A EFICÁCIA DAS FATEIXAS NA PESCA JIGGING


Temo-las como algo menor, de utilidade um pouco duvidosa.
Quando pensamos em pescar com jigs, aquilo que nos ocorre é a aplicação de assistes, e ponto final.
Porque é o tradicional, porque todos fazem assim, e porque não deixa de ser eficaz. Claro que sim, os assistes, quer simples quer duplos, são altamente eficazes!
Os assistes estão para o jig e para a pesca de jigging como o vestido preto e os saltos altos estão para as mulheres que querem apresentar um ar elegante. Resultam sempre.
Mas isso não quer dizer que tenha de ser sempre assim.

A ideia que vos trago hoje tem a ver com a possibilidade de equiparem os vossos micro-jigs com um triplo à cauda. Razões para isso? Algumas...




Não podemos nem devemos descurar a possibilidade de um peixe “decente” atacar o nosso jig. Assim, e mesmo sendo de baixa ou nula efectividade para as lulas, podemos sempre colocar um assiste simples, ou duplo, à cabeça do jig. Porque sim! Porque nós sabemos que onde andam lulas, anda aquilo que come as lulas.
E se as nossas lulas nos aparecem cerca de 1,5 kg na costa, podem adivinhar que aquilo que come as lulas terá bem mais que isso...
Bons pargos aparecem em zonas onde este cefalópode abunda, e por isso mesmo, há que estar prevenido.
Por vezes questionam-me “então e porque não utilizamos toneiras, os aparelhos próprios para lulas?!”….
Porque nenhum pescador de lulas consegue pargos grandes com isso…
As agulhas não permitem pescar peixes que se debatem ao sentir-se ferrados. Invariavelmente acabam por se ir embora, e se algo fica são pequenos peixes sem poder físico suficiente para conseguirem contrariar o movimento vertical da nossa puxada.
A lula ou o choco sim, ficam até ao fim porque fazem sempre força em sentido contrário e mais que isso, porque cada tentáculo está ancorado por diversas vezes na coroa de agulhas da toneira.


Pescar lulas com jigs é algo que faço numa base quase diária. Se sinto que o momento é bom para isso, não hesito em equipar os meus jigs com um triplo.


Por descargo de consciência, mantenho um assiste simples na outra ponta, à cabeça. Dá-me algum conforto pensar que, eventualmente, se algo de grande bater no jig, terei ainda assim algumas possibilidades de conseguir trazer esse peixe até à superfície.
Já me aconteceu por diversas vezes obter uma mordida de um pargo grande em zona de lulas, e assumo que tal facto deveria ser suficiente para me fazer pensar duas vezes, mas aí estaria a abdicar de trazer também para casa as ditas lulas, que na minha zona de pesca podem chegar a 1,5 kg com alguma facilidade.
Será sempre uma questão de opção, e de assumir algum risco. É verdade que a partir de determinado peso, resulta complicado segurar um peixe com um triplo. Muitos vão embora. 
As probabilidades de sucesso existem, já o fiz, é arriscado. 
Mas ainda assim, se de algo me arrependo é de não utilizar triplos mais vezes. Quantos dias já me aconteceu estar na zona de pesca, haver nuvens de comedia na água, normalmente pequeno carapau, cavalinha, etc, e as lulas estarem desabridas de vontade de atacar.
Aquilo que sentimos é uma pancada muito forte, tão forte como se de um grande pargo se tratasse, e a seguir, …nada. O vazio de sabermos que foi mais uma lula a ir embora é suportável se acontecer uma ou duas vezes. Se isso acontece de cada vez que o jig vai ao fundo, então a paciência esgota-se e …mudamos para a fateixa, que também garante pargos, ainda que só até um determinado peso.

A qualidade dos triplos existentes no mercado é normalmente razoável. Alguns passam largamente esse ponto e não são só boas, são... excelentes. É o caso destes:


Estes são aqueles que eu tenho vindo a utilizar cada vez mais. Comprei alguns para teste no Japão, e estou satisfeito com eles. Brevemente à venda na loja GO Fishing.


Basicamente aquilo que está em causa é o desenho do gancho, o seu tamanho, o seu peso e a capacidade de abrir, ou não, quando sujeito a esforços de tracção. Porque os nossos melhores peixes vão testá-los até ao limite, acreditem!
Perguntam-me se eu utilizo triplos sempre. Não, de todo! Utilizo em situações em que suspeito que as condições estão propícias para o surgimento de lulas, por exemplo. Lá em casa, as lulas são apreciadas, e isso basta-me.
Recheadas, grelhadas, estufadas, seja como for que a minha Leninha decide, para mim tudo me serve. E para lhe trazer lulas, …um triplo.
As pancadas que dão nos jigs são fortes, muito violentas, e se estamos com assistes simples, o mais normal será que mordam, ou seja, que disparem os tentáculos à peça metálica, e vão embora. Não é fácil que um tentáculo fique preso de um anzol simples após um contacto relâmpago. Na melhor das hipóteses poderá prender, mas rasga a seguir, quando a lula se debater.
Já me aconteceu muitas vezes ter sucesso, mas reconheço que são mais as que vão embora que as que ficam.
Já com o triplo não é bem assim. As possibilidades são bem maiores, pois frequentemente a lula “esbarra” contra o jig, e a fateixa enterra-lhe dois ganchos no feixe de tentáculos.
E ter dois pontos de apoio é já ter o dobro de um só ponto de apoio. Faz muita diferença...




Quando as lulas estão “fogosas”, ou seja, quando estão excitadas a caçar, as nossas possibilidades sobem em flecha, porque vamos tê-las a atacar o jig com tudo o que têm.
Lançam-se velozmente sobre a peça metálica, e procuram “abafá-la” com todo o seu peso. Isso são boas notícias para nós, porque significa quase sempre que vamos ter o triplo bem preenchido de tentáculos. Nestes casos, a lula estará pouco menos que com o destino traçado. Acima passo-vos casos em que os bichos estavam a morder sofregamente, e por isso mesmo vieram bem presos. Se repararem bem, as cores que elas mais apreciam são os metalizados, os brilhos. Também as consigo com jigs na côr branca, e isso advém do facto de elas serem terrivelmente más umas para as outras, comem-se desenfreadamente. O canibalismo no caso das lulas é uma constante, e mesmo quando as deixamos num viveiro de isca viva do barco, vamos ver que acabam por se atacar umas às outras.


Fiz esta dourada de bom tamanho com um triplo. Foi-me difícil retirar-lhe o anzol, já a bordo. Os triplos prendem bem, se a pancada do peixe acontecer numa zona boa.


Mas nem só de lulas vive o homem. Peixes de respeitáveis tamanhos, acima de 5 kgs, também ficam, não será por isso que deixamos de estar bem equipados.

Alguns dos nossos peixes, na minha modesta opinião, pescam-se melhor com triplos. É o caso das bicas, peixe predador de pequeno tamanho (as que sobem acima dos 2 kgs são cada vez mais raras…), mas que é agressivo quanto baste, e que nos ilumina os passos quando todos os outros estão sem vontade nenhuma.
Não há pargos, não há robalos? Pois bem, bicas há sempre.

Vejam como fica presa uma bica, num triplo:

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade


Aqui, o difícil é mesmo filmar e desferrar o peixe ao mesmo tempo.
Quando saio ao mar para testar materiais, canas, linhas, amostras, gosto de estar concentrado no que estou a fazer, e elaboro um relatório de qualidade para mim próprio.
São normalmente dias em que concentro todos os meus esforços não em pescar grandes peixes, mas em calcular percentagens de toques obtidos versus peixe concretizado, em analisar a velocidade de descida de um jig, a qualidade de uma linha, etc. Trabalho que exige concentração.


Peixes todos eles feitos com um triplo à cauda do jig. Como podem ver, as bicas fazem sempre parte do leque de peixes capturados.


Boas pescas para vocês!



Vítor Ganchinho



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