VOLTAR AO BÁSICO... CAP III - ONDE ESTÃO OS ROBALOS?

Tudo o que é pesca gira à volta de isca, de comida, e por isso, devemos estar onde está aquilo que os peixes comem.
Manter os olhos abertos e saber distinguir os sinais de presença de alimento ajuda-nos a encontrar os predadores que queremos pescar.
Os indicadores são muitas vezes perfeitamente visíveis, assim não se desvalorizem.
Procurem a isca onde as gaivotas picam, onde elas andam em círculos. Por que raio haveriam as gaivotas de voar todas em circulo sobre um ponto preciso?...
Se sentimos que há actividade à superfície, faz sentido procurar o peixe no fundo?! Se a água fervilha de pequenos pontos concêntricos, ou seja, se há isca a tentar escapar de algo que a ataca por baixo, faz sentido que se lancem amostras pesadas e longas? 
Nós não queremos assustá-los, queremos sim pescá-los. 
Não será mais razoável procurarmos utilizar uma amostra de pequenas dimensões, da mesma cor, próxima da comedia que ali se encontra?
Mais uma vez a nossa opção deve apontar pelo simples, pelo fácil, e não procurarmos executar técnicas de pesca que estarão mais acessíveis a quem tem muitos anos de experiência.
Simplifiquem! O spinning é uma actividade de pesca fácil, é lançar e recolher. A partir daí, há um mundo de detalhes que podem tornar o sistema mais produtivo, mas na sua génese o spinning é algo simples, fácil.
Lançar e recolher uma amostra é algo que é básico, é acessível a todos.
Também não me parece difícil que alguém entenda quando tem um peixe na ponta da amostra, porque uma simples cavala já faz suficiente força para se fazer notar.
Ter uma cana sensível ajuda e mais ainda ter todo o equipamento equilibrado, em harmonia. De que adianta ter uma linha fina num carreto enorme e pesado?!

Vejam aqui um exemplo de comedia excitada pela presença de um robalo. Ele estará um metro abaixo, pronto para engolir o primeiro peixinho que baixe da superfície. Ou a nossa amostra…

Um olhar atento às tábuas de marés pode ajudar-nos a decidir a que horas iremos estar junto à praia ou com os nossos pés firmes na rocha, para pescar.
Sabemos que as marés de maior coeficiente atraem mais peixe de qualidade para a costa, e por isso é de apostar em luas maiores.
A força de atracção da lua e do sol jogam um papel determinante na qualidade das marés, e na força que as águas irão ter a cada hora.
Porque há locais com características muito especiais, não devemos ser taxativos ao ponto de dizer que só vamos pescar nesta hora e nesta maré. Pelo contrário, devemos experimentar e tomar nota dos acontecimentos. Sabemos que as variáveis são muitas, e por isso mesmo convém tomar apontamento de todos os dados possíveis.
Se formos metódicos, se olharmos a questões como a lua, a hora o vento, a limpidez da água, a altura do ano, a presença ou não de isca, a quantidade de pescadores no local, a temperatura da água, etc, etc, iremos começar a ter um padrão que é válido na zona onde pescamos.
Ao fim de alguns anos, podemos adivinhar se vamos ou não ter peixe no pesqueiro. Mas este é um trabalho moroso, de paciência… e as pessoas hoje em dia são muito imediatistas.

Quando há pequenos peixes na borda de água, não vale a pena ir procurar os robalos muito longe. Devemos sim procurar lançar amostras o mais parecidas possível com esta isca viva. 

As desembocaduras dos rios, pelo que elas representam enquanto autoestradas de passagem de peixe para dentro e fora dos rios, as entradas de água doce de pequenos riachos que desaguam directamente no mar, os pontões marítimos de carga e descarga, os portos marítimos com tudo o que eles significam enquanto locais de entrada e saída de comedia (à noite estes locais recebem visitas que vão à procura de restos de comida, peixe moído lançado à água pelos pescadores, restos de caixas de peixe, etc), marinas (na maior parte delas não é permitido pescar, atenção!), e todos os locais de presença humana, tais como pilares de pontes, estruturas em cimento de velhas construções, tudo isso interessa a quem tem de procurar alimento.
Vale a pena tentar em águas menos límpidas? Sim, claro.
Eles conseguem focar a sua atenção numa amostra que desliza a muitos metros de si e, mesmo sem a estarem a ver com os seus olhos, sabem que tamanho tem, o seu peso, que vibrações provoca, e qual a distância a que estão dela e o sentido da sua deslocação.
É a linha lateral, um conjunto de pontos ultra sensíveis, ligados directamente ao cérebro por sensores nervosos, aquilo que lhes dá essa informação.
Águas turvas, verdes, lamacentas, com algas, …tudo lhes serve. Zonas de confluência de linhas de água, saídas de rios e as suas águas doces, e nunca por nunca desprezar locais por demasiado baixos. Os robalos adoram baixios, onde podem encurralar as suas presas. Ficariam espantados com os tamanho dos robalos que visitam águas com menos de meio metro…

Muitas pessoas acham que caso a água não esteja absolutamente límpida não vão ter possibilidades de pescar nada. Erro crasso! Os robalos podem comer em condições de água absolutamente miseráveis, de autêntica lama.

Os peões de rocha mais distantes da costa costumam ter robalos. São pontos de referência para a isca que aí procura protecção e por isso mesmo pontos de passagem obrigatória para quem procura comida. Por outro lado conferem aos predadores uma sensação de segurança acrescida. Estarão sempre a tempo de escapar para onde lhes for mais conveniente.
Um outro factor interessante é que os peões acabam por, ao cortar a marcha da ondulação, fazer alguma espuma à superfície. Para um predador, poder contar com esse detalhe é importante pois podem aproximar-se bastante mais das presas sem serem detectados.
Tudo o que é caçar e não ser caçado não deixa de ser um jogo de detalhes, de “gato e rato”.

Aqui têm alguns pontos de rocha que têm robalos nas imediações...

Se já temos uma ideia onde podemos ser melhor sucedidos, que tipo de amostra devemos utilizar?
Deve ser sempre conciliada com as condições de mar. As correntes, o vento, a limpidez da água, a distância a atingir, tudo isso interessa, tudo isso molda a nossa amostra e faz com que esta seja hoje melhor que aquela, para aquelas condições de mar especificas. Pode acontecer que no dia seguinte seja exactamente ao contrário e por isso devemos ter uma coleção com características diferentes.
Quando utilizamos amostras de superfície, por exemplo os passeantes, amostras sem pala frontal, estamos a entrar num mundo diferente.
O ataque de um robalo a uma destas amostras é qualquer coisa de fantástico porque eles são brutos, são violentos e não raras vezes seguem a amostra, engolem-na e a seguir saltam fora de água.
Não pode haver melhor combinação de factores para nos dar uma arritmia cardíaca…
Quando pescamos com uma amostra convencional, sabemos que irá acontecer uma pancada e a partir daí a cana faz o seu trabalho. Ao utilizarmos os passeantes nunca sabemos bem o que pode acontecer. A violência do ataque excede em muito aquilo que se espera de um peixe predador. É toda uma explosão de energia aplicada sobre uma pequena peça de 9 ou 10 cm de comprimento. Vejam abaixo um desses ataques.

Espectacular ataque a uma amostra de superfície, um passeante, as tais amostras sem pala com as quais poucas pessoas sabem pescar…

A seguir ao contacto há que manter a calma, perceber que a parte mais difícil está feita. Depois da ferragem, o peixe já tem muito mais possibilidades de ficar que ir embora, pelo que não devemos ser nós a proporcionar-lhe as condições para que rasgue a boca ou rompa a linha. Temos uma cana, um carreto com drag, linha resistente e temos… mãos.
Ser demasiado brusco, impaciente, não darmos tempo ao peixe, em nada ajuda a sermos bem sucedidos.
Continuo a ver pessoas a querer levantar os peixes “em peso”, sem noção nenhuma do que é a resistência da estrutura da boca de um robalo.
A utilização de uma rede camaroeira é imprescindível sob todos os aspectos, quer para pouparmos a linha e os seus nós, quer os nossos anzois. Quantas vezes somos nós os culpados de eles abrirem?...

Esta não deve ser a parte mais difícil, e no entanto muita gente deixa ir embora os peixes por não a saber executar...

A Shimano e a Smith têm amostras que nestes casos de peixe a roçar a superfície são imbatíveis. Posso dar-vos uma ideia de alguns modelos que são extraordinários pela sua eficácia, por permitirem fazer vários peixes no mesmo spot sem assustarem os robalos:








Canas ligeiras, com acções baixas, ajudam-nos a trabalhar os peixes de forma natural, sem os “arrancarmos” à força do seu meio.
Tentem entender que há mais para fazer. Mais que pescar um só peixe queremos sim saber se existem mais e melhores abaixo da linha de água. Quase sempre eles estão lá!

Está nas nossas mãos fazer mais que um peixe no mesmo local.


Vítor Ganchinho


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