Se vocês soubessem como é triste e desesperante pescar em certos países da Europa, ficariam encantados com a facilidade com que pescamos em Portugal….
Uns dias melhores e outros piores, sim, mas sempre com algo para pescar. A época que atravessamos, com águas um pouco mais frias, é para mim um período muito interessante.
Desde logo porque é uma estação que levanta dificuldades técnicas a quem pesca, e isso é muito excitante.
Depois porque há algumas espécies que aproveitam a ocasião para encostar a terra, o caso das lulas, das bicas, dos pargos das Canárias, dos atuns sarrajões, e isso mantém-nos em actividade constante. E garante o jantar da família.
O que vos trago hoje é alguma informação sobre um desses peixes, o Dentex canariensis, (Steindachner 1881) o pargo das Canárias, que nesta altura do ano nos enche de alegria ao lançar-se desabrido contra os nossos jigs. A sua distribuição é sobretudo feita ao longo da costa ocidental de África, conforme podem ver pelo mapa que publico abaixo.
Acredito que na zona do Espichel estaremos muito próximos do limite que esta espécie sobe nas nossas águas, embora acredite que pontualmente possam ocorrer peixes bem mais acima.
Mas no nosso país, o Algarve será sempre a zona mais rica neste tipo de visitantes, referenciados como comuns no Estreito de Gibraltar.
Talvez o nosso amigo Luis Ramos nos possa elucidar sobre a sua presença nas suas águas do Lobito, Angola. Seria interessante saber também que pesos podem atingir naquela região.
Luis, ficamos à espera do comentário vindo daí, de Angola!
Embora o mapa não o indique, tenho informação do meu amigo António Pradilo, de Valência, de que também entram no Mediterrânio. |
É um peixe muito impulsivo, o que no caso vertente nos dá muito jeito a nós, lançadores de jigs.
Podemos pescá-los com relativa facilidade até aos 6 kgs. O tamanho mais comum será algo compreendido entre os 2 e os 3 kgs. A sua caracteristica mancha escura nas costas não permite erros de identificação.
Há muitos, podemos ferrar vários na mesma manhã, e apenas temos de atender ao facto de gostarem de ter alguma água em cima. Não são peixes que arrisquem muito nos baixios, antes preferem cotas na ordem dos 50 a 80 metros de fundo.
A sua agressividade natural leva-os a morder fortemente os nossos jigs. A partir daí é ferrar bem, aguentar as primeiras corridas, e a seguir fazer a recolha de forma simples.
Quando maiores, forçam as linhas e os anzóis, pelo que convém ter alguma atenção à qualidade do equipamento.
São deliciosos na cozinha, não deixem de experimentar levar ao forno, com as tradicionais batatas e cebola.
Fiz um pequeno filme com um dos primeiros que pesquei este ano.
Vejam como eles chegam à superfície:
Abaixo mostro um dos pargos que fiz, (reparem na malha escura no dorso), com um jig Little Jack de 40 gramas.
São peixes muito bonitos, que lutam bem, e por isso mesmo emprestam muita dignidade ao lance. Fico sempre muito feliz por chegar o tempo deles e saber que vou poder pescar uns quantos nas pedras do costume.
Seria interessante saber até que latitude eles chegam, talvez algum dos nossos leitores do norte possa dar-nos essa informação.
Ficamos à espera de comentários dos nossos colegas praticantes de jigging, que operam mais a norte.
Boas pescas para vocês!
Vitor Ganchinho
Bom dia Luis
ResponderEliminarPois este fim de semana fiz uma saída de jigging, e a um dos peixes fiz-lhes aquilo que o Luis faz às garoupas gigantes: umas palmadinhas na testa para... acalmarem o nervo.
Já passo por WhatsApp.
Estou a contar os dias.
Estou a mandar vir material do Japão de propósito para essa saída.
Ainda assim, vou apresentar-me em Benguela com um conjunto ligeiro, para testar até que ponto aquilo vai....
Não vale rir se a coisa não correr bem, porque o mais provável é que as minhas geringonças
não aguentem a pressão dessa bicheza. Mas vou tentar.
Já faltou mais....
Abraço
Vitor