PEIXES E ESTRUTURAS ARTIFICIAIS - CAP I

Não nos damos conta das possibilidades infinitas que um peixe tem de viver mais se a sua opção for a de viver …mais próximo de nós, humanos.
O ideal seria que os nossos amigos peixes pudessem fazer a sua vida longe, tão longe quanto possível das práticas extreminadoras das pessoas, longe de anzóis, redes, caixas, palangres, de todas as armadilhas que inventamos para os dizimar.
O longe para um peixe não existe, não há recantos inacessíveis na nossa costa, há pescadores profissionais, e desportivos, em todo o lado, menos….nos sítios onde ninguém consegue ou pode pescar.
Portos de pesca profissional, estruturas portuárias de atracagem de barcos de transporte de passageiros, cais de mercadorias, marinas, etc, tudo isso são lugares perfeitos para a existência de vida.


Onde existir um lugar minimamente seguro, água com algumas condições de salubridade e a possibilidade de encontrar alimento, há peixes.
Temos a ideia de que apenas as espécies menos nobres, aquelas que não interessam a ninguém, (as tainhas, os cabozes, o peixe-rei, as bogas e salemas, por exemplo), podem viver próximo destas estruturas. Mas não é assim.
Muitas outras espécies são useiras e vezeiras em permanecer nos mais insuspeitos recantos das nossas cidades. Ficaríamos surpreendidos com a “qualidade” daqueles que fazem das estruturas humanas citadinas o seu lugar de eleição.
Falamos de robalos, sargos, salmonetes, lírios, etc, safios, moreias, etc. Dependendo da localização geográfica, e nomeadamente nas nossas ilhas, também pargos e meros podem ser encontrados sem dificuldade nestes recantos de mar.

Aqui ninguém lança redes, logo é um lugar com perspectivas de ser …seguro.

Não preciso de vos dizer que a imaginação e persistência humana conseguem ultrapassar obstáculos naturais, a decência e ética de pescadores e …pescar os peixes.
Há quem arrisque uma multa, uma vergonhosa contraordenação, e até a apreensão do equipamento, -quer de pesca quer de mergulho -, e vá “colher” aquilo que deveria ser deixado em paz.
Há gente para tudo, mesmo até para caçar à saída de um esgoto. Ou para deixar durante a noite uma linha iscada na esperança de conseguir um safio mais atrevido.
Eu, com estes olhos que a terra há-de comer, já vi gente a mergulhar no paredão da cidade de Setúbal, no meio da água choca, com um cheiro nauseabundo.
E sei de quem mergulha à noite em Sesimbra ao robalo…e a tudo. Paz à sua alma, esta gente não sabe mas a sua dignidade já morreu à muito.

Nos cantinhos mais recônditos, a vida pulsa e tenta sobreviver...

Não é raro que seja precisamente nestes sítios, pés-de-galo, pilares, etc, que poderíamos chamar de “recifes artificiais”, onde podemos encontrar aqueles que tanto gostaríamos de poder defrontar em mar aberto.
O “street fishing” pode ser praticado em muitos locais e, na dúvida da sua permissão, aconselho uma visita às capitanias do país, para que os interessados possam indagar da sua viabilidade. Ou não.
Por essa Europa fora há zonas delimitadas onde é possível ir lançar umas amostras ao final do dia, depois da saída do trabalho. Ou a seguir ao jantar, nas cálidas noites de verão.
Nestes casos, uma cana de LRF ligeira, com uma acção que não exceda os 7 gramas, um carreto tamanho 1500 e uma linha fina PE 0.4 ou 0.6 fazem a função.
O micro jigging encontra nestes espaços a sua maior razão de existir. Peixe para ser libertado de imediato, em boas condições de sobrevivência, já se vê.
Aquilo que não devem fazer é o que se vê amiúde nas nossas marinas, reservas marinhas, etc, locais de pesca proibida na sua generalidade, e que não deixa de envergonhar a classe dos pescadores: alguém a pescar em plena luz do dia, numa zona proibida. Não devia acontecer…

Lançar amostras para o meio dos barcos é algo que não devia passar pela cabeça de ninguém, mas pelos vistos...

Sendo a Reserva Natural do Parque Marinho Luís Saldanha um espaço de pesca proibida, não será natural encontrar pessoas ao sargo, ao robalo, na ponta do Cabo.
Mas eu encontro amiúde…diria que sempre, quando vou para Norte.
Vou trazer-vos no próximo número, e para finalizar este tema, um pequeno filme feito numa destas estruturas artificiais com um cardume de peixes de impor respeito a quem faz jigging e spinning: lírios de 2 a 4 kgs. Mansinhos...
Vamos também ver de que forma os peixes encontram alimento.
Não percam.


Vítor Ganchinho


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