PEIXE DA ÉPOCA

Nesta fase do ano, a base daquilo que temos disponível nos baixios está perfeitamente definida: são os pelágicos que aproveitam a menor pressão dos peixes do azul, os filtradores, para largar as suas posturas na coluna de água, e aqui englobamos as sardas, os atuns sarrajões, as grandes cavalas ovadas. Também as lulas andam por aí em bom número, com tamanhos a oscilar entre o 0.5 kg e o 1,5 kg.
E por outro lado os peixes de fundo, aqueles que não temem as temperaturas baixas, nomeadamente os pargos capatões, os pargos das Canárias e as bicas.
Para os dois últimos, este será mesmo o melhor período do ano para os encontrarmos.


Foto feita pelo nosso amigo José Rodrigues. Pequeno capatão capturado com jig Shimano de 40 gr, a partir da costa, e obviamente libertado.


Todos os outros estão mais fundos, beneficiando da água mais quente, mais confortável, onde podem invernar com o mínimo dispêndio de energia possível.
Recordo que os peixes são animais de sangue frio, ou seja, seres cujo corpo se encontra à mesma temperatura da água circundante.
Este é o momento de procurar os pargos legítimos a maior profundidade, abaixo mesmo dos 100 metros, onde se concentram junto aos cardumes de comedia que agora aí vivem.
Para quem pesca com carretos manuais, e ainda assim insiste em pescar com isco orgânico, os cardumes de carapaus podem ser um autêntico flagelo.
São muitos, são vorazes, e não saem do local. O que significa que, ou saímos nós, ou aceitamos pescar carapaus todo o dia...


Aqui um pargo das Canárias com cerca de 2 kgs, uma espécie que cada vez mais faz parte do leque de pargos que podemos conseguir nas nossas águas. Utilizei um jig de 30 gramas da Little Jack, e porque havia lulas nesse dia, apliquei na altura um triplo na cauda do jig. E consegui algumas…


Nesta altura do ano é bem mais provável que nos morda um pargo destes, que um pargo legítimo.
São peixes que gostam de alguma profundidade, adoram os 60 a 80 metros, e por isso devemos procurá-los nessas cotas, em pedras com algum recorte, irregulares, com comedia por cima.
Devem procurar rocha alta, com um contorno irregular na sonda, o que quer dizer que terá zonas onde um pargo pode montar as suas emboscadas, onde se pode esconder dos olhares do peixe miúdo.
Não é peixe que o faça a partir de buracos na rocha, antes preferem as investidas feitas a partir de uma parede de pedra. Conseguem com isso o melhor de três mundos. invisibilidade, protecção da força da corrente, e por fim a possibilidade de desferir um ataque a muito curta distância.
Estes peixes, depois de embalados, são muito eficazes nas suas acções. Estão armados com dentes que prendem o pequeno peixe, ou lula, ou caranguejo, e não largam.
Isso são muito boas notícias para nós, que os queremos agressivos, no limite, com uma dentada forte e decidida sobre o nosso jig.
Vejam os dentes deles:


Este peixe teve um mau encontro, algo lhe cortou parte do lábio inferior e deixou um corte profundo. Já estava assim quando o pesquei.


Quando vamos por estes pargos, temos sempre um dilema a resolver: se está vento necessitamos de um jig mais pesado, que nos dê mais conforto a descer.
Queremos pescar na vertical, e se o jig leva muito tempo na descida dificilmente conseguiremos ter a linha a cair direita.
Mas por outro lado, também é verdade que os jigs mais pequenos são os que mais pescam, a animação dada uma peça de 20 gramas é muito mais eficaz que a que conseguimos dar a uma de 40 gramas.
Assim, o dilema é conseguir pescar fundo, em boas condições técnicas, mas utilizando jigs muito leves.
Pode parecer impossível, mas não é.
Temos ao nosso dispor vários utensílios que podem ser-nos úteis: desde logo o paraquedas, que nos ajuda imenso a travar o barco em dias de ventania.
Podemos também optar por jigs mais compridos e mais estreitos, em detrimento de jigs curtos e largos, os quais levam muito mais tempo a baixar. Por isso vos digo que uma boa coleção de jigs ajuda imenso a obter resultados. O que agora funciona bem, quando o vento pára, ou a corrente abranda, deixa de ser o mais indicado. Por isso mesmo, não consigo entender a dúvida de escolhermos diversos modelos de peças, pois a cada situação de mar corresponderá uma que é a ideal. Há quem queira fazer tudo com um único jig, e os resultados sofrem com isso.
A seguir, podemos reduzir o diâmetro da linha, o que irá fazer com que o jig, embora leve, possa descer muito mais depressa.
E ainda podemos recorrer a derivas mais pronunciadas, ou seja, a começar mais cedo, a darmos mais tempo para que desça, para que o jig esteja na crista da pedra no momento certo. Para isso, deixamos um resguardo de mais uns 20 a 30 metros de distância entre o ponto onde sabemos começar a rocha, e o ponto de paragem do barco aquando do inicio da deriva. Resulta.


Os meus peixes não surgem do nada. São sim o resultado de muito trabalho e atenção a pequenos detalhes.


Um outro detalhe que me parece importante é o estado de lubrificação do carreto.
É ele que irá determinar se vamos conseguir pescar na vertical, ferrando directamente de baixo para cima, ou se iremos ter de enfrentar a “estucha” de tentar ferrar um peixe com a linha oblíqua, a dezenas de metros do barco.
A maior parte das pessoas nem quer saber do assunto. Os nossos carretos de jigging (e ainda há quem pesque com carretos convencionais, a fazer jigging??!!), são peças de alta tecnologia, e necessitam de ser cuidados.
A diferença é só esta: há um momento em que dependemos do carreto, da sua fluidez de saída de linha, Isso não depende da nossa força, nem do nossos desejo. Depende sim da qualidade do nosso material, somada à qualidade da nossa lubrificação.
A seguir, a parte em que o jig já está no fundo, passa a depender da nossa força, do nosso músculo, do nosso braço. Nessa fase, a lubrificação já não é …tudo.
Tenho amigos que utilizam, quando pescam com carretos com guia fios, massas lubrificantes grossas. Isso é quase tão mau quanto não usar nada!
A razão prende-se com o seguinte: os carretos de jigging pressupõem um libertar de linha rápido, fluido, sem travamentos. É exactamente para isso que são construídos!
Para isso, é certo e sabido que a corrediça onde desliza o guia fios tem de estar lubrificada com um óleo muito fino. Algo que deixe passar o anel do guia fios sobre o veio, sem atritos.
Se utilizamos uma massa grossa, (aquilo que devíamos sim utilizar no parafuso sem-fim que faz a inversão sistemática do sentido de deslocamento do guia fios, para um e outro lado do carreto, e consequentemente a distribuição da linha ao longo da bobine), então o que estamos a fazer é colocar um travão sobre a saída de linha! E para isso, não precisamos de mais dificuldades nenhumas, já temos um problema que nos impede de pescar!
Esqueçam os peixes que picam mal, os dias de vento, o frio, as mãos molhadas, porque afinal, só com a utilização errada do lubrificante, já temos que chegue de dificuldades.
Assim sendo, e para que fique o registo, devemos utilizar um kit de lubrificação, sendo o óleo muito fino o indicado para a protecção integral do carreto dos salitres, (a sua aplicação faz-se sobretudo depois de o lavarmos e secarmos em casa), o dito veio onde passa a corrediça, e ficamos por aí.
A seguir, recorremos à outra embalagem de lubrificante, a de óleo mais grosso, e passamos (por injecção da agulha que podem ver na imagem abaixo) no parafuso sem fim.
E temos o carreto pronto para pescar mais um dia. No fim da pesca, lavamos e repetimos a operação.
Complicado? Nem tanto se considerarmos quanto custa um carreto de jigging, e o quanto necessitamos que esteja em boas condições de utilização.

Se querem saber o que utilizo, é isto:

Clique AQUI para ver na Loja Online


A embalagem azul (Grease) para peças interiores, engrenagens e o dito parafuso sem-fim.
A embalagem vermelha (Oil) é a que deve ser utilizada na corrediça exterior onde desliza o guia fios. É isso que irá permitir a saída ultra rápida da nossa linha, e consequentemente a chegada em tempo recorde do jig ao fundo. Com isso, conseguimos obviar a problemas causados pelo vento. Quando as condições de pesca são más, ter estes factores do nosso lado pode ser a diferença entre pescar bem e não pescar nada. Entre o estarmos felizes da vida a encher a caixa de peixes, ou andarmos a “penar”, num calvário de dificuldades que afinal de contas, começaram na nossa própria incúria, no nosso desleixo.


Os peixes que me dobram a cana são o resultado da soma de dezenas de factores, que eu consigo colocar a meu favor. Quantos mais detalhes ignorarmos, menos peixes nos irão surgir…


Os peixes de Inverno estão aí, e estão como de costume, agressivos para os nossos jigs, com vontade de os morder. 
Se soubermos fazer, conseguimos de certeza. 
 
O blog estará sempre disponível para vos dar sugestões, conselhos técnicos que possam ajudar a que os resultados sejam os melhores. 
Disponham!

Amanhã celebraremos um marco importante no PEIXE PELO BEICINHO, e com ele temos preparada uma surpresa para todos os nossos estimados leitores, por isso não percam...



Vítor Ganchinho



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2 Comentários

  1. Boa tarde Vítor
    Todos os dias aprendo 😁👍
    Vamos todos ficar à espera dessa surpresa 😊
    Grande abraço
    Toze

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    Respostas
    1. Boa tarde Tozé!

      Andam uns peixinhos aí fora, a morder nos jigs.
      Tenho feito pargos, bicas, lulas, e alguns azuis.
      Vai muito brevemente ver filmes feitos com eles. Para amanhã, o Hugo preparou uma surpresa. Espero que as pessoas gostem.
      Ainda nem comecei a escrever sobre a viagem ao Japão, mas o tempo irá chegar....
      De momento, estou a dar-lhe com força, a fazer uns peixes bonitos.


      Abraço
      Vitor

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