SATOH - TESTES DE LINHAS E ANZÓIS

Para que tenham uma ideia do nível a que trabalha, Norihiro Satoh afirma: “nenhum fabricante de anzóis conseguiu até hoje fazer um anzol suficientemente bom para que eu pesque com ele sem ter de o alterar previamente”.
A seguir fez-nos uma demonstração ao vivo das suas razões, e eu entendi-as na perfeição.
Vou hoje tentar explicar-vos as razões deste seu comentário.

Satoh sensei dá uma importância extrema ao equilíbrio do peso entre a linha e o anzol.

Para aquilatar da sua qualidade de base, ele começa por ensaiar na unha do polegar. Passa ao de leve e verifica se há atrito, se tende a fixar-se. O normal é que resvale, não prenda.
A seguir, trabalha os anzóis e no fim irá testá-los de novo. Passa-os inclusive pelo seu pulso, para testar o quanto podem prender. Se estiverem suficientemente aguçados, não resvalam.
A opinião dele é que as pontas devem ser agulhas perfeitas para ferrar ao menor toque do peixe.
Para isso ele utiliza um sistema que nos desarma: um a um, pega numa folha de papel dobrada, grossa, e desata a espetar o anzol repetidamente, sob um determinado ângulo.
É algo de insano, porque para nós europeus o anzol já é bom ao sair de fábrica. Para nós nunca é necessário fazer mais nada!
Após uma série de espetadelas, volta a passar o anzol na unha do dedo polegar. E a diferença é bem visível e remarcável!
O estado de afiamento da ponta do anzol muda em segundos.

Clique na imagem para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.

Ele tentou perfurar o papel com o anzol não trabalhado por ele, e não conseguiu, e a seguir fez o mesmo, com a mesma força, mas a um anzol que afiou anteriormente.
E trespassou o papel de teste com a maior das facilidades.
Experimentem a fazer! Eu vou mostrar-vos como se faz num encontro que iremos ter muito proximamente na GO Fishing em Almada.
Um outro aspecto curioso que notei é que frequentemente ele faz ajustes na zona onde a linha de assiste irá ficar colocada. Recorre a uma pequena lima e desbasta dos lados junto à patilha e deixa mesmo algumas rugosidades.
O objectivo, para além de esbater a lâmina que representa a zona de prensagem mecânica, é deixar campo de aderência à linha, que ali encontra uma “cama” onde fica estabilizada.

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Explicou-me que com isso consegue não só uma maior fixação da linha multi, como ainda, retirando algum do gume que a patilha possa ter, ganhando em segurança.
Diz ele: “com peixes pequenos não faz diferença, não têm muito poder, mas quando temos combates que duram muitos minutos ou horas e o peixe tem muita força, pode acontecer que a placa terminal em formato de lâmina acabe por cortar a linha. Vitor, os trançados são muito pouco resistentes a esforços transversais…”.

Um génio ….aparentemente uma pessoa normal, mas afinal alguém que dedicou toda a sua vida ao fenómeno da pesca. E sabe muito!

E continuámos a testar, a aprender, a tentar entender as razões que levam milhões de pessoas a seguir este mestre.
O privilégio que é poder partilhar tempo de vida, no seu espaço, com Satoh sensei, é uma honra indescritível. Ter a possibilidade de confrontar as suas ideias com as minhas foi um momento alto da minha vida de pescador.
Colocar questões, ir tão fundo no detalhe quanto possível, só vale a pena quando temos diante nós uma pessoa que sabe ….muito.

Aqui a testar a resistência das linhas ao nó de um assiste duplo, para o peixe espada. Reparem no tipo de nó efectuado. Tenho a dizer-vos que os anzóis da marca Suteki utilizam este nó, até hoje a ligação mais forte conhecida e testada. Por estranho que pareça…porque este nó parece ir saltar a qualquer momento. São três voltas e ponto final…mas feitas de forma a deixar a saída de linha sem excesso de pressão, quando o peixe puxa.

Continuámos os “trabalhos” com uma sessão de execução de nós de assiste. Ele sabe fazê-los todos…mas tem os seus favoritos.
Não deixa de ser curioso que prepare uma tonelada de assistes em casa e logo a seguir me diga que quando chega ao local de pesca pode acontecer que não utilize nenhum deles, e que os faça ali, no pesqueiro, de acordo com aquilo que lhe parece ser mais conveniente na altura.
Posso garantir que a sua mala de acessórios comporta centenas de assistes.
Mais que isso, eles já estão devidamente catalogados, de acordo com o seu comprimento e respectivo peso do jig. Vejam abaixo.

Ensinou-me a fazer os seus nós preferidos, e na verdade hoje utilizo-os com muita segurança.

Tenho algo para vos anunciar, e vou fazê-lo num dos próximos números do blog.
Estejam atentos.


Vítor Ganchinho


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