De pouco vale ter segurança se não houver por perto o alimento que possibilita a permanência do peixe num determinado local.
Ou que existam descargas regulares de produtos químicos, por exemplo.
Tenhamos em atenção o facto de haver um conjunto de condições que forçosamente terão de estar reunidas para que a fixação dos peixes seja uma realidade.
Alimento é fundamental, a par de segurança e água de salubridade aceitável.
Falamos de água biológicamente apta à sobrevivência dos peixes, (quimicamente falando já se vê, já que quanto à sua turbidêz, a suspensão verde/ castanha que estamos habituados a ver, isso não é de todo um óbice).
O resto eles fazem e vamos hoje ver como.
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Isto é mexilhão de bom tamanho. Alimento de alguém com bons dentes… |
Sabemos que nenhuma estrutura sólida estará a salvo da fixação de criaturas marinhas tão abundantes e persistentes quanto as cracas, os mexilhões, etc.
Os propreitários de embarcações sabem bem do quanto gastam em anti-fooling anualmente para combater a colagem destas inoportunas visitas. É prejudicial ao meio ambiente, sem dúvida, mas a alternativa para barcos que saem de forma irregular não existe.
Para quem não tem a noção, a fixação de mexilhões e cracas num casco pode levar a consumos de combustível que duplicam os valores normais. E aí, mais poluição derivada do consumo de combustíveis fósseis será feita….
Em termos gerais, nada nem ninguém estará a salvo desta praga, mas há quem tire benefícios disso. Concretamente todos aqueles que mariscam, os que têm dentições adaptadas a esse tipo de trabalho.
Sabemos que as douradas, os sargos, até alguns tipos de pargos são capazes de esmagar as conchas mais duras.
Se é comum vermos as tainhas a fazer uso da sua “espátula”, o maxilar inferior duro e rectilineo que raspa as superfícies lisas, na sua incessante procura de limos e pequenos invertebrados que neles se escondem, já quando chega a vez de ter de partir bivalves, esse é um trabalho para quem tem condições para o fazer.
Se há alimento disponível, haverá alguém que se especializou no seu consumo, adaptando-se a ele.
É certo e sabido que criaturas agarradas a uma estrutura rígida e que se alimentam a partir da passagem de água necessitam que …passe água.
Zonas de menor fluxo e refluxo de marés e correntes acabam por ter menos possibilidades de criar vida. Mas isso não impede a permanência de peixes de bom porte, já que alguns deles terão muito pouco ou nenhum interesse nestes bivalves. É o caso dos robalos, ou dos lirios, caçadores de mar aberto mas que não desdenham comida fácil.
Vejam o filme abaixo, feito debaixo do meu barco:
Sempre que acontecem temporais, geradores de grande turbulência na costa, sabemos que os peixes menos adaptados à natação em águas agitadas procura o refúgio
das zonas abrigadas. É aí que os pequenos peixes encontram protecção, e se eles entram nos portos, nas marinas, nas baías e enseadas, há quem venha por eles.
É fatal como o destino: à entrada de alevins, corresponde sempre uma movimentação massiva de predadores que deles se alimentam.
Podemos ver nos dias subsequentes a uma tempestade uma grande concentração de peixe que habitualmente encontramos fora, em águas abertas.
Seguindo este raciocínio, é possível programar melhor as nossas pescas, sabendo que apenas as poderemos fazer em locais de pesca autorizada.
É então que as canas de LRF, as varinhas finas e sensíveis que poucos utilizam, fazem um super-trabalho, o qual não pode ser feito com quaisquer outras…
Boas pescas para vocês.
Vitor Ganchinho