JAPÃO - NOVOS EQUIPAMENTOS DE PESCA

Aquela gente não dorme….
A ideia que fica é que não abrandam na sua missão de descobrir novas formas de nos pôr a pescar mais e mais.
Quando pensamos que já não é possível continuar a apresentar algo de verdadeiramente novo, eis que um japonês estala os dedos e o mundo inteiro é novamente surpreendido com um produto diferente. O ritmo a que produzem inovação é assustador!


A nível de canas a evolução é significativa. Dificilmente cá chegarão muitos destes modelos, porque a tecnologia aplicada está no limite máximo e os preços reflectem isso. Há aqui canas acima dos 3000 euros….e o nosso mercado pede sobretudo canas de …30 euros. 


Quando dialogamos com esta gente, aquilo que salta à vista é que eles produzem materiais de pesca para pessoas que fazem questão de ter o melhor.
O preço elevado é apenas uma consequência da qualidade de cada um dos componentes, e da excelência da montagem destas canas. Nada é deixado ao acaso, nenhum pormenor é subvalorizado, porque o intuito é mesmo produzir aquilo que a mão humana é capaz de fazer de melhor. E neste momento, com os elementos de produção de que dispômos, é isto.
Olhar para um conjunto de canas da Alpha Tackle, ou de qualquer outro fabricante com nome feito, a Daiwa, a Shimano, é ter a certeza de que neste momento o limite criativo é este. Não há espaço para concessões relativas a preço, porque só a qualidade máxima interessa. De resto, esta gente nem perde tempo a discutir preços. É o que é.
Toda a sua energia criativa é canalizada no sentido de produzir algo que possa ser considerado como …“melhor do mundo”.
Deixam a questão dos preços baixos para um país ali perto, que é exímio em produzir lixo a baixo preço.


Carlos Campos a representar a GO Fishing num expositor de canas Alpha Tackle/ Tailwalk. É estar em frente a muitos milhares de euros…


Quando alguém tem poder financeiro acima da média, pega num catálogo da marca e escolhe um conjunto de canas para uma pesca específica.
Os árabes fazem isso, mas também muita gente por esse mundo fora apenas interessada em ter algo diferenciado, exclusivo. Se têm dinheiro para adquirir os iates megalómanos, os helicópteros, estranho seria que não pudessem comprar também canas. E obviamente querem o melhor.
Qualquer um dos grandes fabricantes japoneses produz equipamento de qualidade suficiente para deixar o cliente muito satisfeito, mas algumas marcas especializaram-se em ir um pouco mais além. A personalização dos modelos, com gravação do nome do pescador, ou a construção da cana na sua cor favorita, é algo corrente, a este nível.
Estes trabalhos são morosos, e necessariamente muito mais caros que a produção de canas em série numa fábrica chinesa. Também os acessórios utilizados, blank, passadores, porta carretos, bolsa de protecção, reflectem não a procura de contenção de custos, mas sim a excelência do producto final. Sem dúvida, o objectivo é fazer, para cada especialidade, a melhor cana jamais construída.
É nisso que eles focam todas as suas atenções.



Os dados técnicos destas canas são assombrosos, porque eles fazem-nas exactamente de acordo com as especificações do cliente. Se quer uma cana mais rápida, mais dura, é isso que tem. Curiosamente, a maior parte das canas produzidas aponta precisamente no sentido contrário, o de permitir trabalhar o peixe com tempo, a disfrutar da luta que este possa dar.
É muito típico do pescador europeu a procura de canas de acção rápida, as quais trazem o peixe acima muito depressa, sem lhe dar tempo a mais que não seja deixar-se arrastar pela linha.
Em Portugal fazemos isso. Gostamos de canas boas a ferrar, duras de ponta, sem fazer o tradicional “bending”, mas esquecemos que dessa forma encurtamos substancialmente as lutas com os peixes, e consequentemente perdemos muitos, desferrados. Ou rasgados de boca.
Isso acontece porque as canas demasiado duras não acompanham os esforços do peixe, são rígidas em demasia. Aparentemente seriam mais indicadas, (nós adoramos canas todas direitinhas, apenas com a ponteira levemente dobrada…), mas estudos feitos comprovam que a percentagem de peixe que se perde é muito superior. E aquilo que conta é o peixe na caixa, não o peixe ferrado.
O meio termo dá-nos mais segurança. Podemos pedir às melhores canas um pouco de tudo: rapidez na ferragem, mas ao mesmo tempo a curvatura e elasticidade suficiente para permitir o amortecimento das pancadas do peixe que se debate.
Quando se pesca com carretos eléctricos esse factor faz com que grande parte dos peixes nem chegue à superfície. Irá rasgar a meia água, por acumulação da resistência da cana somada à pressão da velocidade de deslocação do peixe. É demasiada pressão e velocidade para os frágeis tecidos do animal e a percentagem de toques versus peixe perdido aumenta drasticamente.
Pode resolver-se com canas que chegam inclusivé a juntar no seu corpo mais de três diferentes elementos. A ponteira é normalmente em fibra de vidro, porque isso dá-lhe um acréscimo de sensibilidade em relação às ponteiras de carbono, mais rígidas.
Uma segunda parte em que o blank da cana é feita em carbono de alto módulo, e ainda uma terceira em que irá assentar o porta canas, bastante mais rígida. A construção destas canas prevê também um número acrescido de passadores, para dar maior suporte à linha. Nestes casos, poderia supor-se que aumentando o número dos elementos guia-fios isso iria também aumentar o peso da cana. Nem tanto, …a leveza extra de passadores torzite trata do assunto.
Infelizmente, quanto mais tecnologia incorporada, mais alto é o preço da dita cana…


Carlos Campos a testar uma cana de jigging absolutamente inquebrável: a Daiwa Saltiga SJ AGS 55B-2 TG, uma cana para slow jigging. 


Quando se tem muita confiança no produto fabricado, aquilo que se faz é deixar que ele seja testado.
O que dizem é: “ o senhor aperte com ela até onde quiser!...Faça força a sério!!”
O que não dizem é: “…e se a conseguir partir, …ainda ganha um doce….”
Os carbonos sólidos trazem isso à pesca, a despreocupação de quebrarmos uma cana por alguma acção inadvertida.
Neste caso acima, temos que um objecto com 114 gramas, uma cana que podemos considerar ligeira, é testado ao limite da força de uma pessoa adulta, e …não parte. Não parte mesmo!


Aqui algumas das especificações da cana. Embora em japonês, são facilmente perceptíveis. O preço recomendado pela marca é de 64.000 Yenes.


Se vos parece que eles já inventaram o suficiente, então aí vai mais:
Os homens da TailWalk resolveram responder à crescente procura de canas de casting para pesca de cefalópodes, e lançaram uma cana para utilização com carreto de casting, com uma ponteira ultra-sensível, em titânio. Não estamos habituados a ver o metal fazer parte da composição de uma cana, e muito menos que esse metal, titânio, seja a própria ponteira.
O conceito não é novo, a Daiwa já há anos que explora as possibilidades deste material nas suas canas. As famosas SMT, (Super Metal Top) lançadas há 4 anos já o traziam incorporado nas suas ponteiras, sob a forma de filamentos embutidos no carbono sólido. Consegue-se com isso um acréscimo de sensibilidade mas sem aumentar o peso da ponteira.
No caso da Tailwalk, digo-vos que os modelos de canas agora lançados rondam na sua maioria pesos abaixo dos 100 gramas de peso. Nada de mais, para quem gosta de pescar muitas horas.




A bandeira da marca para a pesca de lulas e chocos é neste momento esta, existindo versões para carretos convencionais, e também para carretos de casting.
A técnica em si é muito básica, diria até rudimentar: lança-se para o fundo, e …sacodem-se os dois elementos atractivos, a toneira e o peso, este conhecido por “gib” ou piteira.
Tudo isto tem muito a ver com a forma ancestral de pesca da lula, nada tem de novo. Sacode-se, e dá-se um tempo de reacção, com as amostras paradas. Caso nada aconteça, volta a agitar-se a montagem.
O segredo, se é que lhe podemos chamar isso, é mesmo sentir a lula tocar na toneira, antes de se ir embora. E para isso, a estrutura de uma cana em titânio dá mais informação.
Os passadores Torzite ajudam sobremaneira a passar esta informação da linha à mão e braço do pescador.
Mesmo para outras espécies mais desconfiadas, por exemplo se pescamos em zonas muito massacradas por pescadores, é muito útil saber antes, ser mais rápido a tomar conhecimento de que anda algo a rondar a nossa amostra/ isca.
São materiais aos quais reconhecemos facilmente interesse técnico para as pescas difíceis. A ponteira amplifica as pequenas vibrações que, em canas correntes, não se chegam a sentir.

A tecnologia aplicada na construção destes produtos ajuda-nos a conseguir melhores resultados. Assim estejamos dispostos a pagar por ela.
Vamos voltar com mais informação, há mesmo muitas novidades.



Vítor Ganchinho



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