplo, pode ocupar por muito tempo diversos operários especializados. O seu alinhamento e a distância a que são colocados obedece a um estudo muito rigoroso. É um verdadeiro trabalho de engenharia, o cálculo do posicionamento de cada um dos passadores.
O tempo de secagem das colas pode chegar a dois dias, numa máquina rotativa que faz girar as hastes sobre si próprias, não permitindo que a cola se acumule e seque numa só posição, a inferior.
Há detalhes deliciosos que, todos juntos, resultam num produto premium.


Conhecer o circuito de fabricação de canas, desde o local onde são pensadas, até à zona de fabrico e montagem, ajuda-nos a entender o que podemos pedir a estes materiais. Aqui, o autor discute detalhes técnicos com o japonês Tsutsumi, a pessoa responsável por um dos departamentos de produção.


Ter a possibilidade de passar da teoria à prática, de analisar os dados técnicos e a seguir ir ao mar ver como eles funcionam, é todo um privilégio.
Não lamento as horas que dediquei a tentar entender as razões daqueles que produzem das melhores canas do mundo. Os japoneses são de uma amabilidade extrema e de uma paciência sem limites. Gostam de ensinar, de mostrar quais as razões que os levam a decidir desta ou daquela forma. E, sendo perfecionistas, trabalhando exaustivamente cada pormenor, forçosamente a qualidade do seu trabalho teria de ser muito boa. E ninguém faz canas melhor que eles.
Sou um admirador confesso do Japão, da gentileza e sensibilidade das suas gentes, e nunca me cansarei de os visitar. Aprendo muito com eles.
Em preparação tenho já uma visita de uma semana ao país do sol nascente, com o meu amigo e companheiro de pesca Carlos Campos. Trata-se de uma extraordinária pessoa que tenho a certeza que irá vibrar imenso com tudo aquilo que irá ver e ensaiar, com as conversas gostosas que irá ter com quem sabe mesmo muito de pesca e peixes. Os japoneses não escondem, ensinam. E isso é altamente motivador, cada viagem ao Japão é uma oportunidade de ficarmos a saber muito mais.
Foi isso que fiz e irei continuar a fazer, porque entendo que a formação é parte essencial da pesca. Começamos a pescar muito antes de chegarmos ao mar...


Sair ao mar com uma pessoa destas é ter a garantia de um dia bem passado, com muitos ensinamentos. Reparem na quantidade de canas que levámos, umas 40, com comprimentos diferentes, com acções diferentes, para situações de pesca distintas. A cerca de 700 euros cada…..algo como, a preço de venda, 28.000 euros em canas. Mais os carretos... as linhas, etc. Em baixo, à esquerda, podem ver uma caixa de jigs novos. Testámo-los todos.


Não é só peso, extremamente leve, ou a facilidade com que operamos uma cana destas. É tudo junto. São leves, mas super resistentes, permitindo trabalhar nos modelos com acções mais elevadas, trabalhar jigs até...1,5 kgs.
Passadores Torzite, blanks de carbono super leve e resistente, porta-carretos de qualidade superior, aportam a cada uma destas canas um nível de qualidade excepcional.
Ter nas mãos uma cana que pesa pouco mais de 120 gramas e poder trabalhar com ela jigs de 600 gramas na perfeição, é obra!
Esta gente trabalha o carbono como ninguém, sabem o que estão a fazer, e são mestres, produzem para o mundo. Sendo que no seu país, com cerca de 130 milhões de habitantes, a percentagem de pescadores é muito elevada.
Isso implica que o tempo de espera por uma cana encomendada possa chegar aos 2 a 3 meses.




A fábrica produz quatro séries de canas diferentes entre si, com muitas variantes possíveis, para que cada pessoa possa escolher aquela que melhor se adapta às suas características pessoais.
Também fazem o mesmo com jigs, os quais podem ser personalizados ao gosto de cada um, com a opção de peso, formato e cor pretendida.
Não se pode pedir mais a uma fábrica, eles são flexíveis até …à unidade.


Aqui, o autor, com Pedro Rosa e Gustavo Garcia, à chegada de um dia de pesca com o “boss” da fábrica japonesa Deep Liner, o senhor Higashimura, depois de inúmeras experiências com canas e jigs. O nosso amigo e anfitrião tem um boné GO Fishing na mão.


Quando queremos aprender a sério, é bom que isso se faça com quem verdadeiramente sabe do ofício.
E estes japoneses sabem de pesca aquilo que mais ninguém sabe.
Grandes momentos!!



Vítor Ganchinho



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