PESCAR CARAPAUS COM JIGS - PARTE 1

Haverá certamente muitas outras formas de os conseguir. 
Se é verdade que podemos utilizar um aparelho com vários anzóis cobertos por penas, e conseguir com isso uma grande quantidade deles em tempo recorde, não é menos verdade que isso apenas nos vai encher a geleira mais depressa, roubando-nos por completo o prazer de pescar. 
Não temos pressa! Peixes tão vorazes quanto os carapaus, pescam-se com jigs, em qualquer altura do ano, e em quase todas as condições de tempo e mar. 
Aquilo que vamos ver hoje e amanhã, servirá sobretudo para aqueles que querem iniciar-se nas lides da pesca e querem saber como devem preparar as suas pescas, e como fazer para serem bem sucedidos 
nesta “ingrata” missão de pescar carapaus. 
Ingrata …porquê?!...
Porque no fim de tudo, não teremos um único peixe troféu, algo de importante para contar aos amigos. Pescar carapaus não conta, não faz brilhar os olhos a ninguém, excepto a quem os vai assar na brasa daí a algumas horas. 
Eu, pescador de carapaus me confesso: pesco-os porque sim! Não por acaso, mas sim de forma objectiva: faço-lhes pesca dirigida, com o intuito de conseguir alguns bem frescos para assar na grelha, em casa. 
Vou a pedras onde sei que estão todo o ano. Sei que estão lá e sempre com um calibre razoável. Por isso, quando passo perto, não hesito em fazer uma paragem, de forma a que possa oferecer em casa um jantar saudável, gostoso, e fácil de trabalhar. 
São ricos em ómega 3, e em termos de saúde um verdadeiro seguro de vida para nós. 
Toda a gente sabe grelhar carapaus: é sal por cima e um bom lume de carvão.  
 
O meu amigo Carlos Campos também os aprecia, e por isso vamos muitas vezes lançar os nossos jigs nas pedras onde eles são presença firme. 


Em Setúbal temos duas possibilidades diferentes: o carapau manteiga, ou carapau branco, de nome cientifico Trachurus trachurus, de melhor qualidade, e o carapau negrão, o Trachurus picturatus, maior, mas de inferior qualidade na grelha. 
Um outro carapau, o do Mediterrâneo, não é tão comum entre nós, pelo que nem me vou referir a ele.  
Há muito carapau, não temos ainda de nos preocupar com a sustentabilidade da espécie, que forma cardumes de muitos milhares de indivíduos. Crescem cerca de 20 cm logo no seu primeiro ano de vida, o que significa um rápido crescimento. 
Ao fim de 2 anos os machos e fêmeas estão aptos a procriar e isso são boas noticias. Vivendo acima dos 20 anos, a reprodução é assegurada por diversas vezes, o que assegura a continuidade e sustentabilidade dos stocks. 
Podemos constatá-los ovados durante quase todos os meses de águas frias, de Dezembro a Abril, mas são peixes de reprodução contínua, não é de espantar que possam ser encontrados exemplares ovados noutras alturas.  
Já os pescaram com o estômago cheio, certamente. Se em juvenis a sua alimentação é dirigida ao zooplâncton, pequenos crustáceos que encontra junto ao fundo, à medida que cresce vai arriscando outros tipos de presas, e cada vez maiores. 
Há uma altura do ano em que a sua dieta aponta especificamente para a ingestão de minúsculos camarões, não mais de 5 a 7mm, mas não é impossível que se lancem, e espantem-se com isto, a jigs do seu próprio tamanho!  
A sua voracidade leva-o a cometer verdadeiras loucuras, a morder peixes de respeitáveis dimensões. Por isso os conseguimos pescar de toda a forma e feitio, com jigs, com vinis, com iscos naturais, e até com anzóis brancos, simples, …sem isco!

Exemplo de um carapau negrão pescado com um artificial de 120 gramas…..a 150 metros de fundo. 


Os habitats em que evoluem as duas espécies mais habituais não são os mesmos. Há zonas na baía de Setúbal- Sines- Sesimbra mais propícias para encontrar uns ou outros, mas não é anormal que se misturem, por vezes encontramos cardumes com peixes de ambas as espécies. 
O negrão, normalmente maior, com exemplares que podem avizinhar os 800 gramas, e o carapau branco, mais pequeno, normalmente a não ultrapassar os 400 gramas. 
Os peixes que podem ver na primeira foto deste texto são carapaus brancos, e o Carlos fez vários neste dia com tamanhos um pouco acima da média. 
Não têm necessariamente de estar sempre muito fundos, mas a tendência é para que vão, à media que crescem, habitando águas cada vez mais profundas, até aos 400 metros, no caso do carapau branco, e perto dos 600 metros, no caso do negrão. 
Mas nós pescamo-los bem acima disso, não é difícil encontrá-los a menos de 15 metros. Dependendo da época do ano, e da temperatura das águas, assim os procuro mais ou menos fundo. 
No Verão, e normalmente na companhia das minhas filhas, pesco-os à superfície, à vista, com jigs de 3 a 5 gramas. É diversão garantida!
À medida que as águas arrefecem, baixam na coluna de água e sou obrigado a aumentar a gramagem dos jigs, procurando não ultrapassar os 30 gramas. 
Se há momentos em que os procuramos, porque queremos alguns, também acontece que noutros sejamos encontrados por eles, e isso normalmente acaba de forma dramática. 
Se estamos aos pargos, em pesqueiros eventualmente mais fundos, até aos 150 metros, e lançamos em zonas onde estejam cardumes destes peixes, podem eventualmente estragar-nos o dia. São persistentes, são muitos, milhares deles, e se não sairmos do sitio podemos levar um dia inteiro a ser massacrados. O problema é que o estamos a fazer a 150 metros, e isso significa enrolar quilómetros de linha em poucas horas. 
 
O primeiro exemplar é um negrão, embora na circunstância seja o mais pequeno. Reparem na diferença do formato das barbatanas peitorais: a do carapau branco, (em baixo) é ligeiramente diferente. 


A forma mais fácil de os pescar é mesmo o aparelho para carapaus. Algo como aquilo que podem ver abaixo. 
 

Os D`RIG Amarelo/Vermelho 1, com a referência Daiwa DRIG401, são uma forma rápida de pescar carapaus. Basta adicionar um chumbada e passar com esta montagem pelo meio dos cardumes. O seu custo de 1.70 euros torna a operação muito barata. 
 
Para pescas muito profundas, abaixo dos 40 a 60 metros, a cor azul é mais eficaz: o indicado é o D`RIG 4, referência: DRIG304. 


Com estes aparelhos da Daiwa, e ao fim de alguns minutos a subir carapaus em grupos de 3 a 4 peixes, por vezes 5, rapidamente se enche uma caixa. 
Vejam abaixo o trabalho que se faz a estes vorazes peixes, com as penas e anzóis em tandem. A chumbada deve ser escolhida tendo em consideração a profundidade a que estamos a pescar. Na minha opinião, deverá ser sempre o mais ligeira possível, para facilitar a recolha e também para não prejudicar a animação das penas. A técnica em si é muito simples, é deixar cair e agitar os anzóis no meio do cardume. Os carapaus fazem tudo o resto, e se há alguns que se soltam, 
outros ocupam de imediato a posição deixada vaga. Muitas vezes acontece que subam 5 carapaus em cinco anzóis, num lance.

Como podem ver, resulta muito fácil conseguir uma remessa de carapaus, utilizando os D`Rigs da Daiwa.


Amanhã vamos ver como se encontram os cardumes, como nos surgem na sonda, e o que devemos fazer para ter sucesso. 


Vitor Ganchinho

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