ROBALOS - QUE AMOSTRAS UTILIZAR? - CAP I

Faço-vos previamente um breve resumo de equipamentos que nos permitem lançar a nossa amostra.
Faz sentido que assim seja, porque as amostras não pescam por si só, necessitam de uma “catapulta” que as mande longe. A nossa cana.

Quanto a canas de lançamento, sabemos que algo entre os 2,50 e os 2,90 mts pode satisfazer plenamente as nossas necessidades.
A cana de spinning é um producto altamente testado, sabe-se de há muito o que é necessário, e chega-se lá por exclusão de partes: para quem pesca apeado ou para quem sai de barco, as necessidades são muito parecidas.
Um pouco mais longa para quem pesca de costa, um pouco mais curta para quem lança a partir da sua embarcação, mas a mesma necessidade de projectar amostras a longas distâncias.
Todos concordamos que uma cana curta não permite lançar longe, uma cana demasiado comprida não permite ferrar bem o peixe. E assim, limando as arestas, cortando o que está a mais, adicionando o que falta, vamos bater na cana de spinning ideal.
Dependendo das circunstâncias, podemos ter uma cana com uma acção mais rápida, mais lenta, mais rígida na ponta ou mais parabólica, e até utilizar diferentes tipos de amostras ou mesmo jigs.
É opinião unânime que em termos de spinning uma cana rápida traz francas vantagens. A prioridade neste caso vai para a ferragem, não para a fase seguinte, a de trabalhar o peixe.
Assim sendo, é na compra da cana que se define o que podemos fazer com ela e aquilo que irá acontecer futuramente em cada lance de pesca.
É também aceitável acreditar que quanto mais gastamos melhor qualidade conseguimos, em termos de carbonos realmente bons os milagres que contrariam esta regra não são muitos.
O oposto, gastar quase nada, meia dúzia de euros, e ter o máximo de qualidade, isso sim, seria estranho.

Robalo bonito, pescado a bordo do meu barco Sprint por um amigo americano.

No fim de tudo, as diferenças entre o bom e o mau é que uma cana versão topo de gama é mais reactiva, mais leve, mais nervosa, ajuda-nos a lançar mais longe, a ferrar melhor, a trabalhar melhor o peixe, a ter mais controle sobre ele.
Sabemos o quanto isso é importante quando temos a tal picada que nos puxa o coração para cima e o deixa encravado na garganta.
Nos momentos de aflição, quando o bicho arranca para o fundo como um torpedo, quando a linha sai disparada do carreto a uma velocidade vertiginosa, nessa altura queremos ter uma cana boa e seremos capazes de fazer todas as promessas à Virgem para que ele não se vá embora.
Mas a próxima vez que alguém conseguir um robalo de 5, 6, ou 9 kgs com uma cana barata, certamente esse robalo não será a primeira nem a última vítima de uma cana de baixa qualidade, vulgo um “pau de vassoura”.
Que se ajuste a qualidade da cana ao poder de compra de cada um, é uma regra que bate sempre certo.
Tenho para mim que uma cana ruim em boas mãos é sempre muito melhor que uma cana boa em mãos ruins...

Este peixe motiva-nos a trabalhar muitas horas antes de chegar o momento da ferragem. Começamos em casa...

Também sabemos que um carreto tamanho 3000 é o padrão para pesca de spinning.
Pretende-se algo leve, iremos lançar centenas de vezes e cada grama conta, mas ao mesmo tempo com robustez suficiente para aguentar uns bons esticões e a este nível, o tamanho do carreto 3000 já permite aos fabricantes um grau de compromisso peso/robustez próximo do ideal.
Dado que vamos utilizar linhas finas, (sob pena de não conseguirmos lançar as amostras mais leves...), este tamanho é o certo, sendo que já tem potência suficiente para dar boa luta a um robalo grande.
Quanto à capacidade de linha, todos servem, porque nenhum carreto leva menos linha que a normalmente utilizada para spinning. Faz-me confusão ver gente a procurar carretos de spinning com capacidade para 500 metros de linha, porque eu nunca consegui lançar a 100 metros, nem andei lá por perto.

São peixes admiráveis, os robalos. Um concentrado de coragem, velocidade e precisão, ingredientes necessários para quem tanto caça na maior das calmarias como enfrenta destemido as ondas mais altas.

E quanto a multifilamento, um PE 1 a 1,5 e um baixo de linha em fluorocarbono de 0.31 a 0.33mm de boa qualidade chega e sobra para pôr a seco qualquer dos nossos peixes.
Chamo a atenção para este detalhe: a linha de spinning não é multicolor!
Se querem uma luta dura entre o vosso cérebro, os vossos olhos, e a intermitência de cores, é convosco. Vão passar a concentrar-se sobretudo em ser capazes de perceber onde está a linha e a amostra, em vez de dedicarem a vossa atenção a pequenos grandes detalhes como observar os anéis concêntricos que um predador faz à superfície quando procura alimento. Ou um remoinho feito por um peixe que falhou o ataque mas continua activo, a querer comer. Por exemplo.
Se a nossa preocupação for no sentido de perceber que a cor azul mudou para amarelo e a seguir para vermelho, …não vamos conseguir fazer mais nada que isso. Os raios solares, os brilhos da sua reflexão no espelho de água, e a variação de cores na linha são ingredientes que não devemos querer misturar.
A linha de spinning é de uma cor única, e ponto final.
Porque a linha é vista de baixo para cima, convencionou-se como boa escolha a cor chartreuse, uma espécie de cor limão, muito visível e contrastante para quem está fora de água, (logo com maior facilidade em seguir a sua posição e adivinhar qual o ponto exacto em que se encontra a amostra), mas virtualmente invisível para quem olha de baixo para cima, direito ao brilho do sol, e cujos sentidos estão concentrados num objecto que está atrás.

O meu amigo Stefano, um piloto de aviação italiano que disfruta da vida e de quando em quando visita Portugal. Para pescar.

Falta-nos apenas definir a nossa amostra.
E aí, a variedade é tanta, as possibilidades de escolha são tantas que mesmo o mais convicto dos pescadores pode por vezes ter algumas dúvidas.
É isso que vamos ver em detalhe neste conjunto de artigos que irão seguir-se.

As pessoas perdem-se a comprar amostras porque não têm critério próprio, compram aquilo que os amigos lhe dizem para comprar. O resultado, (para quem tem muitos amigos que opinam…), é uma lixeira a céu aberto de amostras de plástico ou borracha...

Vamos tentar criar um critério que evite a sobreposição de amostras que servem um mesmo fim, em detrimento de outras que eventualmente nos fariam mais falta em determinadas condições de mar.
O tema é interessante e por isso espero que acompanhem o próximo número.


Vítor Ganchinho


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