PORQUÊ LRF? Parte II

Conforme prometido, vamos hoje continuar a analisar métodos e técnicas de pesca ligeira.
Não há regras rígidas e absolutas sobre o LRF, e grande parte da diversão é experimentar diferentes técnicas para ver o que funciona. Sejamos criativos!
Um equipamento LRF bem simples já os pode dar muitas alegrias. A montagem mais clássica é feita com linhas finas, e no fim de tudo, um vinil, (camarão, pequeno peixe ou mesmo uma pequena criatura, sem forma propriamente definida), com um anzol pequeno e afiado.
Um stopper, um peso em tungsténio de 5g a 15gr, deslizante. Vejam a imagem abaixo:


E …está pronto a receber dentadas sucessivas.


E há momentos do ano melhores que outros?

Sim, de facto, podemos ter condições de pesca melhores quando as temperaturas são mais amenas.
O Inverno frio não será o melhor momento para tentar pescar com temperaturas quase negativas, com o ar gelado, e a primeira capa de água a temperaturas a rondar os 12 a 14ºC, em pesqueiros baixos.
A Primavera, Verão e Outono serão francamente mais favoráveis a encontrar peixe encostado, em águas rasas.
Devemos ter em consideração que as horas de calor, durante o Verão, não podem ser boas, a taxa de oxigénio existente em águas rasas diminui drasticamente.
Por outro lado, as manhãs de geada não prenunciam nada de bom para pesqueiros de baixa profundidade. O peixe não pode estar lá.


Não são muitos, mas são peixes pescados com vinis, em LRF….e isso vale por uma caixa de peixe.


E os “iscos”?

Light Rock Fishing é uma forma de pesca que recorre apenas a iscas artificiais.
Porque trabalhamos apenas e só com esse tipo de equipamento, ou seja, assumimos a opção mais difícil (pescar com isco orgânico é bem mais fácil….é dar ao peixe aquilo que ele come todos os dias) devemos ser muito cautelosos a escolher qual o mais indicado para a função pretendida.
Vamos sondar o fundo à procura de peixes de rocha? Sargos, douradas, safias, ….garoupinhas? Ou vamos pescar num patamar mais elevado, junto à superfície? E aí, os robalos, cavalas, sardas, agulhas, atuns sarrajões?
Dependendo da resposta, muitas vezes dada pela própria profundidade do pesqueiro, assim teremos de proceder às escolha do equipamento.
As opções podem ir no sentido dos vinis, iscos macios, ou de amostras rígidas, jigs, jerkbaits, poppers, stickbaits, etc.
De qualquer forma, todos têm em comum o facto de serem de pequeno tamanho, muito ágeis a responder aos nossos estímulos, dados pelo nosso trabalho de pulso, a fazer vibrar a cana nos momentos certos.
A ponteira da nossa cana faz saltar e dá vida a todos esses pequenos artificiais, dos quais podemos ver aqui alguns exemplos, das marcas Fish Arrow e Savage:


Ver na GO Fishing


Podemos utilizar caudas “shad” em zonas mais baixas, mas quando os metros se somam em grande número, digamos abaixo dos 20 metros, os vinis a utilizar devem passar por uma cauda bifurcada, conforme podem ver baixo. Com isso, iremos conseguir baixar a nossa amostra num espaço de tempo mais curto, logo com benefícios em termos de controle de posição da amostra e verticalidade.


Ver na GO Fishing


Descobrir de que forma podem ser utilizados, e qual a técnica mais indicada, a que produz melhores resultados é um dos aspectos mais agradáveis do LRF.
Pesos: embora muitas das canas LRF mais leves sejam capazes de lançar iscas realmente muito pequenas, pode ser necessário adicionar peso a uma isca artificial para a tornar suficientemente pesada para a conseguirmos lançar.
Imaginemos um vinil que pesa 3 gramas apenas. Teremos muita dificuldade em o conseguirmos colocar a 20 metros de fundo. Pior ainda se houver na altura alguma corrente, por fraca que seja.
Assim sendo, podemos contornar essa dificuldade adicionando à montagem um pequeno peso em tungsténio. Algo como o que podem ver abaixo:


Ver na GO Fishing


Este peso deslizante é montado na linha e travado com um stopper de goma, borracha, conforme podem ver abaixo:
Quem pesca regularmente Light Rock Fishing tem sempre consigo uma variedade de pesos de alguns gramas, 5, 7, até 10 a 15 gramas para que possa escolher o peso certo para a situação que enfrenta.


Ver na GO Fishing


Os cabeçotes de chumbo para aplicação dos vinis são muito fáceis de utilizar e são tremendamente eficazes. Existem diversas gramagens, e encontram-se na loja on-line da GO Fishing, em acessórios/ anzois.


Ver na GO Fishing


Anzóis simples e triplos: quando utilizar uns e outros

Retiramos da equação a pesca a exemplares de tal forma pequenos que pouco nos podem transmitir em termos de agressividade, de potência e capacidade de luta.
Riscamos uma linha vermelha e abaixo de um tamanho mínimo, não nos interessa pescar. A escolha do tamanho do anzol já é um bom ponto de partida para isso. Anzóis com um tamanho demasiado grande para peixes “miniatura” já nos ajudam a selecionar a faixa inferior de capturas. Os triplos são máquinas infernais de pesca, assim os saibamos utilizar na amostra certa.
Podem ser aplicados em jigs, e mais regularmente em amostras de superfície, mesmo que de pequeno tamanho. Em pequenos vinis o anzol simples é bem mais indicado.
De notar que canas muito finas e ligeiras, com acção média/ lenta, possibilitam o trabalhar de peixes que capturámos com triplos ou anzóis simples de reduzida dimensão.
Quanto mais duras (e consequentemente rápidas) são as canas, maiores terão de ser os anzóis aplicados. Canas macias dão-nos uma ferragem menos conseguida, mas em contrapartida, a percentagem de peixes que conseguem desferrar depois de terem o anzol cravado, é muito inferior. Podemos pensar desta forma: ferramos infinitamente melhor com canas duras, mas ao fim do dia teremos mais peixe se pescarmos com canas macias.

A opção pelo tipo de anzol mais indicado nem sempre é demasiado evidente, mas podemos seguir alguns princípios básicos:

- O seu tamanho deve ser tanto quanto possível proporcional com o tamanho da amostra, em tamanho e peso relativo.
- Deve ao mesmo tempo estar adequado à espécie que se pretende capturar. Se procuramos sargos, podemos utilizar anzois de tamanho menor do que utilizaríamos ao procurar robalos, por exemplo.
- O afiamento das pontas, sobretudo para peixes de um só contacto, é muito importante. Se só temos um toque, ele tem de ser aproveitado.




E que procura este tipo de pescador? Que alvos tem?

Pouco peixe grande irá aparecer, sim, é verdade, mas ainda assim muitas emoções, muita acção, toques constantes na ponteira da cana.
Light Rock Fishing é sobre voltar a desfrutar da pesca, retornando aos tempos de crianças em que qualquer peixe nos dava uma alegria imensa.
Por outras palavras, visando os peixes que estão realmente presentes no mar, em qualquer lado, e não lançando a peixes grandes que apenas hipoteticamente existem, mas que a prática continuada mostra que afinal já não estão onde estiveram no passado.

Onde podemos procurar?

Tanto locais construídos pelo homem, como portos, molhes, atracadouros de barcos, quanto áreas naturais, costas rochosas ou mesmo praias com alguma pedra, podem ser locais produtivos para a pesca ligeira.
Esses locais, sempre abrigados da intempérie, quase sempre oferecem segurança e alimento em quantidade suficiente para os nossos peixes alvos. Fora dos estuários, zonas de predra não demasiado funda, digamos até aos 30 metros, também podem ser, e quase sempre o são, locais excelentes para o LRF.
Essencialmente, qualquer lugar com rochas, estruturas vegetais, tais como os bordos de campos de laminárias, etc, serão sempre um abrigo que provavelmente atrairá muitas espécies, o que significa que vale a pena tentar a pesca LRF.


Capturei este “Blue runner” em frente à Comporta, a 23 metros, com um vinil a imitar um camarão. Trata-se de um peixe….africano!


Podemos tentar espécies que se alimentam no fundo, mas também outras que fazem da coluna de água o seu habitat. Tudo nos serve para manter uma cadência de toques significativa, afinal aquilo que justifica o investimento num conjunto de LRF ligeiro. Vamos provocar os peixes utilizando todos os seus mecanismos de detecção de presas, que não caçam apenas através do seu sentido mais prevalente, a visão. Cheiro, movimento e vibração também são importantes.
Muitas vezes, o ruído e as vibrações causadas por um artificial batendo contra a rocha ou a ser arrastando pela areia podem ser tão importantes quanto a aparência da isca quando se trata de atrair peixes. Não é forçoso que a amostra se pareça com algo, apenas que tenha dimensão e peso convenientes para o predador que segue a evolução da amostra no fundo. Na maior parte dos casos, o ataque é fulminante e instantâneo. Bate no fundo e é mordido!
Existem tantos tipos e cores diferentes de amostras LRF que muitos pescadores já nem mantêm um registo do que usam e dos resultados que determinado tipo de vinil produz, apenas escolhem um e lançam.
A questão não é tanto saber qual é o tipo de isca mais produtivo, é sim pescar e desfrutar das imensas possibilidades da técnica em si. Ainda assim, podemos seguir princípios que serão válidos para uma série de circunstâncias e têm provas dadas.
Em águas turvas ou até muito turvas, iscas claras ou brancas podem funcionar melhor, enquanto em águas mais claras, mais lusas, um tipo de isca de cor mais natural pode ser o preferido pelos peixes.
Na verdade, podemos ser criativos ao ponto de podermos adaptar os vinis ao que nos parece mais conveniente, cortando, lixando, ajeitando ao nosso estilo. Tudo serve, tudo pesca. Vinis maiores podem ser cortados em tamanhos diferentes, mais pequenos, porque não?
É simplesmente um caso de explorar possibilidades, actuar por tentativa e erro, até que o pescador encontre o que melhor funciona para ele, na sua zona de pesca específica.
Pode fazer-se Light Rock Fishing durante todo o ano, mas as espécies que referi acima são geralmente mais ativas e predispostas a morder uma isca LRF nos meses mais quentes do ano, o que significa que a maior parte da pesca LRF ocorre entre a primavera e o outono.
É, no entanto, perfeitamente possível capturar todas estas espécies no inverno, embora as rochas ou portos de águas mais profundas possam ser mais produtivos durante os meses mais frios do ano.
Porque as coisas acontecem, ninguém está a salvo de, num instante, ver um robalo de 2 kgs a morder um pequeno vinil, pelo que vale sempre a pena ter à mão um camaroeiro que nos ajude a pôr a seco um exemplar de maior porte.

Tentem e vão ver que se divertem.



Vítor Ganchinho



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