Uma das questões que mais me colocam tem a ver com as cores das toneiras. Quais são as melhores?
Na verdade, as lulas nem são muito “ esquisitas” com isso, mas se há um padrão, um fio condutor, ele aponta no sentido de cores vivas, com brilho, em águas mais tapadas, e cores mais naturais, em águas lusas.
As versões de toneiras que incluem na camisa o efeito "glow" (luminescente) ou o UV, (Ultra-Violeta) serão sempre mais eficazes quando pescamos nas extremidades do dia, logo de manhã muito cedo, antes mesmo de o sol levantar, ou ao final do dia, ao por-do-sol.
À medida que se avança na utilização de materiais mais e mais sofisticados a quantidade de informação aumenta. Serão os japoneses aqueles que mais pescam lulas e por isso aqueles que mais sabem sobre o assunto. E podemos aprender com eles.
O que vos posso transmitir é que a popularidade desta pesca tem muito a ver com a fácil obtenção de resultados, conjugada com a diversão garantida que proporciona. Podemos optar por utilizar o sistema clássico de técnica que consiste em “sacudir” a toneira durante breves segundos, entrecortados por esperas em cada patamar de água, ou podemos mesmo enveredar por uma procura mais agressiva, utilizando as piteiras como se fora um jig, fazendo-as vibrar sem sequer as deixar parar.
No meu caso pessoal, na maior parte das vezes, apenas aproveito as lulas que batem no meu jig quando pesco aos pargos ou aos robalos. Mas sei que poderia conseguir muitas mais e encher uma caixa se a ideia fosse pescar lulas de forma mais dedicada, prescindindo de outras capturas.
Aqui com um jig da Little jack de 30 gramas. Quer dizer que eu estaria a pescar baixo, não mais de 20 a 35 mts, e detectei a presença de lulas… |
Sobre a montagem, ela é em rigor a mesma que todos vós utilizam para o choco. O destorcedor duplo cuida de manter tudo no seu sítio, e não é problemática.
Coloca-se a toneira acima, desfasada da piteira em cerca de 30 cm, (com esta última a servir de peso não é normal haver enrolamentos), e é mandar para baixo com fé.
Com este tipo de montagem, toneira mais piteira, vamos ter o melhor de dois mundos: o peso que trabalha abaixo, a piteira, vai seguir uma relação directa com os nossos movimentos de ponteira, movendo-se mais rapidamente. Subimos a cana e ele sobe e ao baixarmos a ponteira irá cair em conformidade.
Já a toneira, e dependendo do seu tipo de acção, após levantarmos a montagem pode ficar a flutuar algum tempo, caindo lentamente. Essa acção também é altamente atractiva para as lulas, que nela veem uma presa fácil de capturar. A GO Fishing Portugal tem toneiras em três versões de queda diferentes. Em caso de dúvida é colocar a questão aqui no blog.
Não é estranho que duas lulas se prendam ao mesmo tempo, cada uma delas no seu artificial. Embora sejam ações contrastantes, ambos os movimentos são eficazes para conseguirmos enganar as lulas.
Em dias em que as lulas estão “loucas”, muito activas, é mais natural que reajam à piteira, que sendo mais “nervosa”, mais ligada aos movimentos que fazemos com a ponteira da cana, acaba por as excitar mais. Por outras palavras, utilizá-la como faríamos a um jig, mas com agulhas.
Nestes dias, pode acontecer que seja mais produtivo retirar a toneira, passando a trabalhar apenas com o peso da piteira, fazendo-o passar pela coluna de água com movimentos intermitentes, recuperações rápidas seguidas de paragens bruscas. O ataque faz-se sentir numa destas paragens. Neste estado de excitação perseguem tudo, atacam tudo o que esteja nas imediações.
Nestes casos, marcamos a cor de linha que corresponde ao patamar em que se encontram as lulas e é explorar o local até os toques começarem a rarear.
A seguir, vamos procurar mais fundo, porque a tendência delas é reagir à nuvem de tinta largada pelas outras afundando, saindo do sitio para tentar observar o que se passa…
Uma piteira, com as suas cores coloridas. As lulas pelam-se por formatos a lembrar peixes, ou…lulas. |
Sobre a eterna questão do chumbo ou do tungsténio, ….
Existem piteiras fabricadas nos dois tipos de material e ambas têm os seus méritos. O tungsténio tem a seu favor uma alta gravidade específica, e por isso pode ser mais fino e compacto do que a mesma peça, com o mesmo peso, mas em chumbo.
Quando pescamos às lulas em zonas muito profundas, e para não enviarmos abaixo um volume demasiadamente grande, podemos optar pelo tungsténio. É mais pequeno, desce bastante bem, e em situações de corrente pode ser a única forma de conseguirmos pescar.
Por seu turno, o chumbo, sendo muito menos denso, obriga a um maior volume na peça enviada, o que não nos ajuda na definição do toque da lula. Mas com ele conseguimos maior suavidade na descida, mais naturalidade no movimento, e isso também pode ser importante!
Teremos sempre de escolher em função das condições que temos diante dos nossos olhos. Por um lado a acção mais forte do tungsténio, a permitir resolver casos extremos de vento, corrente, e por outro o chumbo, com a sua descida mais suave e a encaixar melhor naquilo que a lula entende ser um movimento natural.
Se querem saber qual o conjunto que eu utilizaria para começar a pescar bem cedo pela manhã, quando ainda há pouca luz de sol, ou por exemplo naqueles dias muito nublados, com céu cor de chumbo, seria isto:
Piteira da Yamashita Weight Sutte No.15 - 56g Referência: 4510001562439. Clique AQUI para Saber Mais |
Toneira da marca japonesa Keystone Haihukugata Jadouhen 3.5 - Full Glow White Referência: 4540019201358. Clique AQUI para Saber Mais |
Esta toneira brilha no fundo do mar e é um rebuçado no meio de uma festa de miúdos. O primeiro que a vê, apanha-a.
E já só nos falta ver uma outra questão que me parece importante também: a utilização das toneiras com rattling, as esferas internas que fazem barulho.
Para mim que sou um apologista de alguma discrição na pesca, resulta estranho utilizar o “chocalho” nas toneiras para lulas, mas admito que possa fazer sentido em dias de agitação marítima, em que o fundo esteja um pouco mais movimentado.
Não devemos esquecer que em dias de aguagem, o chamado “mar com força de fundo”, muita coisa irá estar a emitir ruídos lá em baixo. É a deslocação de areia, é a menor visibilidade, são as pedras a rolarem pelo fundo, etc. E isso convida a utilizar uma toneira que se faça notar.
De resto, para mim, aposto numa toneira com boa postura, a descer calmamente, em contraste com a rapidez de movimento da piteira. Diria que aposto muito mais na cor da toneira, boa visibilidade no fundo, eventualmente uma unidade toda branca, do que em demasiados…barulhos.
Quando pescamos numa zona demasiado frequentada por outros pescadores, é natural que existam muitas lulas no fundo que já tiveram contactos falhados com outras toneiras. De alguma forma, criaram um efeito de defesa contra aquele estranho objecto brilhante.
Nesses casos, acredito que as lulas anteriormente “arranhadas” nas agulhas irão preferir uma toneira lenta, sem ruído interno, discreta, em vez do oposto.
É um “feeling” que tenho….
Vítor Ganchinho
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