TIRAR CARTA DE PESCADOR - 18

Pescar robalos com jigs é algo de muito motivador.
Para o conseguirmos, não basta ir ao mar e lançar as nossas peças metálicas para o fundo.
Por melhores que sejam os jigs japoneses, e digo-vos que eles estão a fazer equipamentos de incrível qualidade, (ver jigs da marca Little Jack na loja on-line da GO Fishing), cheios de engenharia técnica, bonitos, autenticas obras de arte, eles não bastam em si para garantir pesca de robalos, ou pargos.
Será bom pensarmos que nenhum objecto, por mais caro que seja, nos poderá dar peixes, se nós os formos procurar onde não estão.
E digo-vos mais: é do trinómio habitat- vida/ técnica de pesca/ equipamento de pesca, que podem sair os resultados que todos ambicionamos.
De nada adianta tentar pescar peixes onde eles não estão, nem adianta estar num local pleno de peixe, se não soubermos o que devemos fazer. Ter peixe e saber pescar é fundamental!


Aqui, por estar corrente forte, utilizei uma agulha, um jig longo e estreito, de 40 gramas, uma peça da Cultiva, em cor sardinha. Os assistes afiados da Shout fizeram o resto. Preso por dois anzóis, este pargo não teria muitas hipóteses que não partir a linha, …mas era um 0.33mm da Varivas.


Não gostaria que associassem qualidade de pesca a jigs caros. Não tem nada a ver. Não é o preço dos jigs que determina a sua qualidade, é o seu design técnico e a pintura, ou cobertura no caso dos novos jigs, cada vez mais realistas.
Seguramente não irão contestar que peças que imitem na perfeição a queda descontrolada de um peixe moribundo terão mais probabilidades de conseguir atrair sobre si as atenções predatórias que um “prego” concebido num vão de escada por alguém que de jigs e pesca sabe o eu sei de lançamento de naves espaciais à lua. Há gente a produzir material de pesca que nunca esteve no mar com uma cana de pesca na mão!
Devo dizer-vos que opto por este ou aquele jig em função das condições de mar que encontro. Mas há dias, e sobretudo quando sinto que o peixe tem mais possibilidades de estar em capas de água superiores, em que nem lhes toco.
E porquê? Porque me divirto muito mais a pescar com amostras de borracha. No final do Outono e no início da Primavera, se quiserem quando o peixe está a comer mais próximo da superfície por ter águas mais quentes, temos as condições ideais para pescar com estas iscas artificiais.
Pescar com vinis, se quiserem com uma combinação de um cabeçote de chumbo e um vinil a imitar um peixe, pode ser bem mais produtivo que pescar com jigs. Para isso, basta que o peixe que nos interessa esteja, …perto da superfície.
É possível pescar com vinis a profundidades muito significativas, até abaixo dos 100 metros de fundo (há cabeçotes de chumbo de 100/ 150 gramas à venda na GO Fishing), e vinis com tamanho para isso. Mas aí, aquilo que nos pode aparecer serão os pargos, algum peixe-galo, um ruivo, um cantaril.
É perto da linha de água, até aos 20 -30 metros, que os vinis nos brindam com peixes que a maior parte das pessoas nem sonha: sargos, douradas, pargos, atuns sarrajões, bicas, lirios e….robalos!
Pescar com vinis é uma experiência completamente diferente e, no que me diz respeito, é muito mais dinâmico e espetacular. As picadas são muito violentas, a emoção está garantida.
As vibrações emitidas pelas borrachas deixam-nos loucos! E estou a falar de vinis simples, uma carteira de meia dúzia de vinis não custa mais que alguns euros, e já falamos de material de extrema qualidade, como a Fishing Arrow, por exemplo.
Os vinis podem ser menos "atractivos" para os pescadores, mas não necessariamente por serem menos eficazes. A grande questão é que não os sabem utilizar. Tirando a evolução que tem sido feita na pesca da corvina de grande tamanho com vinis macios de 12 a 15 cm de comprimento, e a prova que funcionam está à vista de todos, pouco ou nada tem acontecido de realce nos últimos anos.
As pessoas não acreditam que funcionam, e por isso não os utilizam. Se um dia pegarem numa cana ligeira e forem lançar amostras de borracha macia num local com peixe a sério, entendem rapidamente o potencial incrível que tem o vinil.
Pela minha experiência pessoal, resulta melhor um vinil que um jig, desde que nas condições certas. O vinil tem uma ação mais atraente para o predador.
A combinação cabeçote de chumbo/ vinil pode oferecer-nos, em certas condições, uma excelente alternativa para os jigs. Basta para isso que o peixe esteja a um nível superior, e que tenhamos o conjunto de cana/ carreto certos para poder trabalhar as nossas amostras.


Um amigo finlandês que levei no barco Sprint a pescar uns robalos. Veio de lá muito entusiasmado... Este tinha 3 kgs. 


Tenho pessoas que participam nos meus cursos de pesca que me dizem: “mas nós lançamos mais facilmente um jig metálico”….
Sim, podem lançar. Mas a pesca não é um acto desportivo de lançamento de um peso. Não é só isso, ou os lançadores de martelo, disco e peso seriam todos eles bons pescadores.
Lançar a amostra é apenas parte da questão, a seguir começa a prova de água, a de tentar convencer um peixe a morder o nosso artificial. E aí, o vinil ganha!
Com o cabeçote de chumbo certo, qualquer vinil lança bem o suficiente para chegar onde queremos. E isso mesmo com muito vento.
A seguir, o vinil oferece possibilidades incríveis de ser trabalhado, a toques de pulso, a recuperações intermitentes, com paragens bruscas, com afundamentos e posteriores recuperações acima, enfim, pode fazer-se de tudo, desde que se saiba o que fazer.
Para queles que são especialmente dotados de mãos, colocar um vinil a fazer uma atraente ação em zigue-zague, não é difícil. Chama-se a isso fazer “darting”. Os robalos trocam os olhos e não são capazes de resistir.
Também a colocação do anzol virado para cima, em vez de um triplo por exemplo, pode ajudar aqueles que pescam em pesqueiros baixos, a não encalhar a amostra.
A recuperação do vinil é simples, se se tratar de um shad, com cauda de pala, basta recuperá-lo razoavelmente rápido. A cauda irá promover uma vibração suficiente para dispensar mais “trabalho”.
Para aqueles que querem tirar mais partido ainda do vinil, muitos movimentos podem ser feitos, mas esses dependem já da sensibilidade de cada um, e das condições de mar que temos diante dos olhos. E a sensibilidade não foi distribuída por igual a cada um de nós.
Há pessoas que entendem quase de imediato aquilo que devem fazer, e outras que levam dias e dias e não conseguem enxergar a técnica certa. Porque limitam a sua acção ao básico, ao lançar e recolher uma amostra. Fazem-no sem alma, sem espírito crítico, sem tentar entender as razões dos peixes.


Os sandeel slugs, da Savage, funcionam muito bem com cabeçotes de chumbo. Podem pescar-se vários peixes do mesmo cardume porque eles voltam a morder mais e mais... para eles isto é irresistível.


Posso dar-vos apenas um exemplo, um simples detalhe, para que entendam do que falo: no início da Primavera, quando a temperatura da água ainda é relativamente baixa, a recuperação das amostras deve ser um pouco mais lenta.
Isso tem a ver com as condicionantes que os predadores sentem por estarem a evoluir numa água ainda gelada. Perdem mobilidade.
Também no Outono, quando as águas já começaram a arrefecer, os vinis podem ser muito eficazes, mas necessitam de uma velocidade de recuperação mais lenta. O peixe está tolhido de movimentos, reage de forma mais lenta, não tem a mesma agilidade que teria se a água estivesse quente.
E há pessoas que, independentemente da temperatura da água, recolhem sempre a amostra da mesma forma, à mesma cadência. E se não pescam nada, ainda pior, aumentam a velocidade, por acharem que estão a pescar lento demais. E deixam pura e simplesmente de ter toques.
Que acontece? Qual a razão de ser dessa gente não conseguir resultados, ainda que esteja tremendamente bem equipada, com boas canas, carretos, linhas e até a amostra certa?
O que se passa é que essas pessoas não souberam ler os sinais do tempo. Se está vento, se a noite foi fria, de geada, se sopra um vento norte frio, isso gela as águas. Para elas, tanto se dá, a última coisa que irão fazer é meter a mão na água.
Essas pessoas estão no barco, ou a pescar da praia, e têm um casaco quente vestido. E por baixo, uma camisola polar, bem quentinha. Mas de Verão, não têm essa roupa toda, vão pescar de camisola de manga curta, ou até em tronco nu. Porque está calor.
Eles mudam de vestimenta, porque procuram a o seu conforto.
Aquilo que pedem aos peixes é algo que eles não podem dar.
Mal comparado é como se, com muito frio, com tempo agreste e não obstante a temperatura gelada da água do mar, se peça aos peixes que se entretenham a caçar os nossos artificiais, ….à fresca! Alegremente, em tronco nu...



Vítor Ganchinho



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