Tenho vindo a contar-vos detalhes da minha última viagem a Angola.
Entendo que tenho informação para continuar a desfolhar mais detalhes que podem ser interessantes e por isso vou fazê-lo em mais alguns artigos.
O blog vive de informação relevante, boa, com interesse técnico para quem se interessa por estas coisas da pesca, e, se me permitem, para pessoas que saibam ir um pouco mais além dos triviais baldes de peixe miúdo. Haverá “consumidores” para isso, porque os há para tudo, mesmo até para os que pouco conteúdo possuem, mesmo para os que no fim não passam de um balde, uma frase e o preenchimento do ego de quem publica.
As redes sociais são desde sempre um reflexo daquilo que são as pessoas que as utilizam. E se há quem queira brilhar à conta de uns míseros e magros peixes, também há quem dispense essa visibilidade, esse “show-off” e que até se afaste dele.
É o caso do Luís, o nosso mais proeminente e diferenciado pescador nacional. A razão da sua modéstia?
Vejo as coisas desta forma: tal como as estrelas têm por definição uma diferença significativa relativamente aos planetas, também o Luís Ramos tem um brilho próprio, uma aura luminosa que o persegue e afasta das sombras. De forma natural.
Não o verão a apoucar as pescas dos outros, e se algum comentário fizer a uma foto de qualquer peixe pequeno e desinteressante, será sempre algo como isto: “lindo peixe”!
Ele diz isso dos meus pequenos pargos, das minhas bicas ou robalos. Diz isso de todos os peixes cujas fotos recebe no seu WhatsApp e que poderiam ser engolidos vivos e inteiros pelos grandes peixes que diariamente pesca.
Zero intenções de se pôr em bicos de pés, porque não precisa. Ele já está num patamar inatingível aos outros e sabe disso.
E torna essa diferença ainda maior ao recusar assumir o brilho de estrela que efectivamente tem, ao encolher os ombros e virar costas a pedantismos e vaidades fúteis, a pretensiosos papéis de vedeta.
Por ele, é sempre possível deixar que outras pessoas, menos dotadas, possam sobressair um pouco.
Ninguém conseguirá um dia vasculhar aquilo que lhe vai na mente, mas a sua superioridade é tanta que não me espantaria que o conceito fosse algo como isto: ”para eu brilhar não tenho de ofuscar a luz dos outros”…
No fim de tudo, parece-me uma pessoa com o posicionamento certo, ciente de que, se é verdade que num jogo de xadrez há peças mais influentes, pressupostamente mais móveis, mais poderosas e nobres, no fim de cada jogo, quando as luzes se apagam, o rei, o bispo, a rainha, mas também os peões, serão inevitavelmente guardados juntos, misturados, na mesma caixa.
O grande Luís Ramos com uma garoupa morianga de grande porte, para a espécie em causa, e um bonito pargo capatão macho. |
São estas pessoas que, por comportamento social irrepreensível, e obviamente pela sua superior capacidade técnica, interessam às marcas de topo.
A sua imagem vende, a sua experiência ajuda a redefinir os standards, e a comunicação faz-se em ambos os sentidos: pescador/ fábrica e o inverso.
A Zenaq, a Van Fook, a CB-One, são algumas das marcas que querem estar associadas a este tremendo pescador e beneficiam largamente da sua experiência no terreno.
Se lhe perguntarem se ele utiliza, ou sequer se equaciona a remota possibilidade de utilizar material barato, de segunda linha, digo-vos que a resposta é um claro não.
Quando pesco com ele não vejo “remendos”, “desenrascanços”, vejo sim qualidade extrema, por ela ser necessária a quem trabalha sempre nos limites.
Na verdade, ele só utiliza equipamentos topo de gama.
Vocês sabem como é: há cavaleiros que fazem provas limpas, sem derrubar nenhum obstáculo. São os profissionais, os tais que ganham os concursos de hipismo. Os que saltam todos os obstáculos que lhes surgem pela frente.
São os pescadores que saem ao mar e conseguem sempre peixes de excepção porque aproveitam cada ínfima oportunidade que surge. E tudo lhes sai perfeito.
E há os que parece não terem sorte nenhuma, a cada obstáculo o cavalo faz uma recusa, derruba os paus, esbarra contra tudo, cai de costas, e fica pateando na lama.
No fim, este tipo de cavaleiros já se acha com sorte se não cruzar a linha de meta pendurado do pescoço do cavalo, ou a arrastar a cabeça no chão, com um pé teimosa e fixamente preso ao estribo.
São as pessoas que adquirem equipamentos de pesca baratos e a quem tudo acontece. As linhas rompem, as ponteiras das canas partem e os carretos encravam e saltam peças no pior momento.
O que é perfeitamente natural, foram construídos para fazer de conta que são aquilo que só os outros a sério são.
O olho misterioso de uma corvina….e mais um capatão. |
No mundo da pesca a sério não há lugar a improvisos, a baratezas.
Quando as situações tendem para os limites, a menor fragilidade conta e é sempre explorada pelo peixe. A cada instante, quando menos se pensa que pode acontecer algo, eis que um colosso surge e mostra que tem mais força que nós.
Se acham que podem com os vossos equipamentos das douradas e sargos ir pescar peixes daquele calibre, aquilo que vos receito, muito sinceramente, é que fiquem em casa e esqueçam o assunto.
Mais vale molhar a mão e meter dois dedos nos furos de uma tomada eléctrica.
Divertem-se muito mais!...
Vítor Ganchinho
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Meu grande amigo Vitor, até fico sem palavras para agradecer o seu carinho e amizade. Muito obrigado de coração e acredite que a nossa semana anual de jigging é para mim e para a Carla uma alegria. Ficamos felizes por toda a família ter gostado de estar cá e esperamos vos ver para o ano. Muitos parabéns pelos capítulos até agora e por poder mostrar um pouco do que foi a nossa semana juntos. Um abraço forte e bjinhos para a Helena e as miúdas de ambos. Até já
ResponderEliminarOi Luis! O pior está para vir. Nem sei como tive coragem, mas a dada altura vou chamar ao grande barco "Incrível" algo como.....bote.
EliminarNão pode haver maior ofensa.
O que aí vem no fim desta série é algo que não se faz nem ao pior inimigo.
Vamos ver....
Abraço
Vitor
Boa tarde, excelente artigo e ótimas fotografias! Cumprimentos
ResponderEliminarOlá Duarte! Seja bem aparecido aqui no blog.
EliminarO mérito a quem o merece: todo o trabalho de reconstrução de imagens que vão ver no fim desta série é da responsabilidade do nosso colega António Marques, pessoa a quem devemos muita da qualidade que é por todos reconhecida ao blog quanto a grafismo. É também ele quem edita os filmes e corta os frames menos bons.
Também aproveito para vos dizer que a parte fácil é a minha, que só escrevo, o Hugo Pimenta é quem se ocupa da composição e edição dos textos. Grosso modo, é ele que faz dos meus textos em bruto coisas bonitas de ver.
O Carlos Campos sacrifica muito do seu tempo útil de pesca a produzir imagens em foto ou filme em que eu sou o protagonista, e por isso também deve aqui ser enaltecido.
Grande equipa!
Obrigado por estar aí desse lado!
Abraço
Vitor