COMO ESCOLHER AMOSTRAS - "VOU EXPERIMENTAR"... - CAP V

A razão principal pela qual existem tantos milhares de amostras diferentes, independentemente da sua maior ou menor qualidade técnica, é porque há um mercado potencial para todas elas.
Não faltam interessados em adquirir a amostra menos bem desenhada, a amostra que, pese tenha sido muito mal concebida, ainda assim goza do efeito de encantamento de tudo o que é …novo.
“ Vou experimentar”...
Aquilo que é novo goza de privilégios de escolha não extensivos a amostras mais “idosas” mas que, essas sim, têm provas dadas, resultados mensuráveis.
Na verdade, não fariam falta tantas amostras para uma função de pesca que está padronizada, que pode ser resumida a meia dúzia de situações diferentes.
Para um pescador de robalos, os dados serão: superfície, meia água e fundo, águas claras ou turvas, mais longe ou mais perto.

Este jig Shimano, com uma das faces com brilho glow, deu um pargo lutador …mas pequeno. Esta espécie cresce muito pelo que foi restituído à água.

No caso de um pescador de jigging substituam os termos mas mantenham a ideia: mais ou menos fundo, com ou sem corrente, com mais ou menos luz diurna.
O enquadramento é este, e a partir daí as escolhas podem ser feitas. Amostras de superfície sim, amostras com pala sim, cores naturais e cores flash sim, lançar longe ou lançar perto, logo mais pesado ou mais ligeiro. E por aí…
Em termos de jigs, mais ou menos pesados, forma mais longa ou mais curta, cores mais ou menos naturais.
Tudo gira à volta destes parâmetros, mas as pessoas não querem isso, querem vasculhar nas caixas, ir ao fundo do baú, procurar a amostra que hipoteticamente lhes dará o peixe da sua vida.
Mais que isso, procuram a amostra que pesca sempre, independentemente das condições de mar, da hora do dia, de haver ou não haver peixe, enfim, procuram …um milagre.
E irão procurar até ao seu último suspiro, com a vontade férrea e ganas de quem acha que uma amostra pode mudar o seu futuro, que dessa amostra “nova” depende a sua vida de pescador.
Procura-se com alma, e gasta-se dinheiro esperando que o esforço seja recompensado. No fundo procura-se a pedra filosofal que transforma tainhas em robalos…sempre.
Sendo essa uma missão impossível, ainda assim as pessoas insistem nela, e por consequência os fabricantes agitam-se na tentativa de apresentar todos os anos colecções novas, “inovando” nem sempre para melhor, mas ainda assim …novo.
Do ponto de vista de quem fabrica, o importante é apresentar algo que possa levar os pescadores a investir mais alguns euros em equipamento.
E o processo não tem fim.


Se é verdade que a oferta que existe no mercado é grande, porque existem muitos milhares de fabricantes diferentes, também é verdade que existem ainda mais clientes, ávidos de novidades.
O resultado final é uma infinita caixa de amostras, muitas delas perfeitamente redundantes, a fazer o mesmo que muitas outras dezenas delas.
Porque o nível de conhecimentos técnicos quase nunca é em excesso, pode até dar-se o caso de a pessoa fazer uma colecção de artefactos de pesca cujo critério de compra é a cor, ou o tamanho, ou a forma.
Quando olho para a caixa de amostras de alguém, quase sempre consigo entender qual o tipo de pesca que faz, ou pelo menos qual a noção que tem da pesca que gostaria de fazer.
Isso é transversal a pescadores de chocos, de robalos, de corvinas. A caixa de amostras diz muito daquilo que é o nível técnico do pescador que a possui.
Obviamente chega-se a extremos, há quem tenha muitas centenas de toneiras para chocos, e ache que necessita de mais.
Observando em detalhe podemos encontrar um fio condutor entre todas elas. Se gosta de rosa, vão oitenta toneiras iguais em matizes da cor rosa…ainda que de marcas diferentes, formas diferentes, etc. Mas …rosa.
Se a pessoa pesca robalos, idem, vai uma colecção de “desesperos” na cor azul, mas todas com pala porque sim…
Por sinal não tem um único passeante porque acha que nunca há ataques de robalos à superfície.

Aquilo que procuro fazer ver é que há condições de mar que exigem um determinado tipo de amostra, outras condições irão pedir outro modelo, mas as situações estão muito padronizadas, ou há corrente ou não, ou o mar está liso à superfície ou não, mas as variantes não são infinitas.
E que para que a pessoa se sinta bem equipada, não faz falta nenhuma adquirir centenas delas... iguais. Não tem de gastar o dinheiro que tem e não tem em repetições de uma determinada solução.

A oferta existe, a GO Fishing terá jigs e amostras em quantidade suficiente para todos, mas é bom saber qual a razão que leva a comprar uma amostra.

Em termos de jigs, existem pesos diferentes, e aí é forçoso que os tenhamos porque os fundos podem variar bastante, 20 metros não são 120 metros.
Também existem formas diferentes, jigs mais curtos ou mais longos, dado que há dias com pouca e outros com muita corrente, dias bom para slow jigging e outros em que temos de chegar ao peixe um pouco mais bruscos, mais impetuosos, em que os peixes só reagem se forem estimulados a isso.
Por todas estas questões, faz sentido que o pescador possa prever diferentes velocidades de queda do seu jig, diferentes tipos de vibrações, e estar munido de cores que permitam trabalhar diferentes profundidades e níveis de luz.
Não vale a pena é criar redundâncias, adquirir jigs cuja função é idêntica a muitos outros que já existem na mochila. E mais que isso, ter em atenção que diferentes marcas podem oferecer o mesmo modelo/ tipo de jig. 
Olharmos para as peças e procurarmos entender qual a forma como irão descer na coluna de água é avisado.
Continuo a ver nas caixas de jigs muita coisa que é igual, o que limita as possibilidades de escolha em termos de trabalho durante o acto de pesca.
E isso é transversal a muitos tipos de artificiais, até para a pesca ao choco.

Ao nível das toneiras, as possibilidades de inventar algo realmente diferente são cada vez mais reduzidas, a indústria recorre a designers que trabalham o ano todo numa só colecção. No fim de tudo, as fábricas chinesas irão copiar os modelos com mais sucesso.

Quando uma marca produz algo, regista a sua patente. A partir daí, todos os outros podem fazer, mas em termos legais terão de introduzir duas diferenças mínimas.
É isso que a lei determina, sendo que uma das diferenças pode ser ao nível da embalagem.
Excluam por favor os chineses desta equação, porque para eles as restrições parecem não existir. Eles tentam copiar a rigor, sendo que, por falta de meios, aquilo que sai é algo parecido mas de qualidade infinitamente inferior. E quanto a questões legais de propriedade intelectual, direitos, patentes, estamos conversados. 
Se a Shimano lança uma amostra, os chineses irão pegar nela e vão copiá-la o melhor que conseguem, para tirar partido da divulgação e respeito geral que a amostra original consegue.
O preço é sempre mais baixo, mas também a qualidade o será. Os compradores desse “milagre” irão perceber alguns dias mais tarde que afinal a amostra que até parecia a outra, acaba por rapidamente denotar razões para ser mais barata.
Com o salitre as cores desaparecem em poucos dias, as partes metálicas ganham ferrugem, e em meia dúzia de dias a pessoa acaba por decidir comprar a outra, a amostra a sério. Que assim, 1+1, custa mais cara.
Os chineses fazem “coisas parecidas” e ninguém lhes reclama nada porque ao fim de um ano viram costas às amostras e estarão a produzir sapatos por 4 euros.
Para eles, basta produzir algo que vagamente possa lembrar uma boa amostra, fazer umas fotos, lançar isso para as redes socias e esperar que a “coisa” pegue. Se houver clientes está bem, se não houver, aquilo que se perde não é muito.


Na verdade, quase todos se copiam furiosamente e por isso mesmo, aquilo que temos são quase sempre os mesmos formatos de amostra, mas com cores diferenciadas.
Aquilo que resulta é certo e sabido que será sempre algo que se pareça com aquilo que os robalos comem.
E mais ainda: aquilo que é muito bom numa determinada região pode não servir de muito noutra, ainda que afastada apenas por algumas dezenas de quilómetros.
Sendo estes peixes muito heterogéneos na sua alimentação, a qual pode variar de uma pequena lula a um caranguejo, natural é que as formas se multipliquem.
Mas sejamos conscientes e claros: aquilo que resulta é sempre aquilo que o peixe come no seu dia a dia.
Os robalos entram à costa para comer, entram em força pelas pedras dentro e procuram as presas que mais gostam, desde pequenos peixes forragem a camarões, caranguejos, etc.
As baías e pequenas enseadas estão replectas de comida à espera de ser encontrada.
Grandes coeficientes de maré permitem-lhes chegar mais longe, mais alto, a zonas onde o mar não os deixa ir em períodos regulares. Por isso mesmo, devemos aproveitar as marés grandes, resultado de luas grandes, e ir lançando enquanto a maré está a subir.
Aquilo que resulta é pescar quando o peixe quer comer. A amostra a utilizar deve estar balizada pelo nível de água que pescamos, mais baixo ou mais fundo, pela cor que apresenta, e isso é resultado da quantidade de sedimentos na zona, e pelo grau de luminosidade que temos ao momento. Fazer uma escolha usando de bom senso e conhecimento adquirido, …basta.
Tornar a pesca complicada não nos ajuda muito...

Enquanto lançarmos robalos pequenos à água, vamos poder pescar robalos grandes...

Vamos continuar no próximo número a falar sobre robalos, afinal eles ainda andam por aí…


Vítor Ganchinho


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