Por vezes temos momentos em que os peixes parecem loucos. Lançamos e cravamos um e a seguir outro e outro.
Não nos atrevemos a mudar de amostra porque para nós aquele é um momento mágico e temos de o aproveitar ao máximo.
Mas para quem sabe que tudo tem o seu fim e que a pesca não é uma questão de quantidade, é também tempo para fazer experiências que na maior parte dos casos nem prejudicam assim tanto os resultados finais.
Uma forma de sabermos se estamos com a amostra certa é pararmos uns segundos e mudarmos para outro tipo de artificial.
Por exemplo se estamos a ter toques com um passeante, ou seja a pescar à superfície, podemos mudar para um vinil, e ver se o padrão se mantém.
Ou até com uma amostra que vá um pouco mais fundo. Se os resultados cessam, então temos a certeza de que o peixe está mesmo a comer na linha de água e não vale a pena procurar mais abaixo.
No fundo, para sabermos se as capturas obtidas são fruto de um dia muito bom de robalos, ou se é de facto a amostra que estamos a utilizar que nos está a proporcionar esses toques, nada como tirar quinze segundos e mudar a amostra.
Se passamos de um momento muito bom para outro de resultados inconsistentes, então que seja, a amostra certa é mesmo a outra. Nesse dia e nessas condições...
Os fabricantes não param de nos oferecer sugestões diferentes. Cada uma terá a sua utilidade, o seu sítio certo. |
Quando adquirimos amostras devemos ter em mente a sua futura utilização. Temos na nossa zona de pesca as condições certas para ela?
Os pesqueiros que frequentamos têm as características onde essa amostra pode ser útil?
Se a nossa zona de pesca é essencialmente constituída por baixios, zonas de rocha pouco profundas, para que vamos adquirir amostras afundantes?!
Ou, por inverso, se apenas temos fundões sem fim à vista, porque iremos fazer um investimento massivo em amostras de superfície?
Não seria mais razoável pensar em ter duas ou três amostras de superfície e fazer uma maior aposta em equipamento com pala mais longa, para pescarmos num nível de água mais baixo?
Amostras afundantes, para quem pesca em fundos mais significativos. A pala longa afunda a amostra e vai procurar robalos que estão longe da superfície. |
A partir de uma determinada profundidade, resulta bem mais cómodo prescindir de amostras e optar por jigs. Bem trabalhados, os jigs cobrem uma imensidão de água em tempo recorde.
É de bom tom ajustar o seu peso à profundidade que temos, eventualmente 30 a 50 gramas, pensando sempre que o fundo pode ter encalhes e que temos de ser capazes de calcular o tempo de descida ideal.
Antes de o jig chegar ao fundo está óptimo, depois de ele cravar nas pedras do fundo está tudo errado e é um pesadelo. Tudo tem o seu preceito.
Os japoneses são mestres na arte de pescar de costa com jigs, fazem-no sistematicamente e com bons resultados. Pescam inclusive atuns de bom porte, em zonas de rocha onde os fundos são significativos mesmo junto à costa.
Em Portugal há locais onde isso é possível, e cada um terá de fazer a sua prospecção nesse sentido.
É óbvio que os jigs a utilizar não serão demasiado pesados, e tão pouco os assistes serão demasiado longos, já que isso favorece a sua prisão no fundo. A solução encontrada pelos japoneses foi no sentido de trabalharem com assistes curtos, a que chamam de “Costal assist hooks”, ou “Shore Jigging hooks”.
Devemos ter a noção de que tentar pescar com jigs pesados é altamente contraproducente, porque os resultados não podem ser bons, iremos perder equipamento, e não me refiro apenas ao jig em si, também a cana e a linha irá sofrer imenso se quisermos ser…”brutos” demais.
Os jigs são peças concebidas essencialmente para levar os nossos anzóis para o fundo, e são muito eficazes a promover picadas de peixes que deambulam por espaços onde não conseguiríamos chegar com uma amostra comum, mas devemos ter em consideração que a acção das canas de lançamento de jigs limitam-nos, e bem, a gramagens que são bem mais próximas do light jigging que do heavy jigging.
Assim sendo, a cada faixa de água que queremos explorar devemos atribuir uma amostra específica, com uma acção e peso ideais para essa função.
Voltando à questão das amostras é bom referir que navegamos num tipo de pesca que é profusamente praticado em Portugal, há muita gente a fazer isso muito bem feito.
O nosso país tem muitos e bons especialistas de pesca a lançar, e não só ao robalo. Outros peixes, como os lírios, as corvinas, os atuns sarrajões, as anchovas, etc, são peixes que motivam pessoas a sair de casa na maré certa e a ir lançar umas amostras.
Em termos de peso, a maior parte das amostras será muito semelhante já que se demasiado leves não as conseguimos lançar, e se demasiado pesadas idem. Por isso, variações entre os 10 e os 40 gramas serão o padrão mais comum.
As canas de pesca acompanham em acção a necessidade de serem eficazes perante esses pesos.
Os cuidados a ter com material de spinning não serão muito diferentes daqueles que providenciamos aos equipamentos de outras modalidades de pesca, sendo que por inerência de técnica, o lançamento é aquilo que mais nos interessa e para isso a linha tem de ser muito bem escolhida.
Para o spinning mais corrente, visando sobretudo o robalo, uma linha PE 1 a 1,5 é o ideal, sendo o multifilamento PE 1,2 aquilo que permite distâncias mais longas com o necessário resguardo de segurança.
O PE 1 lança mais mas exige boas mãos, a saber evitar roturas, o PE 1,5 para certos casos, nomeadamente lançar por detrás da rebentação força-nos a utilizar amostras mais pesadas do que seria eventualmente necessário.
De resto, existem amostras que voam mais que outras, a sua aerodinâmica favorece um pouco mais a deslocação aérea, mas não esqueçam que a efectividade de uma amostra não se esgota na sua capacidade de ser lançada longe, antes deve ser escrutinada na função que é prioritária: trabalhar bem na água.
É bom que se tenha a noção de que não há amostras que funcionam bem todo o ano.
Aquilo a que as pessoas atribuem o nome de amostras ruins, na maior parte dos casos não passa de amostras que foram utilizadas nas alturas erradas do ano, em condições em que não poderiam resultar.
Sabemos que a primavera e o outono são propícias à pesca de spinning, e que no verão o peixe come, mas com prevalência pelas marés nocturnas.
Sabermos adequar a nossa amostra ao período do ano em questão ajuda-nos a obter resultados.
É sabido que com águas quentes teremos os predadores a optar por alimentos de reduzida dimensão, os pequenos peixes, minúsculas lulas, camarões, etc, e que no inverno, com águas frias, a sua opção aponta no sentido de conseguirem uma presa de maior porte, uma cavala, um carapau, eventualmente uma tainha. Sim, os robalos grandes podem facilmente engolir uma tainha de 1 kg!!
Assim sendo, devemos escolher as nossas amostras em função da expectativa de captura, e há momentos óptimos para os robalos grandes, e tendo em consideração a temperatura da água, a qual induz o predador a seguir um regime alimentar mais focado em presas grandes ou por contra, pequenas miudezas que nos parecem a nós ser insignificantes. Mas que, por razões metabólicas, são a primeira opção dos robalos, e outros que tais.
Há um momento em que os grandes robalos atacam as tainhas. Isso acontece quando as águas arrefecem, e a actividade dos predadores reduz a apenas alguns minutos por dia. |
Seguimos nesta onda de pesca spinning no próximo número.
Vítor Ganchinho
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