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Aquela bolinha azul, ao lado da lua….somos nós! É mesmo aí que nós pescamos.

Não sei se estão a ver o problema: parece pequena, mas nela cabem todos os pescadores do mundo, e todos os seus sonhos.

Há milhões de pessoas a pescar neste momento. Eu podia ser uma delas, mas estou aqui, a dar aos dedos para vocês.

Escrevo sobre pesca. 

Escrevo sobre temas que me dizem algo, de canas a anzóis, de carretos a jigs, de ondas a peixes. No fundo …sobre mar.

A intenção é a mesma de sempre: ajudar quem necessita de mais e melhor informação.

Há dois anos atrás, o Carlos Campos lançou-me o desafio de escrever algo sobre mar. E eu achei que faria sentido.

Hoje, tenho muito mais dúvidas que certezas sobre a utilidade de todo este trabalho. Será que vale a pena?

Foram dois anos de algum sacrifício. Posso assegurar-vos que por vezes deixei de ir pescar para poder garantir a publicação de um texto dia.

Resultado final disso: muitas centenas de textos, alguns milhares de fotos, algumas alegrias mas também muitas decepções. 

Explico-vos porquê: muitos dos leitores de hoje, serão os mesmos que adquiriam revistas de pesca há alguns anos. Essas pessoas esperavam ansiosamente, durante um mês, o dia de poderem comprar nas bancas a sua revista de pesca. Uma publicação que tratava de forma específica do seu hobby, da sua pesca, dos seus peixes.

Adquiriam revistas para ter informação, e pagavam por isso.

Eu tenho mais de 30 anos a escrever e sei que alguns dos artigos por mim escritos e aqui publicados, poderiam constar de qualquer dessas revista de pesca. Sei disso porque os editores fizeram o favor de publicar os meus textos durante todos esses anos. E continuam hoje a publicar, nomeadamente o "Noticias do Mar", jornal on-line dedicado a eventos marítimos.

Irei em breve iniciar a minha colaboração com uma prestigiada revista de pesca francesa. É mais uma a somar a outras publicações portuguesas com as quais colaborei, e colaboro, sempre numa base gratuita.

Sem falsos pretensiosismos, mas também sem falsas modéstias, penso que alguns dos artigos aqui publicados poderão por vezes ter atingido um razoável nível de qualidade. E muitos deles, quase todos,  foram absolutamente ignorados.

Eventualmente por excesso, por “fartura a mais”.

Hoje, essa informação passa gratuitamente nas redes sociais, nos blogues, e porque está sempre disponível, as pessoas desvalorizam.

Esquecem que já pagaram por aquilo que agora ignoram.

A eficácia das canas de jigging ligeiro é tremenda. São elásticos dos quais os peixes não conseguem libertar-se.

Aquilo a que assistimos hoje é a pessoas que querem saber todos os segredos da pesca muito depressa. A sociedade de consumo em que vivemos induz a uma leitura em diagonal, rápida de alguns segundos, e a descartar o que levou horas a produzir por alguém.

As pessoas não querem aprender, querem saber. Querem tudo no mesmo dia, sem passar pelas diferentes fases do conhecimento.

Eu escrevo para vos ajudar a pensar, para fazer o clic, não para dizer. Não para vos dizer tudo. Não é isso.

É preciso querer passar para o outro lado do saber, recolhendo informação, (eventualmente aqui no blog), mas testando-a a seguir, experimentando, arriscando fazer diferente.

É um processo moroso, que implica sacrifício e tempo.

Da mesma forma que a noite divide os dias a meio, entre o brilho da luz solar e o breu do escuro nocturno, também a boa informação cava um fosso entre os que sabem e os que nunca saberão. Mas pescar implica trabalho, implica testar ideias, ser criativo.

Por isso deixo pontas soltas, pontas por onde vocês podem pegar e desenvolver temas. Dou pistas, não dou conhecimento feito, embalado, fiambre fatiado, pronto a consumir.

Falo-vos de experiências, de momentos de pesca vividos por mim, querendo muito que vivam os vossos. O importante não é o que faço, mas o que vocês podem fazer!

Estou aqui, pronto para ajudar, mas não o farei indefinidamente nestes moldes. Não vou prolongar um trabalho árduo que iniciei há dois anos, e que me roubou muitas horas da minha vida, para quem nem se dá ao trabalho de colocar um like no fim de uma página.

É um segundo. E eu nunca escrevi um artigo para vocês ...num segundo.

Fiz o que fiz, com a qualidade que consegui, passando-vos em letras as imagens que os meus olhos viram, passando-vos o mar que soube aprender.

Passei-vos os meus dias bons e os meus dias maus. Passei-vos as noites frias e mal dormidas dentro do barco, o vento que me gelou os ossos no mar, as esperanças renovadas com que todas as madrugadas começam. Passei-vos o nascer do sol. 

Estive lá para obter conhecimento técnico e passei-vos isso. Fi-lo de forma gratuita, sem qualquer custo para quem lê.

Vou dar início a um sonho antigo, o de escrever um livro sobre pesca. Não um livro qualquer, não mais um livro, mas….O LIVRO.

Para isso preciso de tempo, e não vou poder publicar mais que dois artigos por semana.

Certamente entenderão a necessidade que sinto de ter tempo para mim.

O blog mantém-se vivo, aqueles que colocarem questões vão vê-las respondidas, sem dúvida, como sempre. A partir de hoje, o blog irá sair com textos, fotos e filmes, à razão de duas publicações semana, às terças e sextas.

O staff que edita e produz o blog peixepelobeicinho fez um incrível trabalho de remodelação, trabalhou num up-grade editorial que me enche de orgulho.

O blog está hoje mais bonito, mais funcional. Espero que gostem tanto quanto eu.

A responsabilidade dessa mudança é do Hugo Pimenta e significa muitas dezenas de horas de trabalho.

Chego a convencer-me que a paciência de quem faz o favor de me ajudar nestas coisas da pesca é ilimitada. Um beijo à minha mulher, que acorda quase todos os dias da semana às seis da manhã, numa missão de enorme sacrifício, para que eu possa chegar à pesca a tempo de fazer o crepúsculo diurno, um momento mágico para quem lança linhas à água.

Vocês não imaginam o trabalho e esforço que implica saber apenas um pouquinho mais de pesca...

Hoje é o meu dia de aguardar aquilo que vocês irão escrever para mim. Tentem fazer textos ao meu ritmo, escrevam um artigo por dia, durante dois anos. Talvez então entendam….

Meus amigos, vou passar a escrever menos e a pescar mais.

Vítor Ganchinho

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