A TÉCNICA DE JIGGING CORRETA

Vejo muitas pessoas fixadas em executar na perfeição gestos técnicos de pesca que viram fazer….a outros.
Os canais das redes sociais servem-lhes na perfeição porque mostram como os outros, noutros países, com outras espécies, outras condicionantes, conseguem peixes.
Mas esquecem que a cada quadro de pesca corresponde uma realidade diferente, e que obviamente não é transponível para todas as situações.
Não é possível generalizar aquilo que é uma situação única. Aquilo a que a imensa gente parece ser uma técnica perfeita, não é mais que a forma certa de fazer ali, naquele momento.
Com determinadas condições de vento, de corrente, de visibilidade da água, de peso do jig, com determinado equipamento, cana, carreto, e sobretudo linha, aquela forma de pescar é a correcta.




Esquecer isto é acreditar que existe uma fórmula mágica que resulta sempre, que é infalível. Desculpem a franqueza: isso não existe.
Como podemos querer transformar em sistema rígido e estático, padronizado, algo tão dinâmico quanto um peixe e as suas circunstâncias?!
O que me parece importante é mesmo entender o porquê, a razão de, naquela ocasião, naquelas condições, ter resultado.
Essa é a sabedoria que vale a pena reter, a que pode ser replicada, a que trará dividendos no futuro.




Parece-vos lógico que se pesque da mesma forma de Inverno e de Verão, ainda que no mesmo local? Poderá estar correcto que se crie um padrão de pesca universal, baseado num sistema métrico, ou de meia manivelada, ou uma manivelada, ou 1/ 4 de manivelada… a cada x segundos?
E que isso sirva sempre? Para todos os peixes? Sempre?! Deixamos ao critério da cana, da sua acção e das suas recuperações? Mas assim sendo, pescamos sempre com o mesmo peso de jig, à mesma profundidade?...
Como podemos fazer isso? Afinal a cana é que sabe? É uma cana automática?!!
Assim sendo, a temperatura da água não tem, pelos vistos, qualquer tipo de influência. É pois indiferente que o peixe se mova em água quente, a 21ºC, ou em água fria, a 13ºC. É isso?
Então e os tempos de reacção? Poderá o peixe em águas geladas ter o mesmo dinamismo que teria se por acaso estivesse em águas quentes?
Como podemos então exigir-lhe a mesma capacidade de movimentos? Enrolamos linha no carreto à mesma velocidade?! Então a maré não conta, a velocidade de deslocamento da água não interessa?




Se a visibilidade é curta, por acção das chuvas ou por descargas recentes de barragens, se a água está verde e carregada de sedimentos, é igual a pescar em águas azuis com 20 metros de luz?
Então e pescamos com a mesma côr de jig ou amostra? À mesma velocidade?
Costumo tocar neste tema quando faço cursos de jigging, e deixo a quem sai comigo a iniciativa de experimentar várias velocidades de recuperação, e diferentes acções de animação.
Inclusive experimentar vários jigs, com formatos diferentes, para obter assim diferentes velocidades de descida, de subida, de deslizamento lateral, de sustentação no plano de água.
E espantem-se com isto: variando de situação para situação, há de facto uma velocidade certa! E para complicar as coisas, não é sempre a mesma...
Muito rapidamente as pessoas chegam à conclusão de que devem procurar o padrão que nesse dia, a essa hora, nessas condições, melhor resulta.
Outra questão prende-se com o diâmetro das linhas. A maior parte das pessoas só se sente segura com linhas grossas. Mas perdem muitos peixes por isso, deixam de os ter na amostra.
A animação transmitida ao jig não é igual, ganha ou perde vida em função da “corda” que o limita.
Embora existam obviamente limites, a tendência será para que o número de toques seja superior quando utilizamos fios mais finos.
Por norma devemos sempre tentar utilizar a linha mais fina possível, tendo em consideração a expectativa de peixes que podem surgir no local. O resto é drag e mãos, e não é pouco, nós somos capazes de muito com as nossas mãos.
Por termos o polegar oponível aos outros dedos, somos capazes de fazer maravilhas!
Se o peixe excede em muito as nossas expectativas, manter a calma e executar friamente ajuda imenso. E se isso falhar, se a dada altura entrarmos em pânico por acharmos que o peixe pode fugir-nos, …abrimos um pouco a embraiagem.
Isso pode dar-nos alguns segundos de alívio, embora seja uma falsa sensação de segurança. Podemos perder o peixe precisamente por falta de controle.
Conheço pessoas que não concebem sequer a ideia de pescar fino. Porque já partem de um princípio de “perda”, de que façam o que fizerem tudo irá correr mal. É um princípio errado.
Reconheço que em certos momentos ajuda muito ter Cristo do nosso lado. Utilizar linhas muito finas leva-nos muitas vezes para além do impossível, mas isso também traz alguma adrenalina ao acto.




E passamos a seguir para as cores. Também são importantes, pois não será igual ter o dia a nascer, ou pescar com o sol a pino, com águas abertas, solarengas, ou tapadas, escuras. Um dia cinzento, nublado, é igual a um dia de sol a brilhar, sem nuvens?
Isto faz sentido?
Saber entender de que forma podemos ajudar o peixe a encontrar as nossas amostras faz parte do caderno de encargos de qualquer pescador que se preze. O mar dá-nos a resposta, assim saibamos entender o que nos diz.




O processo nem é complicado, apenas necessita de alguma atenção, algum cuidado. Saber ler o mar, saber entender aquilo que o peixe quer naquele momento, é demasiado importante para ser ignorado.
Adaptação, é a palavra certa, a chave para decifrarmos aquilo que os peixes pedem nesse dia, nesse momento, nessas condições particulares.
A resposta dos peixes, e os resultados obtidos, como sempre, são o melhor barómetro daquilo que estamos a fazer. Se não executamos bem, não pescamos.
Não é o mesmo que dar um osso a um cão, eles, os peixes, podem escolher outra comida ali mesmo ao lado. Sem anzol.



Vítor Ganchinho



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