Num horizonte projectado a 2030, muito daquilo que hoje fazemos em termos de pesca lúdica será proibido.
As medidas tomadas implicam uma mudança radical na forma de encarar a produção de materiais plásticos, e afectam tudo. E nomeadamente a pesca desportiva.
Muito do equipamento do pescador acaba por, de uma ou outra forma, ser altamente poluente para o meio ambiente. Exemplos? O chumbo, das vulgares chumbadas.
Sabem quais os números envolvidos a nível europeu? De 2000 a 6000 toneladas/ano! É isso que se perde na natureza …no fundo do mar, e que a nós nos parece algo inofensivo.
Mas a nossa chumbada não é a única que prende na rocha, somos muitos a quem isso acontece. A União Europeia está de olho neste dado, pelo que ele tem de nocivo em termos ambientais. O chumbo é um poluente.
Já estamos a passar agora por um período de transição, iniciado em 2021, e que é de 3 anos para objectos em chumbo até 50 gramas, e de 5 anos para objectos em chumbo acima deste peso.
Os fabricantes de chumbo contrapõem que 1 kg de chumbo custa 2 euros e que, por exemplo, 1 kg de tungsténio custa 30 euros. Vão pela razão preço.
O primeiro funde a 327 graus, o segundo a 3400 graus, logo com custos energéticos acrescidos.
Mas não fica por aqui.
Muitos fundos ficarão completamente envenenados por acção humana. Um dia, os peixes viverão num meio ambiente ainda pior... |
Também os produtores de amostras de pesca terão de se reinventar, pois o plástico é um problema. Perdem-se amostras presas nas rochas e na boca dos peixes.
Falamos de amostras mas também das suas embalagens, as quais têm uma agravante: são utilizadas uma única vez, retiramos a amostra da embalagem e deitamos fora.
Isto aumenta a sua carga poluente. Aqui, o conceito é o da utilização única, factor também visado pela EU.
Tudo isto vai ter de mudar.
A pesca, como a conhecemos, vai mudar muito. Fala-se hoje de energia circular, tudo tem de poder ser reciclado.
O assunto do dia é a fabricação dia artigos de pesca correntes, os que fazem parte das nossas rotinas habituais. E isso pressupõe utilização de produtos biodegradáveis, para evitar a poluição do mar através de plásticos e outros que tais.
Tudo irá mudar, a começar pelos preços, Já se sabe que toca ao produtor garantir o pagamento da sua reciclagem, o que quer dizer aumento directo dos preços ao consumidor. Não há milagres.
O ciclo de eco-concepção está previsto, planeado, e hoje em dia os grandes fabricantes estão já a preparar-se para entrar no ritmo.
Este ciclo inclui o fabrico, o transporte, a distribuição, a utilização, o fim de vida, a valorização através de reciclagem, e finalmente a sua recuperação enquanto matéria prima para o fabrico de novo produto.
Difícil? Sim, mas necessário.
Já existem muitas regiões dos oceanos onde a vida é algo de raro. |
A quantidade de fertilizantes que lançamos nos terrenos agrícolas está a envenenar as águas, e a distorcer por completo o equilíbrio ambiental.
As algas passam a ter condições de proliferação anormais, e isso está longe de ser positivo. A cada dia o problema marinho agrava-se, porque todos os dias empobrecemos mais e mais os solos. Nesta corrida desenfreada pela satisfação das necessidades alimentares.
Se cada vez mais existem mais pessoas, cada vez iremos necessitar de mais alimentos. E a solução encontrada, até agora, é a de acelerar a produção.
Fazer mais alimento em menos tempo.
As consequências são alarmantes para o mundo marinho, porque é ali que tudo vai desaguar. Tudo o que fazemos acaba no mar…de uma ou outra forma.
Na verdade, não falta alimento para todos. A produção é suficiente para que toda a gente tenha a sua parte.
Aquilo que acontece é que existem quantidades excedentárias em zonas muito longe dos locais onde a sua necessidade mais se faz sentir.
E por isso é necessário transportar alimentos, custeando o seu transporte, gastando combustíveis fósseis, e assim sendo, encarecendo produtos que, a serem produzidos localmente, seriam bem menos onerosos.
É o planeta a sentir a necessidade de se reorganizar.
O blog peixepelobeicinho está e estará sempre atento a questões ambientais. No limite, elas afectam a qualidade da nossa pesca.
Vamos obviamente continuar a acompanhar este processo, e a trazer-vos novos dados.
Vítor Ganchinho
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