Para manter secreta a sua identidade, Luís Ramos tem, como quase todos nós, um trabalho, um horário, um escritório.
Encontramo-lo no Atlântico, das 7 às 17h, de segunda a sexta, no mar de Benguela, Angola. Não usa óculos grossos, mas frequentemente esconde-se por trás de um lenço que lhe oculta a face.
O resto do disfarce é quase um clássico: uma timidez considerável, uma grande dose de descrição, uma cana Zenaq macia, um carreto Shimano, um jig caseiro feito por si, equipado com anzóis VanFook.
Coisas simples que nos fazem pensar ser ele apenas uma pessoa normal, um modesto Clark Kent que trabalha na redação de um jornal qualquer, um Daily Planet de pequena cidade.
Disse-vos que, tal como nós, ele tem uma rotina, um trabalho. E nisso não diferimos muito, nós também temos uma ocupação.
O seu trabalho é apenas um pouco menos comum que o nosso: ele é “Caça-Fantasmas“ num mundo que não existe. Não existem os peixes que ele pesca, porque como todos sabemos não existem peixes mais fortes que pessoas.
Tomemos isso como um dado garantido: não há peixes que rebentem multifilamentos grossos e ultrarresistentes.
Ser extraterrestre quase a tempo inteiro é uma ocupação extenuante, mas olhando para ele, pelos vistos…faz-se.
A sua adorável e bonita esposa, a Ana Carla, está absolutamente convencida que casou com ele. E é incrivelmente feliz, sente-se isso no seu sorriso, no brilho dos seus olhos.
A Carla vibra com os seus sucessos e dá-lhe todo o apoio possível, não o limita.
A questão é que ainda ninguém lhe disse que não se casa com um alien, apenas se está ao lado. Como a Lois Lane está ao lado do Super-Homem. É igual.
E é exactamente aquilo que se passa com quem vai ao mar a seu lado. Todos aqueles que pescam no seu barco estão apenas ao lado dele, não pescam com ele. Explico-vos porquê, abaixo.
Caros leitores, hoje apresento-vos Luis Ramos, um ser quase humano….absolutamente notável!
Recebi do Luís um amável convite para lhe fazer companhia durante uma semana, a pescar jigging profundo. Quando alguém da dimensão do Luís Ramos nos chama, a única resposta a dar é “já estou a ir”…
Todos sabem do valor técnico da pessoa em questão. No panorama internacional, o seu nome inspira respeito, consideração e admiração generalizada. Não é por acaso. Nem será propriamente por acaso que é patrocinado por marcas como a Zenac ou a VanFook.
Muitas outras marcas internacionais tentam colar a sua imagem ao nome deste português, por saberem do seu prestígio e da importância e relevo que a sua opinião especializada tem neste complexo mundo da pesca.
Sendo a pesca em Portugal algo relativamente pequeno, um espaço restrito e fechado, olhado com desconfiança por todos aqueles que não pescam, custa-nos imaginar ser a nível global algo com uma dimensão tão significativa.
A pesca é algo que envolve muita gente, muito dinheiro! As marcas são muitas e os pescadores contam-se por muitos milhões, movimentando valores deveras significativos. Equipamentos, barcos, viagens, alimentação, somam biliões de euros e dólares ao fim de cada ano.
No entanto, pese embora exista uma imensidão de pescadores por esse mundo fora, e são mesmo muitos, há no entanto muito poucas pessoas a determinar tendências, a desenhar linhas e caminhos que outros irão seguir.
São poucos aqueles que verdadeiramente contam, os homens capazes de ultrapassar fronteiras, os que se impõem a nível internacional pela sua capacidade técnica, pelo seu saber. O Luís sabe.
Pertence a uma restrita nata de pessoas que nasceu para fazer aquilo que faz. É um sobredotado e as marcas sabem-no.
Para uma marca, ter a bênção do Luís Ramos é ter uma bênção divina.
E é português, é nosso. Podemos pois ter muito orgulho nele.
Vejam-no a pescar:
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Durante seis dias de pesca tive o privilégio de poder estar num lugar onde muitos milhares de pessoas de todo o mundo gostariam de poder estar. No seu barco.
Não imaginam a honra que senti quando ele me deu a oportunidade de poder fazer-lhe companhia.
Na verdade, ninguém pesca com ele. Pesca-se ao lado dele, o que é substancialmente diferente. Podemos tentar copiar os seus gestos, imitar o seu estilo, mas ainda não estamos a pescar com ele. Centenas de fotocópias de um Rembrandt não são um Rembrandt…
Porque para alguém o conseguir fazer, pescar com o Luís Ramos, teria pressupostamente de poder pescar ao seu nível. E não estou a ver quem o possa fazer em termos técnicos, e muito menos ao seu ritmo.
Os anos que leva de trabalho duro deram-lhe o endurance físico necessário para poder pescar um dia inteiro. Posso confirmá-lo por que vi-o com os meus olhos: é mesmo muito duro ser Luis Ramos!
Lutar diariamente contra “monstros marinhos “ será sempre tudo menos fácil. É um trabalho árduo, de desgaste rápido.
O nível de conhecimentos de mar que acumulou ao longo de dezenas de anos da sua vida de pescador servem-no a cada instante. Estão enganados se pensam que ele é apenas bom dentro da sua especialidade, o jigging.
Dificilmente alguém algum dia dirá tudo sobre ele, mas no meu caso, que o acompanhei durante uma semana, o receio que tenho é o de focar demasiado a minha atenção num detalhe, o jigging, e perder com isso alguma parte do todo que é ser Luís Ramos, na sua globalidade.
Na verdade, aqueles que nascem com o dom de ser pescadores a sério, são bons em muitas outras técnicas. Porque sabem ler o mar, são amigos dos ventos, são íntimos das correntes, dos peixes.
O facto de ter feito caça-submarina ajuda-o a entender as reacções dos peixes. Eu vi-o perceber muito rapidamente aquilo que seria necessário fazer para conseguir um pargo luciano, a fazer spinning. E fez um, à minha frente.
Apenas uma restrita elite de pessoas tem condições para atingir um nível de conhecimentos e técnica superiores. Essas pessoas são por todos consideradas... mestres.
Espreitem aqui o porquê:
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Corvinas, garoupas, pargos. Este é o dia a dia de quem faz da pesca a sua profissão, de quem escolheu ser livre e independente. |
Quem é então Luis Ramos? Como pesca?...
Mostro-vos algo mais:
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Conheço muita gente que, com muito menos de metade dos peixes que o Luís Ramos faz já seria de uma arrogância insuportável. Mas ele, do alto da sua biblioteca de conhecimentos sobre pesca, acena com uma humildade e simplicidade que nos cativam.
Quando falamos com ele não parece estarmos a tratar com alguém que será um dos mais reputados pescadores mundiais.
Porque tem a simplicidade dos que são verdadeiramente grandes, não se coloca em bicos de pés, porque já é suficientemente grande para o dispensar.
Não estamos a apresentar o pescador clássico, aquele que faz a sua vida a pescar com iscos orgânicos. Nada disso. O Luís pesca com jigs, indo muito além do que poderia pedir-se que fosse, utilizando iscos artificiais.
Assume a diferença pela positiva, pescando com peças metálicas, teoricamente uma pesca mais difícil. Não para ele.
Revelo um detalhe muito importante: nunca o vi utilizar mais que jigs na sua pesca, embora lhe seja comum pescar com isca viva. Como…!!!?? Como assim!? À primeira vista isto seria um tremendo contrassenso. Não é!
Aí vai a explicação: os grandes predadores estão sempre próximos da isca, dos cardumes de comedia. Podem ser “grelhas”, uma mistura de boga com carapau, de um lindíssimo vermelho escuro, podem ser cachuchos, chicharros, ou pequenos pargos.
Também para os cardumes de miudezas lhes é mais seguro estar junto a quem os pode comer. Sabem onde está e assim controlam os seus movimentos. Isso evita-lhes surpresas e a possível chegada repentina de uma enorme boca armada de dentes afiados.
Saber onde está o predador é só por si uma vantagem para quem pode ser comido por ele.
Ao lançar o jig, acontece por vezes que na queda algum destes peixinhos se crave nos enormes anzóis do jig. Isso é uma oportunidade que não pode perder-se.
A sandes mista de jig/peixe miúdo é colocada à disposição de algo que esteja na zona.
O ataque é brutal e faz-se anunciar. A súbita vitalidade da nossa vítima denúncia que algo se passa lá em baixo. As vibrações fortes da ponteira da nossa cana indicam que algo vai acontecer. Podemos preparar os músculos para a luta porque um monstro vai bater forte!
O que é normal é que isso aconteça em poucos segundos. Nunca vi o Luís Ramos esperar mais que um minuto.
Tenho amigos que poderiam levitar e voar muito alto se pescassem este peixe. Para o Luis apenas vale um sorriso. |
É espantoso aquilo que faz a bordo.
Se num instante está a ferrar e trabalhar um peixe, no outro está a controlar a deriva do barco, ou a escutar o ruído de um dos motores.
Monta e desmonta carburadores, retira velas, limpa-as da acumulação de carvão e trata de resolver um detalhe relacionado com a entrada de ar no tubo da gasolina.
Conhece o seu barco e os seus motores Yamaha de 40 HP a dois tempos tão bem quanto eu conheço o meu teclado, no meu gabinete de trabalho. Sinto-me um perfeito inútil, e por mais vontade que tenha, não o consigo ajudar.
Ninguém consegue. Ele preparou-se de tal forma para ser autossuficiente que, a meu ver, só a sua amada e lindíssima esposa Ana Carla consegue penetrar nas suas defesas.
Um lobo solitário caça mais e melhor se não estiver dependente de nada nem ninguém. Como um lobo solitário, ele aprendeu a caçar sozinho, e sabe que da sua capacidade individual depende se nesse dia vai comer ou não.
Já é aceitar fazer concessões, admitir ter alguém com ele a bordo. Embora não o diga, essa pessoa extra já significa para ele uma corrente e uma bola de ferro, um encalhe preso a uma perna.
Ao aceitar receber na sua zona de pesca um ou outro amigo, mais não está a fazer que lançar sementes à terra, a ensinar algo do muito que sabe, para que esse conhecimento não se perca. No fundo está a criar uma escola, uma linha técnica, e digo-vos, nada fácil de seguir.
Trabalha o barco sozinho. Não creio que ele possa ter um melhor desempenho caso alguém tome o comando da embarcação por si e tente mantê-la no sítio. Desde logo porque ninguém o faz melhor que ele.
Pesca de forma muito profissional, e por isso mesmo não quer depender de ninguém. Sabe que no seu “escritório” ninguém entra sem a sua autorização, ninguém toca no volante, ninguém lhe diz onde ir, e muito menos que tipo de equipamentos utilizar. Poder absoluto.
Por ser uma referência na pesca, é natural que seja seguido por outros barcos. Marcam avidamente os pontos onde por qualquer razão pára a sua embarcação. Seguem o seu rasto na água como cães de fila, na expectativa que tenha um descuido, um lapso, que possa render um ponto GPS.
Durante uma semana assisti no cais a inúmeras tentativas de pessoas a quererem acoplar-se a si, a quererem ir no barco ver onde e como pesca.
A resposta é sempre simpática mas firme. E negativa.
Estes peixes podem ser muito perigosos quando estão a bordo e o espaço é limitado. A morte chega através de um estilete afiado e acontece num segundo, numa pancada seca. |
Vejam isto:
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O estilo dele não se resume a imitar aquilo que vê outros fazerem. Criou sim a sua própria técnica.
De resto, e isso é válido para outras pessoas que conheço, a técnica funde-se com o indivíduo, é quase uma consequência da experiência de vida de cada um.
Se alguém pesca de forma muito nervosa, por espasmos e arritmias, isso já diz muito da sua personalidade. Mas o Luís tem a certeza de quem sabe o que faz, porque e quando faz.
Como um exímio jogador de xadrez, consegue antecipar vários lances do adversário, está preparado para reagir a qualquer eventualidade. Entende os peixes. Sabe onde estão e o que tem de fazer para os trazer acima.
Por isso não tem maus dias de pesca, pode é ter de trabalhar mais ou menos, fazer mais ou menos milhas. Disse-me que semanas antes de eu chegar, deixou de pescar porque já tinha 4 peixes bons. Vi a foto: eram quatro corvinas todas acima dos 30 kgs…
Não publico “imagens de grupo” com todos os peixes que pesca num dia, por razões de reserva moral, e a seu pedido. Há razões que se prendem com acordos com patrocinadores, e uma imagem de pesca sustentável que deve ser preservada.
Mas posso dizer-vos, olhar para um dos seus quadros de pesca comuns, diários, é entrar num mundo alucinado de experiências incríveis. Que a ele lhe soam a déjà-vu, mas que para outros seriam a melhor experiência de pesca da sua vida.
A questão para os auxiliares que o esperam em terra é sempre saber quantos carrinhos de peixe fez nesse dia. Ser Luís Ramos é pertencer a outra dimensão da pesca, que nunca será a mesma de quem pesca em Portugal.
Sendo profissional, sabe no entanto posicionar-se perante um mundo de gente que quer saber tudo sobre si. E por isso, e enquanto figura pública, assume uma postura calma, discreta. A única possível a quem é inteligente.
Pesca assim:
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A interpretação que faz da sonda não deixa de nos surpreender. Ele olha para o monitor e lê como nós lemos as legendas de um filme. Tudo está claro, tudo está escrito.
Vento, ondas e vagas não o impedem de colocar o barco onde quer. Quase sempre isso significa exactamente em cima da boca do peixe. E a ação não demora: jig para baixo e mordida imediata.
Senti-o diversas vezes incomodado por não ter uma picada nos primeiros 30 segundos. Passa por breves instantes sobre o ponto marcado, e isso chega-lhe para entender o que pode estar presente.
Não perde tempo, mesmo que o local tenha algum tipo de vida. O GPS, cravejado de marcas e indicações, (inclusive de redes abandonadas no fundo), serve-lhe de roteiro. No meio daquele labirinto de marcas, sabe ao milímetro onde pode estar isto ao aquilo... de boca aberta.
Se acham que não é assim, pois digo-vos que nas suas mãos o GPS é um instrumento de absoluta precisão. A margem de erro com que trabalha é mínima, e entre o ponto marcado e a colocação do barco para lançar o jig nesse ponto não cabe …uma lâmina.
Perdi um peixe fabuloso num dos dias. Disse-me: “ não te preocupes, amanhã eu dou-te a possibilidade de tentares de novo, ao mesmo peixe”.
Bingo! No dia seguinte, o peixe voltou a morder, exactamente no mesmo sítio….
Os peixes que trabalha são de tal forma fortes e poderosos, o seu mar é de tal forma agreste e duro que ele prefere enfrentar tudo sozinho, sem ter de dispersar atenções. Não podemos ajudá-lo, mesmo que queiramos muito.
O melhor que conseguimos fazer é espreitar por cima do muro, e ver o que ele está a fazer no seu mundo privado.
Ao longo de dez anos de pesca intensiva em Benguela, construiu uma rotina de gestos que é assombrosamente eficaz, que dá peixe, que explora ao máximo o incrível potencial da sua imensa área de trabalho.
Pesca dezenas de quilómetros para norte ou para sul, onde construiu uma grelha de mais de 2500 pontos de pesca. Com isso, com essa rede de zonas quentes, faz um mapa mental daquilo que quer pescar nesse dia e passa de uma a outra pedra, escolhendo o que mais lhe interessa. “Aqui temos isto e ali ao lado temos aquilo”, dizia-me perfeitamente convicto, cheio das certezas que só tem quem domina na perfeição o seu campo de batalha.
Para ele, e enquanto profissional de pesca, o seu mar é uma mesa de snooker, e conhece cada canto, cada ângulo, cada buraco, como a palma da sua mão. “A zona das garoupas grandes é aqui. E ali abaixo é a zona dos pargos capatões”...
Gostaria que tivessem a noção de que, no espaço de uma semana eu coloquei a bordo uma coleção de peixes de cortar a respiração a um pescador de “pica-pica” português. Pesquei monstros!
Fiz várias vezes ao dia aquilo a que milhares de pescadores nacionais chamariam de “peixe da minha vida”. Pesquei muito! E todavia, …fiquei sempre longe de poder ombrear com ele.
Nem tudo é anormal no seu processo de pesca.
A profundidade não excede os 130, 140 metros, o peso médio dos jigs ronda os 180 a 200 gramas. A linha multifilamento mais utilizada é o PE 2,5, e a baixada feita em 40 a 50 libras.
O tamanho dos assistes, sempre duplos quer à cauda quer à cabeça, é algo generoso, falamos de anzóis número 5. Mas esta ainda é a parte normal.
Aquilo que já não é normal é o calibre do peixe que entra. A qualquer momento pode surgir um peixe descomunal, a pôr à prova a resistência dos nossos materiais.
Não coloquem de parte a possibilidade de terem roturas de linha a utilizar multifilamento de 38kgs de resistência. Aconteceu-me a mim.
Irei contar-vos essa história um destes dias.
Ficamos verdadeiramente estupefactos com a naturalidade com que trabalha peixes enormes, alguns deles no limite da resistência humana.
Recordo-me de o ver a trabalhar um mero dentão que viria a pesar 30 kgs, e estar preocupado em saber se o barco teria derivado um pouco, se eu ainda estaria a pescar na vertical.
Não é normal que alguém se preocupe se eu sei onde está a caixa da fruta, quando está a puxar para cima um peixe com três dezenas de quilos. “Vitor, …a fruta está no meu saco preto”…dizia-me ele enquanto vencia a resistência dessa garoupa enorme.
A ter um peixe daqueles na linha, eu estaria tão concentrado que nem me lembraria que ele estaria a bordo do “Incrível”. Mesmo que o meu amigo Luís estivesse a gritar a plenos pulmões, a mim passaria incógnito, invisível.
Mas para ele, o controle da situação é absoluto, tem uma atitude tentacular, cada detalhe é tratado em separado, e no fim de tudo o conjunto resulta na perfeição.
Pese embora tenhamos enfrentado ventos e vagas fortes, passei uma semana a pescar na vertical, sem me preocupar com mais nada que não fosse pescar.
A bordo do barco Incrível, não existem ventos nem correntes. Domínio absoluto!
Só um profissional o pode conseguir.
Se a pesca sabe fazer algo é renovar a fé de quem a pratica.
O pôr-do-sol em África deixa-nos extasiados. Os brilhos, a luz, são bem diferentes daquilo que temos na Europa. Quando as sombras cercam e vencem os últimos raios de luz, quando as últimas réstias de dia sucumbem à derrota, cai a noite.
Com esse escuro chega um mundo novo, o mundo dos sonhos, momento em que todos podemos ser melhores que todos. Podemos até sonhar ser um dia melhores que o Luís Ramos.
Se a pesca sabe fazer algo é renovar a fé de quem a pratica.
Mas a realidade da vida é cruel, puxa-nos para baixo, faz-nos descer à terra, e diz-nos que apenas alguns podem atingir o Olimpo.
Pessoas como o Luís têm lugar cativo no topo da pirâmide, são eles que marcam o ritmo, impulsionam as técnicas para a frente, decidem com a sua opinião o que deve e não deve ser feito. Os fabricantes de equipamentos contam com estes profissionais, a quem chamam “pro-staff”.
São pessoas a quem se reconhecem capacidades acima da média, e, na qualidade de pescadores de excepção, é a eles que se exige o melhoramento dos equipamentos. Eles vão à frente e puxam atrás de si todos os outros.
Quando se começa, tudo é difícil. Aqueles que se iniciam na pesca têm tudo de novo para ver e aprender, até poderem considerar-se pescadores completos.
Como um pequeno rio que chega ao mar imenso e conhece uma outra realidade, uma dimensão diferente, todos nós necessitamos de algum tempo de aprendizagem.
Tudo leva muito tempo! É todo um percurso a cumprir, e, como em tudo na vida, levanta necessariamente dúvidas, temos avanços e recuos.
De início todos partimos em igualdade de circunstâncias, não sabemos fazer. Ninguém sabe pescar antes de aprender a pescar.
Mas há pessoas que aprendem mais, que sabem mais, que se afastam do zero absoluto de conhecimentos mais depressa que os outros.
Atingem uma dimensão diferente e por isso são olhados como modelos a seguir. São exemplos para todos, são estrelas guias.
Eu, que já pesquei muitos milhares de peixes por esse mundo fora, fui a Benguela, Angola, e durante uma semana fiz formação com o Luís Ramos. Fui aprender com ele. E adorei!
Vou falar-vos das minhas experiências no próximo artigo. Na primeira pessoa.
Vão ver que tenho boas razões para estar feliz!...
Vítor Ganchinho
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Meu grande amigo Vitor, nem tenho palavras para lhe agradecer tamanha consideração. Foi um prazer enorme ter tido a oportunidade de poder partihar uma semana de pesca consigo. O seu entusiasmo e genuinidade ao longo da semana foram sem dúvida contagiantes para nós. Sei que esta foi só a primeira viagem de muitas e ainda vamos ter muitas aventuras para partilhar e contar. Um enorme abraço e bjinhos da Carla para vocês.
ResponderEliminarLuis, saibamos todos deste lado merecer o facto de termos alguém que nos represente, enquanto pescadores portugueses, a esse nível.
EliminarMuita gente não entenderá o privilégio que é podermos comunicar e aprender com alguém que fala a nossa língua, alguém que é um dos nossos.
Vamos ver como saem os próximos artigos....
Mais uma vez agradeço à minha fada madrinha, a Carla, que nunca me faltou com a papaia fresquinha e o ananás, e as sandochas. Ela manteve-me vivo, quando tudo apontava no sentido contrário, quando o marido tudo fazia para me liquidar.
Eu é que sei como chegava ao fim do dia, depauperado de forças! Grandes peixes!!
Um beijinho para ela!
Vitor
Abraço
Vitor
Top grande artigo como sempre
ResponderEliminarObrigado por manifestar o seu agrado.
EliminarNa verdade, escrever é algo muito simples, ...basta colocar letras umas a seguir às outras.
Aquilo que pode fazer a diferença é o conteúdo da mensagem, e aí, ter um bom motivo para escrever faz toda a diferença.
No final desta sequência vai perceber que estar ao Lado do Luis Ramos é desde logo uma garantia de bons motivos de reportagem.
Não perca os próximos números.
Abraço
Vitor
O Amigo Luís Ramos & Vitor Ganchinho a pescar juntos é simplesmente o Top. Há algo na vossa paixão pelo mar e pesca....que transforma o vosso trabalho em Arte!!! Obrigado aos dois pela excelente partilha que fazem da vossa Arte. Abraços
ResponderEliminarBom dia Simão
EliminarHá pessoas que gostam de Formula 1, há quem goste de ténis e há quem goste de pesca.
Acredite que estar ao lado do Luis, para quem gosta de pesca, é estar junto a uma figura ímpar desta actividade.
Eu seria capaz de fazer a mesma viagem, sujeitar-me a todos os inconvenientes que ela tem, apenas para ir pescar onde o Luis guarda o barco "Incrível", na Marina do Lobito.
Porque só aí já é muito divertido poder lançar uma linha.
Não deixe de acompanhar esta série de artigos, e serão uns seis, porque um deles tem uma sequência de filmes que ele me fez, comigo a pescar LRF, entre os barcos.
Aposto que se vai divertir a ver o que é possível fazer ali...
Abraço
Vitor
Que emocionante narração sobre o GRANDE LUÍS RAMOS 🙏🏼 ☺️
ResponderEliminarObrigado pelo lindo trabalho Sr. Vitor
Aírton Moreira
Bom dia Airton Moreira
EliminarQuando o modelo é bom, todas as fotos saem bem....
Estar junto ao Luis Ramos é um privilégio de poucos, e eu apenas procurei estar de olhos bem abertos, para aproveitar a semana de pesca para aprender o muito que ele tem para ensinar, e ao mesmo tempo trazer dados que me permitam escrever algumas linhas.
Fique atento, vai haver mais artigos, e na minha modesta opinião, valem bem o tempo de leitura.
Obrigado pelo seu contacto.
Vitor
Brutal, quando for grande quero ser assim...
ResponderEliminarBoa tarde!
EliminarNós devemos ajustar as nossas expectativas ao que os locais onde pescamos nos podem oferecer.
Se a natureza nos dá limões, fazemos limonadas. Neste caso, se podemos pescar grandes, pescamos grandes. Mas acredite que eu consigo divertir-me à grande a pescar em LRF peixes que seriam iscas para estes que mostro.
De resto, um dos artigos a sair, mostra isso mesmo. Eu serei o "artista" que pesca, e o Luis o cameraman que filma. Vai ver que vai gostar!
Só deve sair daqui a uns três números, porque entretanto vamos entrar na fase dos peixes grandes. Mesmo grandes!
Obrigado pelo seu contacto! Escreve de onde?
Abraço
Vitor
Saudações amigo Vítor,
ResponderEliminarA isto se chama... um alinhamento perfeito de astros!
Dois astros de origem Portuguesa que muito nos orgulham!
Duas pessoas magníficas que vivem e respiram a pesca.
Um grande abraço a ambos e uma Páscoa feliz.
A. Duarte
Boa tarde António Duarte
EliminarCheguei agora da pesca.
Fui à procura do peixinho da Páscoa...
Obrigado pelo incentivo.
Não perca os próximos artigos, vai ver que vale a pena.
Abraço!
Vitor
Maravilhoso, o amigo veio aqui documentar de forma genuina a fabulosa experiencia de pesca que teve ao lado daquele que considero o melhor , parabéns pela forma como o descreveu, um forte abraço aos dois.
ResponderEliminarBom dia Sérgio
EliminarAcredite que sinto que estou, enquanto escritor, muito aquém daquilo que o Luis é enquanto pescador.
Não é fácil traduzir por palavras aquilo que o vi fazer durante seis dias a meu lado.
Um dia virá alguém que sobre ele irá dizer muito mais que eu. Alguém com mais arte e capacidade, que não com mais entusiasmo, porque aí, eu estou na linha da frente.
Diverti-me como um miúdo pequeno a pescar no molhe onde ele guarda o barco. Isso irá sair um destes dias, e vai ver alguns filmes, feitos pelo Luis, onde isso é evidente.
A minha pesca é algo muito mais ligeiro, algo que se passa muito mais acima, (ele pesca nos 130/ 140 metros de fundo diariamente!...), e por isso, estive muito desenquadrado. Mas fiz os meus peixes, conforme vai ver nos próximos números do blog.
Não deixe de acompanhar, porque vai valer a pena.
Abraço
Vitor