AS DOURADAS ESTÃO AÍ!

Sei que quase todos vós pensam que uma dourada é essencialmente um peixe mariscador. Que comem mexilhões, perceves, ameijoas, e...caranguejos.
Sim, caranguejos vocês todos sabem que elas comem.
Antes fosse só isso, dizem os alevins de muitas espécies de peixes. Na verdade, são carnívoros muito proactivos e atacam muitos outras espécies de peixes, e não necessariamente de pequeno tamanho.
Querem saber como confirmar isso?
A primeira coisa a fazer será pescá-las. A segunda, e digo isto perfeitamente convicto, é sermos sempre nós a escamar e arranjar o peixe. Não delegamos em ninguém!
Abrimos o estômago das ditas e é certo que vamos conseguir informação preciosa. Uma análise cuidada dar-nos-á elementos úteis para a fase seguinte, que é precisamente sabermos o que comem. Logo, aquilo com que as podemos tentar.
Esventar os peixes que pescamos dá-nos muito conhecimento útil, e repito, não devemos deixar que sejam outras pessoas a fazê-lo.
Claro que me vão dizer que para pescar é com caranguejo e mais nada. Não, bem longe disso.
Já aqui vos tinha trazido informação sobre douradas pescadas com cavala. Desta vez, fui mais longe e fiz mesmo um filme, para que confirmem que as podem conseguir com uma isca que tem tanto de eficaz quanto de barata.
Com um jig de 10 a 20 gramas, (5 gramas se elas estiverem perto da superfície é ainda melhor), pescamos as cavalas num instante, 15 minutos bastam, e a seguir, vamos às douradas.
Com cavala…pois então!


Com montagem tradicional, eis uma dourada pescada com cavala.


Vejam o filme:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.


Vão ter a oportunidade de as conseguir nos próximos meses, numa romaria que irá levar muita gente ao mar, na ânsia de dar com os cardumes destes bichinhos.
É um momento crítico da sua vida, uma altura do ano em que as gónadas desenvolvidas as irão impelir a comer com muito menos cuidado que o habitual.
Estarão, por força das ovas que crescem dentro de si, mais fragilizadas na sua desconfiança natural a montagens de pesca.
Aquilo que vos peço é que tenham a noção de que há limites para a exibição de fotos com caixas cheias de peixes de reduzido tamanho. Tem a ver com decência, e se o factor legal não pesa por aí além, pois permite capturas a partir dos 19 cm de comprimento (como é possível??!!!), deve no entanto imperar o senso de responsabilidade que cada pescador deve ter em si.
Devemos ser nós próprios a saber decidir o que é pequeno demais para ser conservado, já que a lei permite o absurdo de uma minúscula dourada de 19cm ser considerada legal.
Mostrar um balde cheio de pequenas douradas não reduz muito a dignidade das douradas, elas são o que são, mas seguramente diz bastante sobre a dignidade do pescador que o faz.
Para as pescarmos grandes e fortes, teremos sempre de as deixar crescer. Parece simples de entender, e é, mas para a maior parte das pessoas com pouca formação de pesca infelizmente isto não faz sentido.


Este peixe provoca em muitas pessoas um nervoso miudinho inexplicável. Não são mais que um espárida que pode nas nossas águas atingir 7 kgs de peso, mas nos próximos três meses irão provocar uma desenfreada corrida ao …ouro.


Para que entendam um pouco mais sobre a vida desta espécie, convido-vos a voltar atrás algumas semanas e a ler artigos publicados sobre o tema. Há alguns, com uma abordagem mais técnica sobre as suas caraterísticas, hábitos alimentares, reprodutivos, etc.
Para quem prepara a época das douradas, não perde de ler um pouco sobre elas.
Também me parece útil referir que existe equipamento especifico para o tipo de pesca “ à chumbadinha”, com peças em tungsténio com formato em gota, concebidas para pescar de 30 a 80 metros de fundo.
A peça é a que podem ver abaixo, e porque o tungsténio tem o dobro da densidade do chumbo, permite que o peso tenha por isso mesmo… metade do tamanho.
Ajuda a pescar naqueles dias em que as douradas estão desconfiadas. Existem em 35 gr, 42gr e 56 gramas.
A linha entra na zona mais estreita (para que a ferragem seja mais rápida) e sai a meio, tendo uma corrediça em plástico macio, para protecção da linha.
A dourada não sente resistência, porque a linha corre com facilidade.


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Relativamente a linhas, aquilo que é indicado, é um fluorocarbono com um diâmetro de 0.37mm, muito mais que o suficiente para encostar ao barco uma dourada do peso das que irão estar na Vereda, em Setúbal, ou na ponta do Cabo Espichel. Esta linha pode ir à pedra sem risco de rotura, já que é fabricada pela Varivas com uma protecção em titânio que lhe confere uma enorme resistência à abrasão.

Vejam a imagem seguinte:

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Quanto ao anzol a eleger, sem dúvidas o SOIW- BN, (Black Nickel) um anzol forte mas muito afiado, com acabamento niquelado, a passar discreto no meio das iscadas de caranguejo, ou…cavala.
Cada carteira de anzóis tem o preço de 1.60 euros, um valor baixo para a extrema qualidade deste produto. O tamanho 4/0 também pode ser considerado, no caso de o tamanho das douradas ser inferior a 1 kg.


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Com cavala, sem dúvidas.



Boas pescas!



2 Comentários

  1. Boas!

    O problema de pescar com cavala é que existirão sempre outras espécies oportunistas que irão tratar da cavala antes de passar uma boa dourada por ela. Ou se tem a sorte de cair à frente do nariz de alguma, ou os outros pequenos peixes acabarão com a isca em menos de nada. Daí a opção por pescar com iscas mais rijas, difíceis para peixe pequeno poder comê-la como é o caso do caranguejo e principalmente do lingueirão com casca. Eu, pessoalmente, na minha zona do Tejo e Sado uso lingueirão com casca.

    Um abraço!

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    Respostas
    1. Bom dia Rodrigo Cruz

      As soluções que encontramos têm sempre a ver com as zonas onde pescamos.
      Se estiver numa zona onde existe muito peixe miúdo será assim. Mas felizmente ainda temos muitas outras onde o peixe mais pequeno tem algum cuidado em não entrar "demasiado"....
      Há locais onde o difícil é que exista peixe mais miúdo, porque a concentração de pescado de grande tamanho não convida a isso.
      Eu onde sei que podem existir douradas grandes mas também algum peixe mais pequeno, pesco com...jigs ligeiros.
      O caranguejo verde tem o seu espaço, sobretudo para os pargos sêmolas, (pargos riscados), e as douradas, que estiveram cerca de 3 meses em pesqueiros com pouco mais de 20 metros de fundo. Mas não é a única isca que pode ser utilizada.
      Fizeram-se pescarias de 100 kgs de douradas/dia na Vereda, com peixes de 6 / 7 kgs, e o caranguejo não era sequer considerado na altura.
      Houve mesmo um período em que as ameijolas , e bombocas, eram o isco mais utilizado, e esse é atacado por toda a sorte de peixe miúdo.
      Porventura pescará em troços de rio/ mar menos profundos e aí a utilização de iscos duros faz sentido, porque está a pescar na maternidade de peixes, os estuários.

      Há meses que as douradas são capturadas dentro do Sado com lingueirão com casca. Pela informação que tenho desde...Julho.

      Boas pescas.

      Vitor

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