E QUANDO PODEMOS OBTER MELHORES RESULTADOS AOS ROBALOS?

Se quisermos ser sinceros, embora seja possível pescar robalos todos os dias, há momentos do ano bem melhores que outros.
Temos dois períodos óptimos para os pescarmos: o Outono, e as suas águas já agitadas mas ainda quentes, e a Primavera, quando eles regressam das suas incursões por águas profundas e chegam a cotas que nos são acessíveis. A sua chegada em massa aos baixios oferece-nos possibilidades de pesca muito favoráveis, pois estamos a enfrentar um oponente algo fragilizado pela sua permanência durante demasiado tempo em fundos que podem chegar aos 120/ 130 metros, e onde a quantidade de comida disponível é francamente inferior.
Quando as condições de temperatura permitem o regresso, (os meses de Março e Abril já são meses quentes entre nós), eles estão numa forma física periclitante, estão magros, e por isso ávidos de comida.
Nesta altura, é de bom tom que sejam libertados todos aqueles que nos chegam meio depauperados de forças, com a cabeça demasiado grande para o esguio corpo que exibem.
O robalo passa dois momentos críticos da sua existência: a reprodução, iniciada em Dezembro, e a chegada das águas frias, geladas, que o empurram para baixo durante três meses. Tudo isso lhe provoca um corte significativo na sua taxa de gordura corporal, e por isso mesmo, por ter passado privações na sua dieta diária, estará mais exposto a deixar-se convencer pelas nossas amostras ou jigs. Pescamo-lo com muita facilidade, mas isso também nos aumenta a responsabilidade de sermos pescadores sérios e aceitarmos libertar quem tantas alegrias nos dá.

Quantos segredos guardam estes olhos escuros?

Os postos de caça dos robalos bons, são sempre bons, desde que nas mesmas condições de mar.
Aquilo que leva um robalo a estar ali naquele momento de maré, com aquele coeficiente de água, com aquela temperatura ambiente, aquela luminosidade, etc, etc, será o mesmo que levará outro robalo a decidir estar ali em tempo futuro. Podemos sempre pescar mais que um robalo num determinado spot, assim saibamos trabalhar o sítio.
Aquilo que eu faço é memorizar a zona, as condições de mar, de pesca, e a partir daí, passo a validar regularmente a sua presença, passando com o barco pelo local, fazendo um ou outro lançamento, pescando um ou outro peixe.
Procuro não esgotar o potencial da zona. Os sítios desertos tendem a permanecer desertos, sem vida, os sítios com peixe tendem a acumular mais peixe. Chegam a ser mesmo muitos, se não acontecer nada de grave, se não passar uma rede, se o sítio não for invadido por barcos. Porque pesco em lugares remotos, afastados dos grandes centros populacionais, isso raramente acontece, e consigo manter stocks regulares de peixe disponível. Mas…”poupo-os”….não pesco até ao último.
Assim sendo, e fazendo um uso parcimonioso de cada um destes locais conhecidos, a minha gestão garante-me continuidade.
Com alguma certeza, visitando meia dúzia de sítios destes, é-me possível encontrar peixes que cumprem o seu desígnio de predadores e acodem ao chamamento de uma amostra lançada no sítio certo.
Sei que em determinadas condições de mar, a pesca acontece. E memorizo-as. Não adianta esperar dos peixes o mesmo comportamento, quando as condições mudam substancialmente.
Os resultados pioram se há variantes mais pobres, digamos versões menos boas das melhores condições possíveis. Há um nível máximo, obtido em condições óptimas, e a partir daí, em função do que existe de menos bom, os resultados baixam.
Falamos de águas mais ou menos oxigenadas, mais ou menos luz disponível, carga de sedimentos em suspensão, predação natural, redes, etc. Tudo aquilo que possa transformar o ponto de pesca ideal em algo parecido, mas menos bom.
Tenho um local emblemático, uma zona de robalos absolutamente fantástica, com condições excelentes, mas que é visitado pontualmente por caçadores submarinos. Quando isso acontece, os meus resultados de pesca durante uma ou duas semanas são fracos. O peixe fica “ escaldado” e sai da zona.
Se houver um temporal e a água ficar tapada, logo sem condições para mergulhar, os robalos voltam, estabilizam, e o local em alguns dias volta a ser aquilo que é: um fantástico spot de pesca!


Como vos disse acima, o Outono e a Primavera são momentos de grande agitação para os robalos. No Outono a pesca é mais produtiva nas horas de rarefacção de luz, nascer e pôr-do-sol, na Primavera, as horas a meio do dia são mais convenientes. Isso prende-se com razões de temperatura das águas, e o inevitável desgaste energético que significa trabalhar em temperaturas baixas. Por isso eles preferem movimentar-se nos verdes meses a meio do dia.
Ao mesmo tempo, estes tempos primaveris favorecem a chegada de muita comedia interessante: as galeotas, o peixe-rei, os inevitáveis carapaus e sardinhas miúdas. Se houver caranguejo pilado ou cavala miúda também lhes interessa.
Nas pontas rochosas mais batidas pelo mar não é difícil encontrar robalos. Patrulham a costa à procura de alimento e ficam à distância de um lançamento da nossa amostra.
Estes são meses, quer o Outono quer a Primavera, em que tradicionalmente chove muito!
O mês de Maio é conhecido pelas suas trovoadas fortes, com raios que caem onde calha e sobretudo onde não devem. É tempo de termos a devida precaução porque estamos a trabalhar com um elemento que é particularmente perigoso porque atrai esses raios eléctricos: o carbono das nossas canas. Nunca esqueçam isto: uma cana de pesca é um pára-raios nas nossas mãos.
Considero mais seguro colocar uma maçã na cabeça e permitir a um desconhecido que dispare uma bala a essa maçã, que ter uma cana na mão e continuar a pescar quando uma trovoada passa sobre nós.
Nestes casos, e não havendo outra solução, a primeira medida é deitar as canas sobre o piso do barco, de um lado, e ocupar o outro. E conduzir imediatamente no sentido de encontrar uma zona menos perigosa, menos carregada de nuvens, em suma, ..."menos negra”.
Os robalos estarão muito activos junto à costa, isso é certo, mas devemos ser suficientemente inteligentes para perceber se há ou não condições para estarmos junto ao mar com uma cana na mão. Cuidado!
Se insistirmos demasiado podemos não ter a possibilidade de corrigir e voltar a pescar...


Os robalos jogam com todos os elementos disponíveis a seu favor.
Irão modificar os seus hábitos alimentares assim que o calor do meio dia for excessivo. Nessa altura, para Julho e Agosto, estarão a comer sobretudo no ciclo alimentar nocturno, tendo actividade residual durante o dia e sobretudo resumida aos períodos crepusculares, com menos luz e por isso, menos calor.
Estarão bem mais activos e por mais tempo em Setembro e Outubro, o Outono do nosso contentamento, já que é aí que mordem os maiores exemplares, os robalos a avizinhar os 8/ 10 kgs de peso.
E novamente nesta altura temos longos períodos de chuva, ou não é assim?
A chuva desempenha um papel importante na vida do robalo…o frio, a geada, empurram-nos para baixo, para longe do nosso alcance.
Aproveitemos os momentos em que eles estão disponíveis.


Vítor Ganchinho


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