OS ANZÓIS JAPONESES YAMAI/SUTEKI

Uma feira como a de Osaka não se mostra em dois dias, há muito a ver.
Vou falar-vos hoje de um fabricante japonês de anzóis que lançou recentemente a sua própria linha de assistes para jigs.
Depois de durante muitas dezenas de anos produzir apenas para vender a marcas bem conhecidas no Japão, USA e Europa, e ficando sempre na sombra destas, a Yamai resolveu avançar.
As razões são conhecidas. A dada altura entende-se que uma fábrica se canse de ver os outros brilhar, de ganhar dinheiro com os seus productos, e de ser “espremida” para fazer material bom cada vez mais barato.
Todos sabemos como se processam estas coisas, mas para os mais distraídos, aí vai explicação: imaginem que são uma empresa generalista de artigos de pesca que não quer perder tempo a produzir anzóis.
Trata-se de um trabalho moroso, com muitos detalhes, quer mecânicos quer químicos, necessita de instalações próprias para o efeito e a maior parte dos grandes fabricantes não quer afectar recursos para isso.
O que fazem pois é subcontratar. Mandam fazer de acordo com as suas especificações e o assunto está resolvido. Só têm de encontrar uma entidade idónea que saiba fazer.

Aquilo que nos liga aos peixes é o anzol. Se não tiver qualidade, …. Reparem nas ligações dos cordões dos assistes ao anzol. O nó é extremamente simples, três voltas e fica mais forte que qualquer outra coisa. Vou ensinar a fazer este nó num dos próximos workshops na GO Fishing, em Almada.



O aspecto final do nó é este, e os japoneses asseguram que é o mais forte elo de ligação jamais concebido…tanto assim que muitos dos assistes de marcas como a Daiwa, Shimano, etc, passaram a ser feitos desta forma. A vantagem imediata é que um assiste pode ser produzido em menos de dois minutos, em plena acção de pesca, por qualquer um de nós.

Eles são de tal forma bons a fabricar este tipo de artigos que se aguentam neste negócio, sem desfalecimentos, desde…1884!!!
A Yamai/Suteki é neste momento a mais antiga empresa japonesa de materiais de pesca, e certamente uma das mais antigas do globo na nossa especialidade.
Grande parte dos ditos “productores de anzóis” não fazem mais que encomendar à Yamai, sob a sua própria designação comercial.
Requisitam os anzóis, (e a partir de agora também os assistes completos), mas ao abrigo da sua marca e das suas directrizes, nomeadamente a questão da embalagem.
No fim todos lucram, mas a fábrica que produz pode afinal ser a que menos ganha. E por isso mesmo, a Yamai deu o passo em frente e lançou-se na comercialização do seu próprio producto final.
Sendo eles produtores de anzóis para marcas tão conhecidas como a…Shimano, vale a pena perceber a razão pela qual são tão solicitados por todos os outros.
Nós, GO Fishing, e porque já os testamos há cerca de um ano e meio e obtivemos resultados bastante bons, vamos agora passar a distribuir em Portugal os seus anzóis/ assistes.

Este é material SUTEKI!....

A grande questão que se coloca aos nós não é a sua fixação ao anzol, essa é normalmente boa, a linha não descola, mas sim a sua capacidade de resistir à pressão feita pelo peixe.
Parece consensual que a linha deve sair pela frente do anzol, o lado que está exposto à curvatura da haste, e não pelas “costas”, o lado posterior dessa curvatura. A razão prende-se com a necessidade de garantirmos que em momento algum a linha de assiste irá entrar em contacto com a patilha afiada do anzol.
Se isso acontecer, e porque a resistência da linha PE é muito reduzida, irá cortar, romper.
Um outro aspecto que se revela importante é a saída de linha a partir do nó. Não lhe atribuímos grande importância por uma razão simples: os nossos peixes são normalmente pequenos, e não colocam à prova a qualidade das ligações feitas.
Na verdade, em casos de tensão máxima, (a qual pode por nós ser reproduzida se tivermos em casa um torno que fixe o anzol), a saída de corda passa a estar sujeita a uma pressão enorme. É isso que os peixes fazem, caso tenham peso e força.


Porque raramente pescamos este tipo de peixes, sabemos pouco sobre o assunto. Mas há países em que a quantidade de peixe grosso é muita e eles podem fazer as suas experiências. E as conclusões a que chegam são de que o comprimento total da ligação de pouco interessa, interessa sim o ponto final, as primeiras duas voltas, onde toda a pressão será aplicada.
Acredito que ajude muito ter milhares de pescadores a fornecer informação e bons engenheiros a estudarem todos os casos de insucesso.
A Yamai/ Suteki faz isso. Eles recebem relatórios de campo enviados por pessoas que vão à pesca mas não estão propriamente a pescar, estão a testar ligações de anzóis.
Reparem no caso seguinte, alguém que pescou um peixe que nós nem temos por cá. Reparem também nas ligações das cordas de assiste aos anzóis.
São as mesmas que viram acima no início deste artigo.
Não precisam de ser longas, precisam sim de ser bem feitas para que a saída de linha suporte a pressão exercida:

Outros mares, outros peixes, mas a mesma exigência de qualidade.

Poderia passar-vos inúmeros exemplos de peixes feitos com anzóis Suteki.
Não arrisco a minha reputação em productos em que não acredito. O peixe que podem ver a seguir foi também ele pescado com anzol Suteki, e é um bom exemplo de um exemplar que faz força a sério.
E se a linha de anzóis suporta bem os grandes peixes desses mares, também serve para os nossos robalos e parguinhos.

São 240 kgs de atum num anzol Suteki, neste caso a referência WAZA, tamanho 6/0. Peixe pescado por …uma senhora. Podem ver o anzol utilizado em baixo: 


Construir um anzol está bem longe de corresponder a um simples acto de entortar um arame. É toda uma ciência de cálculo de curvaturas, de pontos de força, de afiamento e colocação da barbela na altura certa.
No fim, o resultado dos estudos efectuados é sempre visível: o anzol abre ou não abre.
No caso dos anzóis, bem como em muitos outros productos de pesca, parece-me evidente que não há que poupar cêntimos.
De que serve ter um peixe de excepção na linha se a seguir ele entorta o anzol e vai embora?!
Que pode ganhar-se com isso?
Assim, há que testar, e depois de obtidas certezas, fazer uma aposta firme no fabricante.
A Suteki/ Yamai tem alguns productos que estão perfeitamente desenhados para o tipo de peixes que temos, quer no segmento de peixes que aspiram, e aí utilizamos as cordas de assiste mais longas, quer dos que mordem, e aí cordas mais curtas levam vantagens. Leiam robalos e pargos, se quiserem.
O modelo Twin Assit tamanho 18 e 19 são bons exemplos que utilizo há ano e meio e que muito raramente permitem a fuga de um peixe. Estão balanceados em termos de peso e resistência para o tipo de peixes que temos.



Caso tenham questões a colocar, terei muito gosto em responder através do blog.


Vítor Ganchinho


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