A PESCA DE PRIMAVERA

As águas já estão mais quentes e isso vai trazer ao nosso cenário de pesca novos protagonistas.
Aos poucos, os peixes migradores irão aparecer nos baixios, vindos do largo, de outras latitudes, e vão colonizar os postos de caça do costume.
No espaço de poucas semanas, passaremos a ter um cocktail de espécies mais alargado, bem diferente da monotonia de Inverno. É um “baralhar e dar de novo” a que estamos habituados, e por isso nada de novo. Os sargos veados, ou saimas, “Diplodus cervinus”, estão aí, os pampos, ou peixe-porco como prefiram, “Balistes capriscus”, também já começaram a chegar, e com eles os lírios, “Seriola rivoliana”, que são gente amiga e ficam a dividir o condomínio disponível.
Também as arribadas de cavala serão a partir de agora mais frequentes, e irão só por si motivar a passagem junto à costa de pesos pesados como os atuns, os tubarões mako, as baleias, e alguém que segue os atuns como um cão pisteiro: as orcas.

Pargo das Canárias de 3.850 kgs, pescado a bordo do Sprint pelo meu amigo Carlos Campos.

Como é habitual, a entrada de uns coincide com a saída de outros. Se as condições alteram, acontece um reajustar de espécies residentes, e ficam aqueles que se adaptam melhor.
Sobre saídas, lamenta-se a derradeira presença de pargos das Canárias, os “pagrus canarienses”. Neste momento estarão naquilo que serão as suas últimas aparições pois são visitantes dos nossos mares quando as temperaturas estão mais baixas. Na verdade, só podemos contar com eles de forma regular quando os termómetros baixam dos 16ºC, o que daqui para a frente será cada vez mais raro. Por vezes temos temperaturas baixas mesmo de Verão, mas estas coisas não dependem de um dia bom ou um dia mau, funcionam sim por médias de temperatura mensais.
Um outro peixe que é contemporâneo destes agressivos e fortes pargos é o seu parente mais pobre de tamanho, as nossas comuns bicas, “Pagellus Erythrinus”, que este ano apareceram em força, com um número de efectivos reforçado, e que a este momento estão de saída, para cotas mais frescas. Mas ainda aí andam algumas, vejam esta sequência de filmes:

Clique nas imagens para visualizar e na rodinha das definições para melhorar a qualidade.




Pargo das Canárias pescado pelo meu amigo Luís Maia, a sul de Sines, no seu primeiro dia de jigging.

Os robalos subiram na coluna de água e já os temos acessíveis, voluntariosos, e…famintos. Nesta altura do ano são uma presa fácil para os jigs ligeiros lançados por quem sabe onde estão. Este é o momento de os procurarmos junto às concentrações de comedia, sobretudo a sardinha pequena, o carapau, as cavalas e outra miudezas, o caso do biqueirão, da galeota, etc.
Quando encontramos arribadas de caranguejo pilado sabemos que …não podem estar longe. Tudo o que permita a este peixe oportunista saciar o seu apetite voraz, é explorado ao limite.
São sobretudo os “pretendentes” a grandes robalos aqueles que nos vão surgir nesta altura do ano, peixes que cumprem os mínimos, mas não são pesados nem colocam em perigo as nossas montagens mais ligeiras.
Estou a pescá-los com um PE 1,2, baixada de 0.33mm e sinto que sobra linha, poderia aligeirar um pouco sem correr qualquer risco. A razão de ser deste calibre utilizado prende-se com a possibilidade, cada vez mais remota, de ter ficado um ou outro pargo das Canárias na casa dos 5 a 6 kgs, que queira ainda pedir meças de força. Por vezes não são os peixes correntes, os tamanhos padrão, aqueles que nos motivam a utilizar esta ou aquela linha, mas sim a expectativa de poder os ter um encontro imediato com um oponente mais encorpado. Muito em breve isso deixará de fazer sentido, e aí, um PE1 de qualidade e um fluorocarbono 0.30mm chega e sobra.
Vejam o robalo que o meu companheiro Luís Maia fez no seu primeiro dia de jigging, com sinais evidentes de uma terrível luta pela vida da qual terá saído vitorioso:


Muitas vezes estes peixes ficam presos em redes perdidas, e lutam até ao esgotamento sem conseguirem libertar-se.
Este felizmente conseguiu sobreviver, cicatrizou as feridas, deitou para trás das “costas” problemas antigos e fez a sua vida.
O bom da história é que foi bem a tempo de poder dar uma alegria ao Luís, que com ele teve uma luta interessantíssima. Primeiro robalo a jigging, e uma alegria imensa.
Não me canso de dizer que a pesca jigging tem muitas surpresas guardadas para quem arrisca sair da rotina do vulgar “pica-pica”.

Vejam como o milagre da vida consegue sobrepor-se a grandes dificuldades.

Não fiquem em casa, vão à pesca! GO Fishing...


Vítor Ganchinho


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2 Comentários

  1. Pedro Evangelista21 maio, 2024

    Que maravilha! Sr. Vitor, não se esqueça de mim para uma pescaria consigo!

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    Respostas
    1. Olá Pedro! Eu ando fugido ao trabalho...estou em liberdade condicional.
      A minha mulher quer pôr-me em regime de pulseira electrónica porque diz que eu estou a pescar demais.

      Mas é por uma boa razão: um amigo meu que é carpinteiro partiu uma perna e não vai poder trabalhar durante seis semanas. E eu ofereço-lhe o que tenho: peixe.

      Com isso ele já se orienta de alguma maneira.


      Hoje fiz um robalo de 3kgs com um vinil. Brevemente irá ver o bicho em filme, embora não seja propriamente uma "grande metragem"....

      Abraço aí para o Algarve!

      Vitor

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