OSAKA NOVIDADES - CAP XXI - PORQUE NÃO SÃO AS TONEIRAS TODAS EFICAZES?

Não deixa de ser ingrato, trabalhar durante meses e meses, desenhar, produzir protótipos, fazer testes, e no fim, …os pescadores não aprovarem os modelos lançados.
Isso acontece a marcas muito conceituadas, algumas delas com provas dadas no mercado, mas que, por alguma razão que a razão desconhece, não obtêm sucesso.
Devem considerar que quem produz este tipo de artigos de pesca não o faz para um mercado restrito, antes trabalha no sentido de conseguir uma certa universalidade.
O ideal é que os modelos sejam eficazes aqui em Portugal, na Austrália e no Brasil. Não é fácil. Por vezes, …não corre bem.

Procura-se produzir algo que seja eficaz perante o maior número possível de chocos...

Dizer que uma marca ou modelo são muito eficazes, ou não, implica sempre definir onde. Em que país?
Em Portugal temos uma tradição bastante vincada de pesca ao choco, e sabemos fazer. Temos entre nós excelentes pescadores, muito sabedores do oficio.
Se há uma centena de anos a questão da fabricação nem se colocava, (eram as piteiras feitas em chumbo derretido. com alfinetes embutidos de pontas reviradas, enroladas em linha branca e vermelha, e ponto final), hoje em dia as coisas mudaram muito e a pesca do choco já movimenta uma verdadeira indústria.
Diferentes tamanhos, cores, velocidades de queda, modelos de agulhas, etc, etc. Tudo está diferente, e se algum lamento existe esse tem a ver com os chocos: são muito menos.
Há ainda a considerar a questão da técnica utilizada, a qual em Portugal se resume a uma passagem relativamente pouco activa sobre os pesqueiros, no fundo deixa-se passar o barco “à rola” em cima dos locais onde presumivelmente haverá chocos, enquanto que no Japão é muito mais activa, o choco é muito provocado por um efeito de pesca a que se chama de “darting”.
Este sistema de pesca é bastante utilizado em fundos baixos, a não exceder os 5 metros de fundo, cota que entre nós é muito pouco explorada. Aquilo que nos é comum é pescar entre os 10 e 20 mts de fundo, e daí a necessidade de chumbos de lastro.
Os japoneses pescam bastante a partir de terra, algo que nós não fazemos muito.
Cá chegará...

Esta série da Daiwa não teve êxito. A ideia da cabeça articulada era boa mas por algum motivo não resultou nas nossas águas.

Assim sendo, é difícil que um mesmo tipo de toneira resulte para toda a panóplia de técnicas, lugares, e espécies de cefalópodes.
Haverá amostras mais universais que outras, mas não haverá uma que resulte sempre e em todo o lado.
Devemos entender também que quem fabrica pensa em primeiro lugar naqueles que lhe estão próximos, os clientes japoneses, na circunstância.
A seguir estarão todos os outros consumidores, que por vezes só têm acesso aos produtos alguns anos depois deles serem lançados nos países asiáticos.
A GO Fishing Portugal procura fazer com que a disponibilidade de stock corresponda ao mês de lançamento no Japão. Sai lá e sai aqui, quase ao mesmo tempo.
A quantidade de gente que adquire toneiras para chocos é assustadora e isso é geral, não é só entre nós que o fenómeno se verifica.
Vejam abaixo o interesse que as pessoas dedicam ao tema, mesmo no Japão.


Por estranho que vos pareça, os pescadores compram catálogos de pesca, e deles apenas querem ver aquilo que existe de novo na área da pesca de cefalópodes: as canas, os carretos, as linhas, as toneiras e as piteiras. Vejam abaixo o preço de um catálogo em feira, na circunstância da Daiwa: 300 yenes.
A simpática e bonita japonesa não dá mãos a medir a vender catálogos aos interessados.


Quando falei com um dos maiores especialistas mundiais de pesca de cefalópodes, (vou contar-vos algo no próximo número do blog) ele dizia-me às tantas que a maior evolução registada nos últimos anos nem tem sido nas toneiras em si, mas sim nas piteiras, o chumbo de lastro que também pesca chocos e lulas, por ter igualmente agulhas.
Posso mostrar-vos abaixo algumas da novidades neste área:

Esta série evoca as ancestrais peças de fabrico artesanal fabricadas com um arame, uma alma em chumbo e a seguir cobertas com um tubo em madeira.

A piteira, ou seja o elemento que faz de peso, (entre nós utiliza-se uma chumbada, por ser mais barato, mas a chumbada não pesca, é apenas um elemento neutro, enquanto que os japoneses querem que esse peso também pesque, que contribua para fazer duplas de chocos, etc…) é uma unidade activa, e não passiva, conforme se pesca em Portugal.
É verdade que a chumbada bate no fundo, e que em caso de enrocamento fica lá. Mas as pessoas não pescam chocos em fundos de pedra partida, pescam sim em areais onde os chocos abundam. Por isso, a questão do encalhe é uma falsa questão. As toneiras para chocos também encalham por vezes e não é por isso que não se utilizam...


Gostava de vos chamar a atenção para um detalhe que me parece importante, e que muita gente desconhece: a questão da marcação de peso que as piteiras trazem gravada.
Na Europa, nós trabalhamos com gramas. É ponto assente que o sistema vigente é a grama, e isso esbarra contra a unidade de produção daqueles que produzem as ditas piteiras.
Porque eles trabalham em GOU`s, uma medida que ainda hoje é trabalhada pela maioria das fábricas japonesas.
Daí que possam ver na figura abaixo a unidade de “20”, a qual corresponde a 75 gramas, e a de “25”, a qual corresponde a 95 gramas.
Ainda existem algumas unidades destes modelos de piteiras à venda na GO Fishing, embora a tendência seja para um rápido desaparecimento. É francamente difícil conseguir obter este tipo de material no Japão, dado que a produção é escassa, a procura interna muita, e além de tudo, trata-se de uma peça relativamente barata, ao preço de uma toneira, mas que pela sua natureza, é um peso, incomoda muito no custo do transporte aéreo.


Vou dar-vos conta de uma outra novidade em piteiras para chocos no próximo número.
A seguir...


Vítor Ganchinho


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