LIXOS NO MAR

A história é deliciosa, e não resisto a contar-vos:
Duas simpáticas raparigas belgas foram atacadas pelas orcas.
Ninguém as salvou de um valente susto, já que a situação em si é de alterar os nervos a qualquer pessoa.
Mas felizmente conseguiram sair fisicamente ilesas do acidente, ficando para contar como foi.
Como danos mais visíveis, o patilhão do seu veleiro partido. Não deixa de ser estranho que as orcas centrem a sua atenção nesta peça, infelizmente algo de cada vez mais corrente neste tipo de ataques.
Impossibilitadas de continuar viagem, tiveram de refugiar-se na Marina de Leixões e aí proceder à respectiva reparação.




Enquanto aguardaram o términus dos trabalhos, e demonstrando bem a nobreza do seu carácter, resolveram aproveitar os dias para fazer recolha de lixos.
E é isso que as torna dignas de figurar hoje aqui no blog.
Teremos sempre espaço para gente como esta. Não que o assunto em si seja mediático, ou esteja sequer directamente conectado com o acto de pesca (indirectamente está, porque os lixos plásticos degradam-se no ambiente e transformam-se em microplásticos, e estes são ingeridos pelos nossos peixes…), mas porque a acção é nobre, e é de realçar.




A sua determinação acabou por contagiar outras pessoas, e em pouco tempo havia mais gente a limpar a praia.
Se todos ajudarmos, o espaço marítimo fica limpo de detritos, de tudo aquilo que é comum encontrarmos: cotonetes plásticos, escovas de dentes, tampas de garrafas, embalagens de iogurtes, caixas de medicamentos e toda a sorte de detritos. Vestígios de actividade humana pouco responsável.
Importante seria não poluirmos, termos a noção de que a jusante, tudo o que fazemos vai parar ao mar.
Mas se já não vamos a tempo de não sujar, então que se limpe.




Aquilo que aconteceu a estas duas amigas não será caso único, já que estarão reportados cerca de 50 casos de ataques nos últimos tempos.
Eu próprio já as encontrei por diversas vezes no mar, sendo que até hoje nunca me mostraram qualquer tipo de agressividade. A última vez que as vi, a norte de Sines, eram 4 animais, um deles francamente maior que todos os outros, porventura um macho velho, e que não mostrou interesse no barco Sprint, mais que acompanhar durante uma centena de metros a minha marcha. As outras orcas estavam entretidas com qualquer outra coisa, e acabaram por ficar para trás.
Mas não são os barcos a motor aquilo que as faz reagir, apenas os veleiros.
Pressuponho que a marcação destes bichos com um sistema GPS possa dar a todos aqueles que navegam no mar a possibilidade de serem informados pelas autoridades marítimas da sua localização ao momento. E deixar descansados todos aqueles que sulcam as nossas águas continentais, quer de passagem, o caso, quer de saída para a pesca desportiva.




Neste caso, fica o registo do acidente, e fica a dedicação ao meio ambiente destas jovens.
E porque não, o altruísmo que revelam em limpar praias de um país que não é o seu, mas que as acolheu num momento de aflição.




Em Portugal haverá sempre espaço para receber estrangeiros com este tipo de mentalidade. Sejam bem-vindas!
Um pouco daquela praia passa a pertencer-lhes, por mérito próprio.



Vítor Ganchinho



2 Comentários

  1. Respostas
    1. Também achei que sim, e por isso trouxe ao blog esta acção.
      É meritório que gente que nada tem a ver com o nosso país se mobilize para limpar as nossas praias. E que com isso, com a sua atitude positiva, consiga motivar os locais para que se sigam o seu exemplo.
      Fiquei muito feliz por saber deste caso.

      Abraço!
      Vitor

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