O futuro de qualquer modalidade de lazer será sempre mais ou menos promissor quanto mais alicerçado na sua sustentabilidade.
Quando tratamos de pesca à linha, e porque isso é algo que queremos continuar a fazer, esse futuro deveria preocupar-nos.
Os dados indicam todos no mesmo sentido: uma crescente e progressiva escassez de peixe selvagem.
Não será estranho a isso o facto de estarmos a assistir a um aumento exponencial dos números relacionados com o aumento da população humana, e à crescente necessidade de obtenção de alimento para todas essas pessoas.
Meus amigos, falamos de cerca de 8.000 milhões de pessoas, sendo estimados números na ordem dos 10.400 milhões em 2086. É muita gente!
Aconteceu algo como um acrescento de 7.000 milhões nos últimos 200 anos…(!!). E é ainda esperado um crescimento exponencial de pessoas ao nível da África subsaariana.
Reproduzimos como coelhos, mas não produzimos comida a esse ritmo.
Os nossos robalos e pargos multiplicam-se mas, singelos comedores de sardinhas, não conseguem vingar o suficiente para prometer tanto …a tantos.
A mortalidade juvenil é um facto indesmentível, apenas uma pequena percentagem de peixes selvagens chega à idade adulta. Fora isso, a pressão que é colocada sobre as espécies ditas nobres é tremenda!
Um dia as bogas terão quem faça a sua apologia e as ache bem comestíveis, pese o seu mau cheiro e falta de interesse culinário.
Enquanto isso, enquanto esta demanda de alimento aumenta a cada dia, e porque a pressão de pesca profissional vai objectivamente continuar a aumentar, o futuro das nossas espécies mais procuradas vai ter sempre sobre si uma nuvem negra.
Quando saímos para a pesca o nosso objectivo nunca é pescar bogas, cavalas, etc.
Aquilo que move milhares de pessoas neste país são outros bichinhos, e no topo das preferências, as inevitáveis douradas, pargos, robalos.
A verdade é que, de uma maneira ou de outra, vamos ter de inventar alimento para esta gente toda, e porventura as espécies hoje ditas nobres não serão parte da solução.
Vem este comentário a propósito da necessidade de mantermos os stocks de peixes pescáveis a um nível alto.
Se neste momento aquilo que temos em mãos é algo que justifica perfeitamente as palavras “muito preocupante”, ou “em risco de extinção”, diria que deveríamos ser capazes de substituir por outras, tais como “sob controle”, ou “em crescimento”…tudo aquilo que possa parecer-nos mais…saudável.
Nós pescadores queremos saber do futuro dos nossos peixes.
A libertação de alguns exemplares pode ajudar a diminuir a escassez. Umas vezes fazemo-lo por um acto de positividade, de vontade de os soltar, outras isso decorre de uma má escolha de equipamento, nomeadamente anzóis não adaptados à espécie que nos surge. O tamanho do anzol está directamente ligado à dureza da cana, mas também ao formato e consistência da boca do peixe.
O Carlos Campos pratica Catch& Release, captura e solta, como ninguém.
Vejam como ele actua:
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Mais um peixe que ficará a odiar amostras por algum tempo. Concretamente o espaço de tempo até voltar a passar pela frente do aquário. |
Brincadeiras à parte, insisto na necessidade de soltarmos os peixes mais jovens, aqueles que ainda não têm tamanho para ser trazidos a terra.
Porque não nos servem para nada mas sobretudo porque representam o futuro da espécie.
Ou não queremos ter peixes daqui a uma dezena de anos?...
Vítor Ganchinho
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